O sistema endócrino é composto de um conjunto de glândulas responsáveis pela produção dos hormônios, lançados no sangue até alcançarem os órgãos em que atuam. Aliado ao sistema nervoso, o sistema endócrino é responsável pela coordenação das funções do corpo.
Existem hormônios específicos no corpo da mulher e do homem, de acordo com suas necessidades. Os principais presentes no corpo da mulher são a progesterona e o estrogênio, produzidos nos ovários. Já no homem, é a testosterona, responsável pelo crescimento de pelos no corpo, produção de massa muscular, saúde dos ossos e produção de espermatozoides, portanto fertilidade.
As mulheres também produzem testosterona nos ovários, porém em quantidades menores do que as encontradas no organismo masculino. Ela auxilia no crescimento muscular e ósseo. Quando encontrada em maiores quantidades, pode significar alguma alteração no corpo da mulher, sendo a principal delas a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Um dos principais sintomas da SOP é o hiperandrogenismo, quando os hormônios masculinos são encontrados em excesso no corpo da mulher e levam a características aparentes, como: surgimento de pelos em excesso no corpo, acne, aumento da oleosidade da pele, entre outros.
A seguir, saiba mais sobre o hiperandrogenismo, como ele pode ser identificado na SOP e entenda a sua relação com a infertilidade feminina.
Hiperandrogenismo é o termo utilizado para descrever os sinais clínicos decorrentes do aumento da ação biológica dos androgênios. Na mulher, ele pode causar o surgimento de características como o excesso de pelos no rosto, acnes, aumento da oleosidade da pele, alterações de humor, disfunção ovulatória e infertilidade.
As causas do hiperandrogenismo ainda não são totalmente claras para a medicina. Essa alteração hormonal pode interferir diretamente na ovulação da mulher, podendo até mesmo interrompê-la (anovulação). O ciclo menstrual também é afetado, podendo sofrer disfunções e irregularidades.
Caracterizada por um distúrbio hormonal, a síndrome dos ovários policísticos é a principal alteração relacionada ao hiperandrogenismo. Ela atinge muitas mulheres em idade reprodutiva e é um dos principais fatores de infertilidade feminina.
Não existe uma causa estabelecida de SOP, mas alguns fatores podem influenciar em seu surgimento, como: histórico familiar, resistência à insulina, excesso de insulina. Os ovários costumam aumentar de tamanho e são encontrados alguns cistos (bolsas cheias de líquido).
Os principais sintomas da SOP são a irregularidade menstrual, aumento de peso, queda de cabelo e o hiperandrogenismo, com o surgimento de características masculinas no corpo.
O diagnóstico e tratamento precoces são importantes para reduzir complicações como o desenvolvimento de doenças cardíacas e de diabetes tipo 2. A síndrome está relacionada com a resistência à insulina, o que aumenta a sua concentração no corpo e dificulta a perda de peso.
O exame mais importante para diagnosticar a SOP é a ultrassonografia pélvica, que, dependendo da manifestação da SOP, identifica diversos cistos nos ovários. Alguns exames podem auxiliar nesse processo: exame físico, exame pélvico ginecológico e exames laboratoriais.
Por causar alterações físicas no corpo da mulher e gerar uma aparência mais masculina, o hiperandrogenismo pode interferir muito na autoestima. O surgimento de pelos em lugares incomuns no corpo, afinamento capilar ou a queda temporária de cabelo, o surgimento de acnes e outros fatores, podem levar a alterações emocionais significativas para a paciente.
Além disso, a disfunção ovulatória que essa alteração hormonal causa pode levar à infertilidade feminina. A ovulação é essencial ao processo de reprodução, uma vez que é o evento responsável pela liberação do óvulo a ser fecundado pelo espermatozoide.
A anovulação é uma causa comum de infertilidade e é caracterizada pela ausência total da ovulação. Os ciclos menstruais irregulares também são características do hiperandrogenismo.
Por se tratar de um distúrbio hormonal, um dos tratamentos indicados para o hiperandrogenismo é a administração de dosagens hormonais às pacientes. Alguns anticoncepcionais são responsáveis por diminuir a produção dos androgênios e liberar o organismo dos efeitos causados por eles. Eles também podem corrigir as irregularidades na menstruação.
Para mulheres que desejam engravidar, existe o tratamento pela reprodução assistida, que conta com técnicas muito avançadas da medicina reprodutiva para auxiliar casais com problemas de infertilidade.
Mulheres que passam por problemas para engravidar causados pelo hiperandrogenismo podem optar por qualquer uma das três técnicas principais da reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV). A escolha de método vai variar de acordo com cada caso e fatores importantes como a fertilidade do parceiro.
A RSP e a IIU são consideradas de baixa complexidade e a fecundação ocorre naturalmente, nas tubas uterinas. A FIV é uma técnica mais complexa, com altos índices de sucesso e a única em que todos os procedimentos são predominantemente realizados em laboratório.
As três passam por um processo de estimulação ovariana e indução da ovulação, em que uma dosagem hormonal é responsável por promover o desenvolvimento dos folículos e obter mais óvulos disponíveis para a fecundação.
Se você considera esse conteúdo relevante, leia também sobre a síndrome dos ovários policísticos e entenda sua relação com a infertilidade.