A azoospermia é um distúrbio com causas diversas que provoca a ausência de espermatozoides no ejaculado.
Para resolver esse problema, que nem sempre tem tratamento clínico, a medicina reprodutiva desenvolveu algumas técnicas de obtenção cirúrgica de espermatozoides, oferecendo aos casais a possibilidade de gerar um filho com seu próprio material biológico.
Neste tópico, trataremos de duas técnicas de obtenção de espermatozoides em homens com azoospermia: PESA e MESA. Para conhecer outras técnicas, acesse TESE e Micro-TESE.
O epidídimo é um duto extenso que fica acima dos testículos e pelo qual as células espermáticas produzidas nos testículos passam no processo de maturação. Sua função é armazenar e transportar os espermatozoides.
A PESA, aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo, é uma técnica que coleta gametas desse órgão, em casos de azoospermia obstrutiva. Quando a azoospermia é não obstrutiva, não encontraremos espermatozoides no epidídimo, já que a produção está comprometida.
A PESA é indicada para homens com azoospermia obstrutiva, incluindo os vasectomizados, já que, em ambas as situações, há a obstrução da passagem dos espermatozoides pelos ductos deferentes, sem prejuízo da produção espermática.
A PESA é considerada um procedimento minimamente invasivo por via percutânea que pode ser realizado em ambulatório.
O paciente recebe anestesia local ou preferencialmente uma sedação, e o médico avalia onde podem ser encontrados espermatozoides e realiza o procedimento com o auxílio de uma agulha fina e seringa.
Os espermatozoides coletados podem ter dois fins: uso fresco, em caso de fertilização in vitro (FIV), ou criopreservação.
Em comparação com a MESA, a PESA tem um custo mais baixo, principalmente porque pode ser realizada em ambulatório. Por outro lado, a técnica possibilita a extração de uma menor quantidade de espermatozoides, dificultando a criopreservação, e o epidídimo pode ser lesionado, impedindo a recanalização.
A taxa de sucesso da PESA em extrair gametas é de aproximadamente 95% dos casos de azoospermias obstrutivas.
A MESA, aspiração microcirúrgica de espermatozoide do epidídimo, assim como a PESA, coleta espermatozoides diretamente do epidídimo para uso fresco, em caso de FIV, ou para criopreservação. No entanto, enquanto a PESA é realizada por via percutânea, a MESA é um procedimento cirúrgico mais complexo e oneroso em relação à PESA, pois requer anestesia geral, a utilização de centro cirúrgico, microscópio e fio microcirúrgico.
A MESA tem as mesmas indicações que a PESA: homens com azoospermia obstrutiva.
A MESA é um procedimento microcirúrgico aberto realizado sob o efeito de anestesia geral.
O cirurgião faz uma incisão na bolsa testicular para expor o testículo, acessar e analisar o epidídimo e coletar o material para análise. Ela é feita no próprio centro cirúrgico para orientar o procedimento. Assim, o cirurgião pode continuar coletando material do mesmo local ou pode mudar, caso não tenham sido identificados gametas.
Em comparação com a PESA, a MESA possibilita coletar uma quantidade maior de gametas, não oferece risco de contaminação por hemácias e os túbulos acessados são fechados, diminuindo o risco de obstrução do epidídimo. Por outro lado, a técnica é mais cara, devido à aplicação de anestesia geral e à necessidade de centro cirúrgico equipado com microscópio.
A taxa de sucesso de obtenção de espermatozoides da MESA é similar à da PESA em casos de azoospermia obstrutiva: 95%. Habitualmente conseguimos mais espermatozoides com a MESA que com a PESA.