Um dos tratamentos mais frequentes de reprodução assistida de alta complexidade hoje é o congelamento de óvulos, também conhecido como a preservação da fertilidade.
O congelamento de óvulos é um tratamento indicado para todas as mulheres a partir dos seus 30 a 32 anos de idade, que não visualizam nos próximos um a três anos a possibilidade efetiva de engravidar.
Também é muito bem indicado para casais que pensam em preservar a fertilidade para começar a tentar engravidar no futuro. Sempre é importante que as pacientes e os pacientes saibam: os embriões, quando estão congelados, são dos dois. O óvulo, quando é congelado, é só dela, mas também pode ser dos dois. Então, mesmo para casais é muito comum que seja indicado o congelamento de óvulos.
Depois da consulta e da solicitação e realização de alguns exames, combino com a paciente que, quando ela menstruar, ela deve entrar em contato com a clínica. Quando ela ligar na clínica, vou pedir para ela vir fazer o ultrassom do primeiro ao terceiro dia do ciclo menstrual.
Quando ela vier fazer ultrassom, se esse ultrassom mostrar que não tem nenhum folículo que cresceu antes da hora, é o momento de começar a induzir a ovulação. A indução da ovulação para o congelamento de óvulos sempre é realizada com gonadotrofinas. Essas injeções são subcutâneas, geralmente diárias, utilizadas por um período de 10 a 12 dias. Algumas vezes são utilizadas uma única injeção e algumas medicações via oral.
Esses protocolos de indução da ovulação vão depender do perfil hormonal e da reserva ovariana da paciente. O cenário mais comum é induzir a ovulação com medicações injetáveis diariamente.
Contando do dia que começou a indução da ovulação, depois de seis, oito e dez dias, a paciente vem à clínica para fazer novos ultrassons, nos quais será visto o desenvolvimento dos folículos. Avaliamos o desenvolvimento do endométrio para ver se tudo está crescendo de forma adequada.
Quanto aos folículos, precisamos saber quantos são e quantos estão se desenvolvendo adequadamente.
Depois que verificamos o desenvolvimento adequado de um número esperado de folículos, quando esses folículos atingirem, pelo menos dois deles, o diâmetro de 18 milímetros – isso normalmente acontece no décimo dia da indução da ovulação –, deflagra-se a ovulação.
Orientamos aquela paciente a utilizar uma medicação injetável num determinado horário da noite para que, 35 horas depois, na parte da manhã dois dias depois desse dia da deflagração, ela venha até a clínica para que possamos coletar os óvulos dela.
Há dois tipos de remédio que deflagram a ovulação: hCG e análogo agonista do GnRH. Cada um tem indicação para um perfil hormonal diferente.
Depois que a paciente chegou à clínica e ao centro cirúrgico, o anestesista vai pegar o acesso venoso dela e fazemos um preparo ginecológico, que é basicamente uma antissepsia vaginal. Na sequência, a paciente vai começar a dormir. A coleta de óvulos é realizada por meio de um ultrassom transvaginal.
Então tem o transdutor vaginal do ultrassom. A ele acopla-se uma guia por onde vai ser introduzida uma agulha. Esse ultrassom transvaginal é exatamente igual a todos os ultrassons do controle da ovulação da paciente. Só que esse especificamente tem uma guia por onde vai passar a agulha.
Durante o procedimento, identificam-se todos os folículos e aspira-se cada folículo. Dentro desses folículos existe um líquido. Esse líquido é chamado de líquido folicular e vai para um tubinho, que é levado do centro cirúrgico para o laboratório. As embriologistas vão receber esse líquido folicular, levá-lo para o microscópio, identificar esses óvulos e separá-los.
O procedimento, no total, dura aproximadamente dez a quinze minutos. É um procedimento absolutamente seguro. Realizado o procedimento, são avaliados pequenos sangramentos que podem acontecer na região da vagina. Estando tudo dentro do esperado, a paciente volta para o quarto e em cerca de duas horas é liberada para voltar para casa.
Nesse momento, já teremos a notícia de quantos óvulos ela teve. Uma hora depois já ficamos sabendo quantos óvulos são maduros e vão ser congelados para preservação da fertilidade dessa paciente.
É dessa forma que funciona o congelamento de óvulos. Esperamos que essa informação tenha sido interessante para você!
A preservação da fertilidade feminina ganhou grande destaque nas últimas décadas, em virtude, principalmente, das mudanças sociais que ocorreram no Brasil e no mundo. Historicamente, a mulher sempre teve pouco espaço no mercado de trabalho, dedicando-se quase exclusivamente aos afazeres domésticos e à criação dos filhos.
No entanto, esse contexto mudou. As mulheres buscam, hoje, o sucesso profissional muitas vezes antes de ter filhos, portanto os planos de uma gestação são adiados para mais tarde.
Isso não representaria um problema, se a fertilidade feminina permanecesse a mesma, do ponto de vista biológico, ao longo de toda a vida da mulher. Mas, como os óvulos também envelhecem com o passar do tempo, a mulher, após os 35 anos, demonstra um drástico declínio de fertilidade, aumentando os índices de dificuldade de gravidez e também de doenças genéticas, como a síndrome de Down e abortos espontâneos.
Atualmente, para a mulher que deseja postergar a gravidez e ter filhos com seus próprios gametas, existem algumas opções para preservar sua fertilidade, sendo a principal delas o congelamento de óvulos.
A mulher que deseja congelar seus óvulos para utilização futura deve procurar uma clínica especializada em reprodução assistida para a realização do procedimento. Existe também a possibilidade de congelar embriões, mas é um procedimento menos comum no congelamento social, pois normalmente as pacientes são mais jovens e muitas vezes sem um parceiro fixo ainda.
A primeira etapa é passar por uma consulta com um especialista, que fará a avaliação das condições de saúde da paciente e solicitará uma série de exames para ajudar a identificar o potencial reprodutivo da mulher, definindo assim qual protocolo irá adotar para que haja uma melhor resposta ovariana.
O número de óvulos congelados é importante e interfere nas taxas de sucesso da gravidez, uma vez que existe uma perda natural no processo de descongelamento, fertilização e desenvolvimento dos embriões. Assim, quanto maior o número de óvulos congelados, maior a chance de sucesso no tratamento.
Os óvulos coletados são congelados pela técnica de vitrificação, um congelamento ultrarrápido mediante a imersão do material em nitrogênio líquido. Quando a mulher estiver buscando engravidar, esse material é descongelado e a mulher passa pelo procedimento de reprodução assistida também discutido com o médico especialista.
Após o descongelamento dos óvulos, a técnica a ser utilizada para sua fertilização é a fertilização in vitro (FIV), portanto os índices de sucesso são os mesmos, que variam de 30% a 60%. Essa variação se dá por diversos fatores, mas principalmente é influenciado pela idade com que os óvulos foram congelados. Recomendamos que o congelamento seja feito antes dos 35 anos, pois apresentará maiores chances de sucesso, no entanto a mulher que ainda apresenta reserva ovariana pode se submeter ao procedimento em qualquer idade.