As clínicas especializadas em reprodução assistida trabalham com técnicas cada vez mais avançadas, tornando possível o sonho de pessoas que querem ter um filho, mas que apresentam dificuldades para engravidar. Um dos procedimentos que têm sido utilizados com resultados favoráveis é a técnica freeze-all.
O método consiste no congelamento dos embriões para que sejam transferidos para o útero materno somente após a preparação endometrial.
Para entender melhor o que é a técnica freeze-all, comece a leitura compreendendo o que é o endométrio e qual a sua importância para a gestação. Leia este post até o final e encontre respostas para outras questões sobre esse tema!
Endométrio é o nome dado à camada interna do corpo do útero. Ele é estimulado por hormônios ovarianos, como a progesterona e o estrogênio, e sua espessura e vascularização são modificadas ao longo do mês, de acordo com as alterações hormonais. O tecido endometrial se torna mais espesso e descama periodicamente, provocando a menstruação quando não há fecundação.
Quando há um quadro de endometriose — doença que afeta o aparelho reprodutor feminino —, um dos mecanismos que pode explicar sua origem é que as células que se desprendem do endométrio não são devidamente expelidas com a menstruação e se espalham no sentido oposto, afetando outras áreas do sistema reprodutivo, como: ovários, tubas uterinas, bexiga, parede pélvica e intestino.
A endometriose é uma condição que causa forte desconforto, uma vez que apresenta os seguintes sintomas:
Além do mal-estar provocado pela endometriose, existe ainda o risco da infertilidade. A doença tende a dificultar a concepção, por dois motivos: a inflamação endometrial pode afetar a qualidade dos óvulos; e os ovários e tubas uterinas podem ter sua anatomia modificada e o funcionamento prejudicado.
Entre as funções do endométrio estão o acolhimento do embrião e seu alojamento na parede uterina, assim como a formação da placenta — órgão vascular que proporciona a passagem de oxigênio e de nutrientes para o feto, ao longo da gestação.
Para que uma gestação tenha início, é necessário que o endométrio esteja preparado para receber e alojar o embrião. Um dos problemas que podem interferir nas chances de gravidez é a atrofia endometrial. Esse quadro ocorre quando a espessura do endométrio é mais fina do que o esperado, o que prejudica a nidação — momento em que o embrião é fixado no útero.
Além da receptividade endometrial, outra questão que influencia a gestação é a qualidade embrionária. Para avaliar se o embrião tem a qualidade esperada e se está no estágio adequado de evolução, são observados fatores como o aspecto morfológico e a velocidade de clivagem — nível de multiplicação celular.
Nos procedimentos de reprodução assistida, é possível acompanhar esse desenvolvimento e verificar se os embriões estão em boas condições para a próxima etapa da fertilização.
Hoje, inclusive, existem procedimentos avançados que ajudam a detectar problemas genéticos, nos casos de casais de alto risco — portadores de anomalias ou que tenham histórico familiar de doenças gênicas. O teste genético pré-implantacional (PGT), por exemplo, é um exame que facilita o rastreamento de alterações e reduz as chances de implantar embriões com algum problema congênito.
A técnica freeze-all é um procedimento relativamente recente, utilizado como um dos procedimentos complementares da fertilização in vitro (FIV) em alguns casos. A FIV é um tratamento complexo, no qual gametas masculinos e femininos passam por micromanipulação em laboratórios de embriologia.
Espermatozoides e óvulos são colocados em placas de cultura para que a fecundação aconteça e, posteriormente, os embriões sejam transferidos para o útero materno.
Para que a implantação embrionária seja bem-sucedida, existem dois pontos fundamentais: que o embrião tenha a qualidade necessária e que o endométrio esteja pronto para recebê-lo. Em alguns casos, portanto, é necessário fazer a preparação endometrial antes de transferir os embriões.
Assim, o freeze-all é um recurso que tende a aumentar as chances de gravidez, uma vez que a finalidade da técnica é congelar todos os embriões para que sejam implantados em ciclo futuro, ou seja, após a preparação do endométrio em um novo ciclo menstrual, uma vez que os hormônios da etapa de estimulação ovariana também podem prejudicar as condições do endométrio.
Os embriões pós-descongelamento não têm sua qualidade reduzida e apresentam os mesmos resultados que os embriões a fresco. O procedimento de congelar células e tecidos biológicos é chamado de criopreservação e também é realizado para conservar óvulos e sêmen.
O congelamento embrionário pode ser feito de modo parcial ou total. O primeiro caso ocorre quando há embriões excedentes em uma etapa de transferência para o útero, ou seja, os que sobram podem ser congelados por um período de 3 anos, conforme previsto na Resolução nº 2168/2017, publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
O freeze-all é realizado quando há necessidade de congelar todos os embriões. Isso pode acontecer, inclusive, porque os próprios medicamentos utilizados no início do processo de FIV, para estimulação ovariana e indução da ovulação, modificam o endométrio e o tornam menos receptivo. Com essa técnica, portanto, o útero ganha tempo para se recuperar para uma transferência futura, mediante receptividade endometrial favorável.
A técnica freeze-all apresenta resultados positivos na reprodução assistida. A partir desse processo, é possível aumentar as probabilidades de uma implantação embrionária bem-sucedida. Além disso, diminui o risco de que ocorram complicações na gravidez, como pré-eclâmpsia, parto prematuro e neonato com baixo peso.
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