A relação sexual programada ou coito programado é o método mais simples de reprodução assistida que a medicina hoje tem a oferecer a casais que estejam com dificuldades de engravidar naturalmente.
Vale relembrar que os critérios gerais que determinam a infertilidade são preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a infertilidade é uma doença do sistema reprodutor definida pela incapacidade de conseguir a gravidez após 12 meses ou mais de relações sexuais sem a utilização de métodos contraceptivos. Se a mulher tiver idade superior a 35 anos, esse tempo se reduz para 6 meses de tentativas.
A ideia geral é orientar ou ajudar o casal a ter relações sexuais no momento em que a mulher esteja mais fértil.
Podemos orientar a relação sexual programada de duas maneiras:
A relação sexual programada utiliza, a princípio, o cálculo do período fértil da mulher para facilitar a gravidez.
É possível programar os dias em que o casal deverá ter relações, em ciclo natural, com a monitorização da ovulação, que pode ser feita com ultrassonografias seriadas e/ou acompanhando-se o pico ovulatório do LH da paciente (com dosagens hormonais ou mesmo fitas para testar esse pico ovulatório na urina).
Os testes urinários de ovulação devem ser realizados na primeira urina da manhã, a partir do 8o ou 9o dias do ciclo. Quando o teste tornar-se positivo, orientamos o casal a ter relação no dia posterior ao teste.
Nos casos em que for realizado controle ultrassonográfico da ovulação, orientamos relações sexuais ao menos a cada dois dias a partir do momento em que o folículo ultrapasse 18 mm de diâmetro.
Nas pacientes com distúrbios de ovulação, é necessária a utilização de medicações para indução da ovulação. Nesse caso, podemos dividir o processo em etapas:
A primeira etapa é a estimulação do crescimento folicular com medicações (por via oral – citrato de clomifeno ou letrozole) ou por via injetável (FSHr ou hMG).
O acompanhamento da ovulação (tanto nos casos de ciclos naturais quanto nos ciclos estimulados) é realizado com ultrassonografias transvaginais seriadas, normalmente realizadas nos 2º, 6o, 8o e 10o dias do ciclo menstrual.
A segunda etapa é a deflagração da ovulação. Quando os folículos estão com o tamanho adequado (aproximadamente 18 mm de diâmetro médio), é administrada uma medicação que mimetiza o pico endógeno do LH. Essa medicação é o hCG, que, depois de aplicada, determina a eclosão dos folículos em aproximadamente de 34 a 36 horas, período no qual o casal será orientado a ter relação.
A terceira etapa é o suporte de fase lútea. Em nosso serviço, após a ovulação (34 a 36 horas da aplicação do hCG), orientamos o uso de progesterona micronizada por via oral ou vaginal por 14 dias, quando será realizado o teste de gravidez. Em caso positivo, sugerimos o uso por até 10 semanas de gestação.
A relação sexual programada é principalmente indicada a mulheres que apresentem algum distúrbio de ovulação, muito comum na síndrome dos ovários policísticos.
É importante enfatizar que devemos restringir essa indicação para casais nos quais a mulher tem menos de 35 anos e com tubas uterinas pérvias e em boas condições anatômicas e que o homem apresente espermograma normal.
Os índices de sucesso do método giram em torno de 20%, mas pode variar com a idade.
Em nosso serviço, costumamos indicar entre de 3 a 6 tentativas de relação sexual programada e, em casos negativos, prosseguimos com a FIV.