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Endometriose e gravidez

Endometriose e infertilidade feminina são diagnósticos relacionados em grande parte dos casos. A portadora dessa doença pode enfrentar dificuldades para engravidar de modo espontâneo devido a vários mecanismos fisiopatológicos. Além disso, quando a concepção acontece, a mulher pode passar por um quadro de gestação de alto risco, o que requer cuidados redobrados para manter a gravidez até o final.

No entanto, devemos esclarecer que infertilidade e gravidez de risco não representam uma regra geral entre portadoras de endometriose. Mesmo com a confirmação do diagnóstico, algumas mulheres conseguem engravidar naturalmente e a gestação transcorre sem graves intercorrências.

Acompanhe este post com atenção e entenda como se dá a relação entre endometriose e infertilidade ou gestação de risco. Veja também quais são as possibilidades de tratamento para melhorar as chances de gravidez!

Por que a endometriose pode dificultar a gravidez?

Existem diferentes mecanismos fisiopatológicos que podem explicar a associação entre endometriose e infertilidade. De forma mais evidente, nota-se que nos casos de doença avançada ocorre distorção anatômica pélvica e obstrução das tubas uterinas.

Vale lembrar que a endometriose é a presença de tecido endometrial — semelhante ao que reveste o útero internamente — em outros locais da pelve. Ou seja, esse tecido se implanta em outros órgãos, causando um processo inflamatório crônico. Em casos mais graves, as lesões levam à formação de aderências que distorcem a anatomia dos órgãos pélvicos e ocluem as tubas.

Embora a endometriose avançada dificulte a gravidez por fatores mecânicos, os estágios mais brandos da doença também podem causar infertilidade. Acredita-se que os seguintes mecanismos estejam envolvidos:

  • disfunção ovulatória;
  • baixa qualidade dos óvulos e embriões;
  • falha de implantação, devido à baixa qualidade embrionária e às alterações intrauterinas;
  • hiperprolactinemia — aumento nos níveis de prolactina, levando à redução do hormônio luteinizante (LH) e anovulação;
  • aumento do stress oxidativo para os espermatozoides, com impactos na motilidade e no potencial de fertilização;
  • transporte dos gametas comprometido pela presença de moléculas inibitórias, bem como pela obstrução tubária;
  • alterações bioquímicas e hormonais que resultam em deficiência da fase lútea e problemas na receptividade uterina, dificultando a interação endométrio-blastocisto.

Quais são as possibilidades de tratamento?

Para mulheres com infertilidade por endometriose, a gravidez pode ser alcançada após o tratamento cirúrgico. A indicação é feita conforme a gravidade da doença. O procedimento é realizado por videolaparoscopia — técnica minimamente invasiva — e o objetivo é erradicar os focos da doença para restaurar a anatomia e a função dos órgãos reprodutores.

Também é possível engravidar com endometriose utilizando as técnicas da reprodução assistida. Para isso, o casal realiza vários exames, a fim de investigar detalhadamente as condições de fertilidade de ambos os parceiros. A definição do tratamento é personalizada de acordo com as características do casal.

Pacientes jovens que apresentam apenas disfunção ovulatória, sem obstrução nas tubas ou outro comprometimento, podem tentar a relação sexual programada (RSP) ou a inseminação intrauterina (IIU) com indução à ovulação. Se não houver sucesso nesses tratamentos, considerados de baixa complexidade, o casal é encaminhado para a fertilização in vitro (FIV).

A FIV é uma técnica de alta complexidade e com elevadas taxas de sucesso em casos mais graves de infertilidade. Se além da anovulação, o casal apresentar outros fatores que dificultam a gravidez, como idade materna superior a 35 anos, obstrução tubária e alterações espermáticas, essa técnica é prontamente indicada — sem passar por RSP ou IIU.

Nos casos mais graves, é preciso aliar tratamento cirúrgico e reprodução assistida. Inclusive, quando a endometriose acomete os ovários, é possível fazer a preservação da fertilidade da paciente por meio do congelamento de óvulos antes da cirurgia. Isso porque o procedimento pode resultar em lesões acidentais no córtex ovariano, prejudicando a reserva de folículos.

Assim, após a cirurgia e com todas as lesões endometrióticas tratadas, a paciente pode descongelar seus gametas para dar sequência ao tratamento de reprodução com FIV.

Endometriose e gestação: essa situação requer cuidados especiais?

Além da infertilidade, a relação entre endometriose e gravidez também requer atenção. Para algumas mulheres, a gestação evolui sem complicações. Inclusive, o período gestacional e o aleitamento materno exclusivo são referidos por seus efeitos benéficos, visto que a concentração de estrogênio permanece inferior aos níveis de progesterona, o que inibe as manifestações inflamatórias da doença.

No entanto, outras mulheres lidam com os desafios de uma gestação de alto risco devido à endometriose. A literatura médica aponta que as portadoras dessa afecção apresentam risco aumentado para abortamento espontâneo, parto prematuro, diabetes gestacional e distúrbios hipertensivos da gravidez (pressão alta e pré-eclâmpsia).

Outro risco potencial da endometriose é a gravidez ectópica. Quando há obstrução nas tubas uterinas, mesmo que algum espermatozoide consiga se mover até o óvulo, o embrião em desenvolvimento pode não encontrar passagem para chegar ao útero. Dessa forma, a implantação ocorre na própria tuba, iniciando uma gestação que não tem o aporte necessário para ir adiante.

Portanto, a gravidez com endometriose requer uma atenção especial da gestante. Assim que o período de amamentação acabar, o tratamento da doença deve ser retomado com medicamentos ou cirurgia, se necessário.

Você pode conferir mais informações no nosso texto institucional sobre endometriose. Acesse e informe-se!

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