Miomas são tumores constituídos por células musculares lisas que se desenvolvem na camada intermediária do útero (miométrio) e podem causar infertilidade feminina. Existem variações no tamanho e na localização dos miomas, podendo ser pequenos ou grandes, próximos à superfície externa do útero ou projetados em direção à cavidade uterina.
De acordo com sua localização em relação à parede do útero, os miomas são classificados como:
Os miomas são os tumores mais comuns do trato genital feminino, quando atingem grandes dimensões ou causam sintomas intensos precisam ser removidos cirurgicamente. Contudo, os tumores são benignos — e muitos deles assintomáticos —, o que dispensa a necessidade de intervenção cirúrgica em boa parte dos casos.
Além disso, como são hormônio-dependentes, a tendência é que os tumores menores involuam e até desapareçam após a menopausa. Sendo assim, a cirurgia para retirada dos miomas — chamada de miomectomia — é indicada conforme as características de cada paciente, considerando idade, sintomatologia, tamanho dos miomas e intenção de gestação.
Continue a leitura deste post para saber mais sobre os miomas uterinos e o procedimento de miomectomia!
A maioria das mulheres com miomas é assintomática. No entanto, dependendo da localização e do tamanho dos tumores, a portadora pode ter sintomas como:
A infertilidade feminina é uma das possíveis consequências dos miomas, embora nem todos os tipos de tumores possam deixar a mulher infértil. O risco é maior quando existem miomas submucosos, os quais crescem em direção à cavidade uterina, modificando as características do endométrio — sendo este o local em que o embrião se implanta no início da gestação.
Além disso, os miomas podem ocasionar riscos gestacionais como abortamento, parto prematuro e restrição do desenvolvimento fetal. Outras possíveis consequências dos tumores uterinos são anemia, devido ao sangramento uterino excessivo, e crescimento exagerado dos miomas, de modo a interferir no funcionamento de órgãos importantes como a bexiga e o intestino.
O tratamento cirúrgico dos miomas nem sempre é necessário. Em grande parte dos casos, é possível assumir uma conduta expectante, isto é, acompanhar periodicamente se há crescimento dos tumores.
Em resumo, a miomectomia é indicada principalmente quando há miomas submucosos e nas seguintes condições:
Miomas muito grandes intramurais e subserosos também podem necessitar de remoção cirúrgica. Mulheres mais velhas e com prole constituída contam ainda com a alternativa da histerectomia — cirurgia para retirada parcial ou total do útero.
Como mencionado, um dos principais critérios para a realização da miomectomia é a infertilidade. Mesmo os miomas submucosos de menor dimensão podem interferir nas chances de gestação espontânea da portadora. Isso ocorre porque os tumores que se projetam para a cavidade uterina ocupam espaço no órgão e distorcem a arquitetura endometrial, dificultando a implantação do embrião e o desenvolvimento do feto.
Há diversas técnicas para retirada dos miomas, incluindo miomectomia laparoscópica, miomectomia histeroscópica, miomectomia abdominal e histerectomia, além de alternativas não cirúrgicas, como a embolização da artéria uterina.
Aqui, daremos enfoque às duas técnicas mais utilizadas nos tratamentos atuais: a histeroscopia cirúrgica e a videolaparoscopia.
A histeroscopia é a técnica padrão-ouro na avaliação cirúrgica de doenças intrauterinas. Na abordagem ambulatorial, a histeroscopia tem importante papel na investigação diagnóstica de uma série de patologias ginecológicas, posto que permite a visualização direta da cavidade uterina. Ainda em ambulatório, é possível utilizar o método “ver e tratar”, de modo que as lesões menores são avaliadas e tratadas cirurgicamente em um só procedimento.
A histeroscopia cirúrgica é realizada em bloco operatório, com todo o suporte hospitalar necessário para tratar problemas mais complexos, como os grandes ou múltiplos miomas. O procedimento é feito por via vaginal, com a introdução do histeroscópio — um pequeno tubo ótico com sistema de iluminação e microcâmera acoplada. Com o histeroscópio, também é possível inserir microinstrumentos cirúrgicos, como tesouras e pinças de preensão.
A miomectomia por histeroscopia é principalmente indicada para a retirada de miomas submucosos, com ou sem componentes intramurais, visto que estão mais próximos à cavidade uterina.
A miomectomia por videolaparoscopia é indicada para remoção dos miomas subserosos, os quais se projetam para a superfície externa do útero. A técnica laparoscópica é realizada no tratamento de uma série de doenças que afetam a cavidade abdominopélvica. Para isso, são feitos pequenos cortes próximos ao umbigo e por essas aberturas é introduzida a microcâmera e os instrumentos cirúrgicos necessários para a ressecção dos tumores.
Após a retirada dos miomas, é possível que a mulher engravide de forma espontânea. Por outro lado, também há riscos de que se formem sinequias uterinas após o procedimento — pontes de tecido cicatricial que também podem ocluir a cavidade uterina, mantendo o quadro de infertilidade. Nessas circunstâncias, uma nova cirurgia pode ser necessária para remoção das aderências intrauterinas.
A reprodução assistida também é indicada para pacientes com infertilidade devido aos miomas. Assim, o objetivo é superar algumas barreiras que dificultam a gravidez espontânea e aumentar as chances de concepção. Nesse contexto, a fertilização in vitro (FIV) é a alternativa com maiores taxas de êxito.
Aproveite que chegou até aqui e aprofunde seu conhecimento no tema com a leitura do nosso texto especial sobre miomas uterinos!