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Endometriose

A endometriose é uma das causas mais comuns de infertilidade feminina. A estimativa é que aproximadamente seis milhões de brasileiras sejam portadoras da doença. Das causas femininas de infertilidade, a endometriose é responsável por aproximadamente 30% dos casos de infertilidade. Por outro lado, há cerca de 40% de chance de uma mulher com endometriose se tornar infértil. Trata-se de uma doença provocada pelo crescimento do endométrio (mucosa que reveste internamente a cavidade uterina) fora da cavidade uterina, podendo atingir outros locais da cavidade abdominal, como o peritônio, os ovários, as tubas, o intestino fino, a bexiga e o retossigmoide.

Por que a endometriose se forma?

Conforme explicamos ao abordar o ciclo menstrual das mulheres, o endométrio, localizado no interior da cavidade uterina, cresce para receber o embrião e esse crescimento acontece graças à ação hormonal do estrogênio. As mulheres com endometriose apresentam esse tecido endometrial implantado em locais onde não deveria existir (endométrio ectópico) e durante o ciclo menstrual a ação de alguns hormônios, principalmente do estrogênio, faz com que esse endométrio ectópico também cresça e durante a menstruação também “menstrue” e isso vai gerando um processo inflamatório local, que existe em decorrência de a presença desse tecido endometrial ectópico causar dores (cólicas menstruais, dores pélvicas crônicas, dores para ter relação sexual e inclusive dores para evacuar ou para urinar durante o período menstrual) e infertilidade. Não sabemos exatamente o motivo pelo qual o endométrio foi inicialmente se implantar no interior da cavidade uterina. Isso pode acontecer em decorrência de um fenômeno chamado “menstruação retrógrada”, em que, durante a menstruação, uma parte do sangue menstrual reflui para dentro do abdômen pelas tubas uterinas. Existe ainda a hipótese de esse tecido estar presente nesses locais por causa de uma transformação de células que normalmente ali vivem.

Como a endometriose causa infertilidade?

O processo inflamatório local, causado pela ação hormonal sobre o tecido endometrial ectópico, libera substâncias (citocinas) que prejudicam a ovulação, prejudicam a migração dos espermatozoides entre a vagina e as tubas, prejudicando ainda a fertilização e o desenvolvimento dos embriões. Em estágios mais avançados, essa inflamação gera aderências (cicatrizes) entre as tubas uterinas, os ovários, o útero e muitas vezes o intestino. Essas aderências alteram a anatomia das tubas, podendo inclusive obstruí-las. Todos esses fenômenos causam a infertilidade.

Sintomas

Muitas das doenças que afetam o sistema reprodutor feminino apresentam sintomas parecidos aos da endometriose, portanto procure um médico sempre que notar alguma alteração em seu corpo, como cólicas, dores mesmo fora da menstruação, assim como se estiver com dificuldades de engravidar, etc. Quando falamos de doença, a prevenção é o melhor tratamento.

No entanto, há seis sintomas, em especial, que podem ser sinais de endometriose:

  • Infertilidade ou dificuldade de engravidar;
  • Cólicas menstruais intensas;
  • Dores pélvicas ou abdominais com duração maior que 6 meses, mesmo fora do período menstrual;
  • Dor durante ou depois de relações sexuais (dores relatadas no fundo da vagina);
  • Sintomas intestinais cíclicos, como dor para evacuar durante a menstruação, evacuação com sangue durante a menstruação; diarreia durante a menstruação;
  • Sintomas urinários cíclicos, como dor para urinar durante a menstruação, urina com sangue durante a menstruação; “cistites” que acontecem durante a menstruação;

Como diagnosticar a endometriose

Atualmente, há diversos recursos para avaliar uma paciente com suspeita de endometriose. O ginecologista deve atentar-se aos sintomas da paciente, fazer um exame físico detalhado, que pode revelar indícios da doença, como ao toque vaginal perceber dor e nódulos na região da que envolve o útero. Deve ainda solicitar exames de imagens para confirmar o diagnóstico.

Os principais exames solicitados por médicos especialistas para tentar identificar a endometriose são: ultrassonografia pélvica e transvaginal, ressonância magnética e ecoendoscopia retal. Nem sempre são necessários todos os exames. O médico irá direcionar o exame que será mais importante. É de extrema importância ressaltar que, assim como o médico ginecologista deve ser especializado nesse tipo de situação, o médico que avaliará esses exames (radiologista) também é de suma importância para o correto diagnóstico.

O diagnóstico de endometriose não é simples, já que os sintomas nem sempre são claros e a doença pode se manifestar de diversas formas. A doença requer uma profunda investigação. O exame físico, os exames de imagem devem ser solicitados e analisados a fim de tornar o diagnóstico preciso.

Tratamento

A endometriose é uma doença crônica e portanto não tem uma cura definitiva. No entanto, assim como outras doenças crônicas, existem muitas possibilidades de controlá-la, oferecendo uma qualidade de vida normal, ausência de dor e restauração da fertilidade das mulheres que têm a doença. Todo o tratamento é voltado para a redução da dor, melhoria da qualidade de vida da paciente e elevação das chances de gravidez.

O tratamento da dor de pacientes com endometriose pode ser cirúrgico e/ou medicamentoso. O tratamento da infertilidade causada pela endometriose pode ser cirúrgico ou utilizando tratamentos de reprodução assistida (como indução da ovulação, inseminação intrauterina ou fertilização in vitro). Não adianta fazer tratamento clínico com pílulas ou hormônios em pacientes inférteis com endometriose, pois isso impede a ovulação e acaba atrasando a obtenção da gravidez. A indicação depende da gravidade da doença e das condições e do perfil da paciente. O ginecologista deve avaliar o quadro como um todo e propor o melhor tratamento.

No caso do tratamento clínico ou medicamentoso, os analgésicos, os anti-inflamatórios e métodos hormonais, como pílulas anticoncepcionais, medicações à base de progesterona, DIU medicado com progesterona (levonogestrel), objetivam bloquear o desenvolvimento da doença.

Já o tratamento cirúrgico é feito por videolaparoscopia. O objetivo do tratamento cirúrgico é o de erradicar todos os focos da doença, de maneira segura e definitiva. Em casos mais avançados da doença, como pode haver comprometimento intestinal ou das vias urinárias, consideramos ideal que o tratamento seja realizado por uma equipe multidisciplinar, composta pelo ginecologista, por um cirurgião do aparelho digestivo e por urologista, todos acostumados a tratar pacientes com endometriose.

Já os tratamentos de reprodução assistida estão indicados a pacientes inférteis. Podemos indicar indução da ovulação, inseminação intrauterina ou a fertilização in vitro (FIV) pode ser uma solução.

A correta avaliação da paciente (idade, sintomas, presença de outros fatores causadores de infertilidade), o conhecimento completo dos prováveis locais comprometidos pela endometriose, o conhecimento da reserva ovariana da paciente, assim como da qualidade dos espermatozoides do marido nos permitem estabelecer a melhor estratégia de tratamento para mulheres inférteis portadoras de endometriose.

 

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