O útero é constituído por três camadas, uma externa, chamada de perimétrio, uma intermediária, composta pela musculatura do útero (miométrio), que é responsável pelas contrações uterinas durante o trabalho de parto, e por uma camada interna (endométrio).
A adenomiose é a doença que consiste na presença de fragmentos do endométrio dentro das camadas de paredes musculares do próprio útero, diferentemente da endometriose, que é o crescimento do endométrio para fora do útero.
A adenomiose também é uma doença dependente do estrogênio e pode causar aumento do fluxo menstrual e, assim como a endometriose, pode causar dores e infertilidade.
A adenomiose pode ser focal, também denominada local, quando glândulas e fragmentos de tecido endometrial ficam localizados em uma região restrita do útero, ou difusa, quando as glândulas e fragmentos são encontrados em diversas partes internas do útero.
As causas da adenomiose não são bem conhecidas. No entanto, existem fortes indícios de que ela pode ser causada por traumas nas camadas internas do útero, que podem acontecer em virtude de cirurgias uterinas ou mesmo espontaneamente.
O processo inflamatório que ocorre no miométrio em decorrência da presença do endométrio nesse local causa dores, aumento do útero e do fluxo menstrual. Esse processo inflamatório também é o responsável pela infertilidade que pode acontecer nessas pacientes.
Os sintomas da adenomiose surgem, geralmente, alguns anos após o parto e desaparecem depois da menopausa. O principal sintoma é a dor, mas a mulher pode notar:
Os exames que auxiliam os médicos especialistas a identificar e diagnosticar a adenomiose são os que conseguem examinar as condições do útero:
Para fazer o diagnóstico, o médico precisa solicitar esses exames e pesquisar os sintomas da doença, como sangramentos com fluxo aumentado, dor e infertilidade.
O que determina o tipo de tratamento a ser utilizado é a gravidade e as características da doença. Um dado importante é se a mulher ainda pretende ter filhos. Se a resposta for positiva, o tratamento não poderá ser com cirurgia radical, a histerectomia, que retira completamente o útero e torna a mulher infértil. Essa é uma cirurgia apenas feita em caso de outras técnicas não terem conseguido resolver o problema. Dessa forma, a histerectomia está indicada para as pacientes que não querem ter mais filhos.
A videolaparoscopia ou a videohisteroscopia são técnicas cirúrgicas que conseguem, dependendo das condições da doença, retirar somente o tecido excessivo, preservando boa parte do útero e a função reprodutora da mulher, fundamental para o casal que ainda pretende ter outros filhos.
O tratamento também pode ser com medicamentos. Os anti-inflamatórios têm a propriedade de controlar os sintomas da doença, e os anticoncepcionais a de promover o equilíbrio hormonal necessário ao longo do ciclo menstrual.
Em pacientes que estão fazendo ciclos de fertilização in vitro, podemos precisar bloquear os hormônios femininos por um período de 2 a 3 meses antes da transferência embrionária. Com esse bloqueio, tentamos minimizar os efeitos inflamatórios locais que poderiam comprometer os resultados. Esse bloqueio hormonal poderá acontecer antes da estimulação da ovulação ou posteriormente à FIV, utilizando-se da possibilidade de criopreservação embrionária.