Dr João Dias | WhatsApp
Agende sua consulta

Endometriose e gestação de alto risco: existe relação?

A relação entre endometriose e infertilidade feminina já é conhecida. Sabemos que essa doença pode impactar diversas funções do sistema reprodutor da mulher, uma vez que vários órgãos pélvicos são afetados — inclusive os ovários e as tubas uterinas, que têm importantíssimo papel no processo de reprodução humana.

Entretanto, nem todas as mulheres com endometriose têm infertilidade. Há casos de gravidez confirmada mesmo com o diagnóstico da doença. Isso, sem dúvidas, é motivo de satisfação para a portadora. Contudo, conforme o grau das lesões endometrióticas e os órgãos atingidos, podemos ter um quadro de gestação de alto risco, o que demanda mais cuidados pré-natais.

A gestação de alto risco é caracterizada pela propensão aumentada às intercorrências obstétricas. Essa suscetibilidade pode vir acompanhada de doenças que a portadora já tinha antes da gravidez e que podem se agravar com a fisiologia gestacional, como diabetes, pressão alta e trombofilia. Nesse sentido, a endometriose também deve ser bem observada durante esse período.

Endometriose, infertilidade e gestação de alto risco: todas essas condições deixam a mulher em uma situação delicada, que envolve tanto repercussões físicas quanto emocionais. No entanto, com apoio médico especializado, é possível ter desfechos positivos.

Veja nas próximas linhas deste post o que é endometriose, como essa doença pode levar à gestação de alto risco e qual é a conduta apropriada nesses casos!

O que é endometriose?

Endometriose é uma afecção ginecológica inflamatória e crônica que atinge principalmente os órgãos pélvicos, embora existam casos raros de lesões extrapélvicas. As partes mais acometidas pelos focos da doença são: peritônio (membrana que recobre a cavidade abdominopélvica); tubas uterinas; ovários; ligamentos que sustentam o útero; região retrocervical; bexiga; intestino.

As lesões da endometriose são resultantes do acúmulo de células endometriais que se implantam nessas partes externas ao útero. O endométrio é o tecido que reveste a parede uterina, sua função é garantir que o embrião se implante para iniciar a gestação.

Para favorecer a implantação embrionária, o tecido endometrial aumenta de espessura durante a segunda metade do ciclo menstrual, sob ação dos hormônios sexuais estrogênio e progesterona. Se não houver fecundação, o endométrio se desfaz e é eliminado como menstruação.

Nos locais onde há implante de células endometriais ectópicas, também ocorre resposta à ação estrogênica, o que leva ao crescimento do tecido e ao sangramento, assim como acontece no endométrio intrauterino.

Todo esse mecanismo desencadeia um processo inflamatório marcado por sintomas como dor pélvica crônica, cólicas menstruais intensas, dor durante as relações sexuais, dificuldades urinárias e intestinais e infertilidade.

Vale acrescentar que a doença é classificada em três tipos, conforme suas características morfológicas: endometriose peritoneal superficial; ovariana (endometrioma); infiltrativa profunda. Em todos esses casos, pode haver infertilidade feminina.

Qual é a relação entre endometriose e gestação de alto risco?

A endometriose está associada a uma maior incidência de complicações obstétricas, como gestação ectópica, abortamento espontâneo, diabetes gestacional, pré-eclampsia e prematuridade. Os resultados gestacionais adversos podem ocorrer em razão de uma série de fatores, como presença de componentes inflamatórios, redução da qualidade dos óvulos, resposta diminuída à ação do hormônio progesterona, problemas na placentação e menor contratilidade do útero.

Um estudo realizado com quase 200 mil gestantes portadoras de endometriose observou várias complicações obstétricas e constatou que o risco é maior para os seguintes resultados: aborto espontâneo, gravidez ectópica, diabetes mellitus e distúrbios hipertensivos da gravidez.

A mulher com endometriose, se conseguir engravidar, pode vivenciar uma gestação de alto risco desde os primeiros meses, devido ao aumento do útero e dos níveis de estrogênio. Sendo assim, pode haver uma piora no quadro, interferindo na evolução saudável da gravidez.

Por outro lado, em alguns casos, pode haver um abrandamento dos sintomas da endometriose com o avanço da gestação e durante o período de aleitamento, visto que nessa fase há uma pausa nos ciclos ovulatórios e na menstruação.

Qual é a conduta adequada nesses casos?

Apesar dos riscos aumentados, o acompanhamento pré-natal é feito normalmente para gestantes com endometriose e o tratamento da doença não é realizado durante a gravidez. Contudo, a paciente precisa redobrar sua atenção diante de sinais de complicações e procurar atendimento médico quando suspeitar de alguma adversidade.

Após o parto, a mulher deve buscar avaliação especializada para iniciar ou retomar o tratamento da doença. A conduta terapêutica é definida de acordo com o tipo de endometriose, profundidade das lesões e gravidade dos sintomas. Os casos mais graves necessitam de intervenção cirúrgica para remoção do tecido endometrial que se desenvolve fora do útero.

Como a endometriose é acompanhada na reprodução assistida?

A reprodução assistida é a área da medicina que visa a aplicação de técnicas específicas para possibilitar a gravidez quando os casais não conseguem ter filhos naturalmente. Uma parcela significativa das pacientes que procuram esses serviços médicos apresenta infertilidade devido à endometriose.

O endometrioma é o principal tipo de endometriose associado à infertilidade. Essa condição é caracterizada pela formação de cistos nos ovários, devido aos implantes de células endometriais. As lesões, portanto, afetam a reserva ovariana e prejudicam a capacidade ovulatória da portadora.

Para os casos de infertilidade por endometriose, o tratamento de reprodução mais indicado é a fertilização in vitro (FIV). No entanto, quadros avançados da doença precisam ser tratados cirurgicamente antes das tentativas de gravidez, a fim de evitar resultados negativos ou gestação de alto risco.

Quando há necessidade de remover os endometriomas, aconselha-se a preservação da fertilidade por meio do congelamento de óvulos antes da cirurgia, uma vez que o procedimento cirúrgico também pode lesionar os ovários.

Quer saber mais sobre endometriose? Leia também nosso texto especial sobre a doença e confira informações mais detalhadas a respeito da doença!

Compartilhar:
Quero engravidar, mas não quero FIV. O que fazer?
Deixe o seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *