Dr João Dias | WhatsApp
Agende sua consulta

Congelamento de óvulos: a segunda revolução sexual feminina

Você sabia que, nesse momento, você está vivendo a segunda revolução sexual feminina? Ela vai permitir a você assumir o poder sobre escolhas importantes da sua vida.

Falar sobre o congelamento de óvulos e como essa tecnologia mudou a perspectiva reprodutiva das mulheres é muito importante e tem sido cada vez mais comum.

E é isso que quero abordar hoje. Se você está querendo saber mais sobre congelamento de óvulos e técnicas de reprodução assistida, continue a leitura. Você vai encontrar todas as informações mais importantes sobre o assunto.

Reserva ovariana, qualidade dos óvulos e chances de engravidar

A mulher nasce com aproximadamente 1 a 2 milhões de óvulos. Quando ela passa pela menarca, a primeira menstruação, que acontece por volta dos 10 a 14 anos de idade, só lhe restam cerca de 300.000 óvulos. Ou seja, ela perde 1 milhão e 700 mil óvulos durante a infância.

Desses 300.000 óvulos restantes, aproximadamente 1000 vão tentar ovular a cada ciclo menstrual. O mecanismo de seleção natural faz com que um único óvulo seja liberado pelos ovários. Os outros se perdem, e, dessa maneira, a reserva de óvulos vai diminuindo sem cessar ao longo da vida da mulher. Um dia ela entra na menopausa, que marca o fim das menstruações e, consequentemente, da fertilidade.

Os óvulos, além de diminuírem, também perdem qualidade e, com isso, as chances de a gravidez não acontecer aumentam. Por exemplo, as chances de um aborto espontâneo são maiores (se a gravidez chegar a acontecer), assim como de algumas malformações relacionadas à idade.

Dessa forma, se você tentar engravidar naturalmente aos 30 anos, você vai ter de 20% a 25% de chances. Se você conseguir engravidar, você vai ter aproximadamente 15% de chance de abortar. Isso é da natureza e da seleção natural, normalmente relacionadas à qualidade dos óvulos.

Caso você deixe para engravidar aos 40 anos, a sua chance de gestação natural cai para 5%, e, caso engravide, terá cerca de 40% de chance de abortar. Esses números precisam ser considerados na hora de planejar uma família e muitas vezes eles estarrecem as nossas pacientes quando conversamos sobre isso.

As revoluções sexuais femininas

Hoje, temos técnicas para minimizar a inevitável diminuição das chances de engravidar decorrente do envelhecimento, mas nem sempre foi assim.

Imagine-se na década de 1960, mais precisamente em agosto de 1960. Naquela época, foi lançada, nos Estados Unidos, comercialmente a primeira pílula anticoncepcional. Logo depois, foi lançada na Alemanha e em outros países. Paralelamente ao lançamento desse novo método contraceptivo, existia uma grande revolução.

O mundo estava em ebulição, e as mulheres pleiteando os direitos que sempre deveriam ter tido. Com o advento da pílula, aconteceu a primeira revolução sexual feminina. A mulher pôde dissociar sua vida sexual da sua vida reprodutiva.

Cerca de 25 anos mais tarde, em 1986, começou o que considero a segunda revolução sexual feminina. De 1986 para 1987, nasceu o primeiro bebê gerado de um óvulo que havia sido previamente congelado. A segunda revolução sexual feminina foi o congelamento de óvulos.

Se na primeira revolução a mulher passou a ter a liberdade de escolher quando e como teria a sua vida sexual, independentemente do seu desejo de ter filhos, na segunda ela passou a poder escolher quando engravidar. Ela passou a ter condições de cuidar da sua vida profissional e da sua vida acadêmica antes de ter filhos.

Finalmente, em 2010, a vitrificação de óvulos, que é uma técnica avançada de congelamento, foi considerada cientificamente comprovada e passamos a utilizá-la para ajudar as mulheres a preservar sua fertilidade.

As consequências da maternidade tardia

Se analisarmos a história, veremos que as mulheres no passado engravidavam mais cedo. Hoje pacientes com 38-39 anos querem ter o primeiro filho.

Essa mudança cultural gerou um problema que não havia sido previsto quando a primeira revolução sexual feminina aconteceu: a infertilidade devido ao envelhecimento. Por isso a segunda revolução sexual feminina é tão importante. Ela permite manejar ou minimizar os riscos dessa infertilidade.

Até aqui falamos sobre aspectos fisiológicos, mas tem um dado importante: aproximadamente 10% das mulheres vão entrar na menopausa mais cedo na vida. O desafio relacionado a esse dado é que essa condição é silenciosa. Assim, além de a idade para a maior parte das mulheres que querem ter filhos mais tarde ser um desafio, um grupo grande, uma de cada dez, vai sofrer esse problema de maneira mais intensa.

Por essa razão, é extremamente importante você pesquisar sobre o assunto antes de conversar com seu ginecologista. Pesquise sobre qual é o momento adequado para você congelar seus óvulos.

A segunda revolução sexual feminina e a autonomia

A palavra que representa essa segunda revolução sexual é autonomia. Não importa a sua idade. Se você tiver óvulos congelados, poderá tentar ter filhos no momento que estiver preparada. Você tem a possibilidade de escolher. Você tem autonomia. Se não congelar os seus óvulos e protelar a gravidez, pode não ter a opção de ter filhos mais tarde.

Você pode congelar seus óvulos hoje e, mais tarde, escolher: tentar ter filhos ou não utilizar os óvulos. Se não congelar, você obviamente ainda poderá tentar engravidar, mas, se tiver dificuldades, não terá a opção de usar os óvulos congelados e, consequentemente, suas chances serão menores. Se você considera um dia ter filhos, é importante pensar nisso hoje e ter autonomia de escolhas.

Estimulação ovariana e reserva ovariana

Existem exames de sangue e ultrassom que podem estimar a reserva ovariana. Isso é importante para a estimulação ovariana em qualquer técnica de reprodução assistida.

Uma reserva ovariana baixa não determina infertilidade. Na mulher com uma reserva ovariana ruim, os ovários liberam um óvulo por mês. Na mulher que tem uma reserva ovariana ótima, os ovários também liberam apenas um óvulo a cada ciclo. Além disso, a qualidade dos dois óvulos na mulher com determinada idade, com alta ou baixa reserva ovariana, é a mesma. Por isso, ter a reserva ovariana mais baixa não significa que você vai ser infértil.

No entanto, ter reserva ovariana mais baixa vai impactar nos tratamentos de reprodução assistida, se um dia você precisar desse recurso para engravidar. Quem tem reserva ovariana mais baixa tem uma resposta pior à estimulação ovariana e tem menos óvulos.

Congelamento de óvulos: considerações importantes sobre a técnica

Quanto mais cedo você congelar seus óvulos, melhor. Quanto mais óvulos você congelar, melhor. Isso afeta diretamente o resultado do seu tratamento.

Antes de fazer o congelamento, são solicitados exames específicos, como a dosagem do hormônio antimülleriano ou o ultrassom para contagem dos folículos antrais que existem nos seus ovários. Com os resultados, podemos estimar de forma muito precisa sua reserva de óvulos e o potencial que o seu ovário tem de responder à estimulação ovariana. É fundamental desenharmos um cenário claro de chances para as pacientes que consideram congelar seus óvulos.

Por exemplo, se a contagem de folículos antrais indicar que você tem 5 folículos, a estimulação ovariana com a melhor medicação indicada para você, com as dosagens mais altas, vai fazer com que seu ovário ofereça aproximadamente 5 óvulos para o congelamento. Isso também ocorreria na estimulação ovariana feita na fertilização in vitro (FIV), técnica de alta complexidade da reprodução assistida.

Essa quantidade de óvulos é baixa tanto para o congelamento quanto para a FIV. Agora imagine que esse cenário é o de uma mulher com 37 anos, que sempre foi ao seu ginecologista e nunca foi claramente informada sobre a pesquisa da sua reserva ovariana ou da sua fertilidade.

Essa paciente terá com esses 5 óvulos congelados chances de no máximo 20% de ter um filho. Se ela tivesse congelado aos 35 anos, os mesmos 5 óvulos ofereceriam aproximadamente 30% de chances. Normalmente essas pacientes nos dizem “nossa, mas eu não sabia disso…”. Assim, busque sempre a informação e conteste quando não se sentir confortável.

Informação de qualidade faz a diferença na vida das pessoas.

Para finalizar, sobre o congelamento, é sempre importante pensar: é melhor chegar ao futuro e ter a opção de utilizar ou não os óvulos congelados do que estar às menores chances de engravidar naturalmente. Se for seu sonho ter filhos, pense nisso agora.

Se você tiver qualquer dúvida sobre o assunto, deixe um comentário que responderei quanto antes.

Compartilhar:
Reprodução assistida a distância: como é feito o processo?
Deixe o seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *