Endometriose e infertilidade feminina são diagnósticos relacionados em grande parte dos casos. A portadora dessa doença pode enfrentar dificuldades para engravidar de modo espontâneo devido a vários mecanismos fisiopatológicos. Além disso, quando a concepção acontece, a mulher pode passar por um quadro de gestação de alto risco, o que requer cuidados redobrados para manter a gravidez até o final.
No entanto, devemos esclarecer que infertilidade e gravidez de risco não representam uma regra geral entre portadoras de endometriose. Mesmo com a confirmação do diagnóstico, algumas mulheres conseguem engravidar naturalmente e a gestação transcorre sem graves intercorrências.
Acompanhe este post com atenção e entenda como se dá a relação entre endometriose e infertilidade ou gestação de risco. Veja também quais são as possibilidades de tratamento para melhorar as chances de gravidez!
Existem diferentes mecanismos fisiopatológicos que podem explicar a associação entre endometriose e infertilidade. De forma mais evidente, nota-se que nos casos de doença avançada ocorre distorção anatômica pélvica e obstrução das tubas uterinas.
Vale lembrar que a endometriose é a presença de tecido endometrial — semelhante ao que reveste o útero internamente — em outros locais da pelve. Ou seja, esse tecido se implanta em outros órgãos, causando um processo inflamatório crônico. Em casos mais graves, as lesões levam à formação de aderências que distorcem a anatomia dos órgãos pélvicos e ocluem as tubas.
Embora a endometriose avançada dificulte a gravidez por fatores mecânicos, os estágios mais brandos da doença também podem causar infertilidade. Acredita-se que os seguintes mecanismos estejam envolvidos:
Para mulheres com infertilidade por endometriose, a gravidez pode ser alcançada após o tratamento cirúrgico. A indicação é feita conforme a gravidade da doença. O procedimento é realizado por videolaparoscopia — técnica minimamente invasiva — e o objetivo é erradicar os focos da doença para restaurar a anatomia e a função dos órgãos reprodutores.
Também é possível engravidar com endometriose utilizando as técnicas da reprodução assistida. Para isso, o casal realiza vários exames, a fim de investigar detalhadamente as condições de fertilidade de ambos os parceiros. A definição do tratamento é personalizada de acordo com as características do casal.
Pacientes jovens que apresentam apenas disfunção ovulatória, sem obstrução nas tubas ou outro comprometimento, podem tentar a relação sexual programada (RSP) ou a inseminação intrauterina (IIU) com indução à ovulação. Se não houver sucesso nesses tratamentos, considerados de baixa complexidade, o casal é encaminhado para a fertilização in vitro (FIV).
A FIV é uma técnica de alta complexidade e com elevadas taxas de sucesso em casos mais graves de infertilidade. Se além da anovulação, o casal apresentar outros fatores que dificultam a gravidez, como idade materna superior a 35 anos, obstrução tubária e alterações espermáticas, essa técnica é prontamente indicada — sem passar por RSP ou IIU.
Nos casos mais graves, é preciso aliar tratamento cirúrgico e reprodução assistida. Inclusive, quando a endometriose acomete os ovários, é possível fazer a preservação da fertilidade da paciente por meio do congelamento de óvulos antes da cirurgia. Isso porque o procedimento pode resultar em lesões acidentais no córtex ovariano, prejudicando a reserva de folículos.
Assim, após a cirurgia e com todas as lesões endometrióticas tratadas, a paciente pode descongelar seus gametas para dar sequência ao tratamento de reprodução com FIV.
Além da infertilidade, a relação entre endometriose e gravidez também requer atenção. Para algumas mulheres, a gestação evolui sem complicações. Inclusive, o período gestacional e o aleitamento materno exclusivo são referidos por seus efeitos benéficos, visto que a concentração de estrogênio permanece inferior aos níveis de progesterona, o que inibe as manifestações inflamatórias da doença.
No entanto, outras mulheres lidam com os desafios de uma gestação de alto risco devido à endometriose. A literatura médica aponta que as portadoras dessa afecção apresentam risco aumentado para abortamento espontâneo, parto prematuro, diabetes gestacional e distúrbios hipertensivos da gravidez (pressão alta e pré-eclâmpsia).
Outro risco potencial da endometriose é a gravidez ectópica. Quando há obstrução nas tubas uterinas, mesmo que algum espermatozoide consiga se mover até o óvulo, o embrião em desenvolvimento pode não encontrar passagem para chegar ao útero. Dessa forma, a implantação ocorre na própria tuba, iniciando uma gestação que não tem o aporte necessário para ir adiante.
Portanto, a gravidez com endometriose requer uma atenção especial da gestante. Assim que o período de amamentação acabar, o tratamento da doença deve ser retomado com medicamentos ou cirurgia, se necessário.
Você pode conferir mais informações no nosso texto institucional sobre endometriose. Acesse e informe-se!