A primeira etapa da fertilização in vitro (FIV) é a indução da ovulação. Na sequência, faz-se a coleta de óvulos por punção e de espermatozoides por masturbação ou cirurgicamente. Quando esses óvulos e espermatozoides são levados para o laboratório de reprodução humana começa o trabalho mais tecnológico, detalhista e árduo.
O ambiente laboratorial é supercontrolado, mas o controle começa antes de os gametas chegarem lá. No laboratório, existem filtros de ar que vão determinar a qualidade do ar. É também fundamental controlar regularmente o número de partículas que estão circulando no ar do laboratório. Também é necessário controlar se existe qualquer tipo de bactéria em todas as superfícies, qualquer tipo de contaminação que possa impactar na qualidade do desenvolvimento dos embriões.
Outro aspecto fundamental do desenvolvimento embrionário são os meios de cultura, que são acondicionados em temperaturas ultraespecíficas em uma geladeira que permite fazer o controle minuto a minuto da temperatura daquele meio de cultivo.
O meio de cultivo vai ser então colocado em incubadoras, nas quais vão ser colocados os óvulos, os espermatozoides e os embriões, e tudo é controlado, tudo é monitorizado e quaisquer alterações são imediatamente avisadas a toda a equipe do laboratório para que possam atuar rapidamente para que não exista nenhum tipo de impacto no resultado.
Semanalmente, às vezes diariamente, temos controles dos nossos índices-chave para saber: será que a temperatura está impactando a chance de um óvulo ser fertilizado? Será que o lote do meio de cultivo está impactando no resultado que a gente vai oferecer para o nosso paciente? Quem prepara o meio de cultivo da melhor maneira?
Todos esses itens são extremamente controlados com vários tipos de filtro: filtros físicos, filtros com luz ultravioleta para obter um ar puro para o melhor desenvolvimento do embrião, entre outros.
Esse é o contexto em que o desenvolvimento embrionário acontece. Tudo isso é muito importante para maximizar os resultados de todos os ciclos de FIV que são feitos.
Nesse ambiente ultracontrolado, acontece a penúltima fase da FIV, que é o desenvolvimento embrionário. Os embriões podem ser colocados em dois tipos de incubadora.
O primeiro tipo são as incubadoras clássicas, em que os embriões ficam guardados em um ambiente controlado, em uma temperatura específica, com umidade e luminosidade específicas, tudo controlado, e ali esses embriões vão ficar por mais ou menos cinco dias.
Normalmente, quando esses embriões ficam nesse tipo de incubadora, um dia depois da retirada dos óvulos, no dia um, a placa com esses óvulos é tirada de lá, levada para o microscópio para uma análise de quantos óvulos se transformaram em embriões.
Esses óvulos então voltam para a incubadora e passam mais de dois a três dias ali. No terceiro dia da evolução, analisa-se novamente para saber como está o desenvolvimento desses embriões. Dois dias depois, analisa-se novamente esse embrião que, antes, na época do óvulo, era uma única célula e um dia depois tinha dois núcleos; dois dias depois mais ou menos, tinha quatro a oito células; três dias depois, oito células; quatro dias depois da fertilização, 20 células; cinco dias depois, aproximadamente 100 a 120 células – é o embrião que se chama blastocisto.
O embrião que conseguiu seguir essa jornada até esse ponto vai ser classificado para que se saiba qual é o potencial de sucesso daquele embrião. Aquele embrião que atingiu a fase de blastocisto vai ser selecionado para ser transferido ao útero ou para ser congelado baseado normalmente em dois critérios.
O primeiro é o critério morfológico: avalia-se a história do desenvolvimento desse embrião para saber como ele chegou à fase do blastocisto e para saber se ele é um blastocisto de ótima qualidade.
O segundo critério é o critério cromossômico ou genético: faz-se uma biópsia do embrião que atingiu a fase de blastocisto, e as células dessa biópsia são enviadas para um laboratório de genética, que vai avaliar se o número de cromossomos está correto e se tem alguma situação que possa causar a falha daquele tratamento.
O segundo tipo de incubadora são as time-lapse, que são mais modernas. Essas incubadoras não precisam que o embriologista retire o embrião dessa incubadora para avaliar o seu desenvolvimento. É possível acompanhar e classificar o desenvolvimento embrionário sem a necessidade de retirar o embrião desse tipo de incubadora, e só no final do quinto dia tirar esse embrião da incubadora para definir se o caminho dele vai ser a transferência ou vai ser o congelamento.
Essas são evoluções do laboratório de reprodução humana para que os óvulos, os espermatozoides e os embriões se desenvolvam da melhor maneira possível, no ambiente mais controlado possível, para se obter a melhor qualidade embrionária possível, para somente depois seguir com a transferência embrionária ou o congelamento, que é a última etapa da FIV.
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