A histerossalpingografia é um importante exame na investigação da infertilidade feminina. Sua finalidade é verificar se há alterações na morfologia do útero e das tubas uterinas, como malformações congênitas e obstrução tubária — condições que podem interferir no funcionamento do sistema reprodutor e impedir que uma gravidez aconteça.
O útero é o local onde o bebê se desenvolve, a partir do aporte de sangue, oxigênio e nutrientes que recebe da mãe durante a gestação. As tubas uterinas são responsáveis por captar os óvulos quando estes são liberados pelos ovários.
É no interior de uma das tubas que os espermatozoides encontram o óvulo e um deles o fecunda, formando o zigoto. Assim começa o processo de desenvolvimento embrionário, enquanto o embrião se desloca pela tuba uterina em direção à cavidade do útero. 5 dias após a fecundação, o embrião chega à fase de blastocisto e está pronto para se implantar no endométrio (tecido interno do útero) para dar início à gestação.
Todo esse processo de concepção pode ser prejudicado se houver alguma alteração anatômica e funcional no útero ou nas tubas uterinas. Existe uma série de doenças que podem afetar esses órgãos, deixando a mulher infértil. Diante disso, a histerossalpingografia tem seu valor na avaliação diagnóstica e no tratamento de determinadas patologias.
Continue a leitura para saber mais sobre o exame de histerossalpingografia e suas indicações!
É um exame de imagem que utiliza tecnologia de raio-X para avaliar a região pélvica feminina. O objetivo principal é detectar anormalidades anatômicas nos órgãos reprodutores. Trata-se de uma das principais ferramentas utilizadas na avaliação da saúde da mulher, ao lado de técnicas como ultrassonografia transvaginal, histerossonografia e histeroscopia.
Os exames de raio-X são bastante utilizados para diagnóstico de problemas na estrutura óssea, mas também são úteis para investigar órgãos e tecidos moles. Para isso, uma solução de iodo é aplicada — a substância se torna opaca à radiação, aumentando o contraste para melhorar as imagens da área examinada.
Na histerossalpingografia, o contraste iodado é introduzido via vaginal para destacar o contorno dos órgãos nas imagens obtidas. Enquanto o líquido se espalha pelo útero e progride para as tubas uterinas, as irregularidades anatômicas são evidenciadas, a exemplo da obstrução tubária.
O exame é indicado quando a mulher decide investigar seus fatores de infertilidade ou quando já tem uma condição preexistente que possa culminar em alterações uterinas ou tubárias, como a endometriose — doença que pode afetar vários órgãos da região pélvica.
Endometriose e infertilidade são condições bastante relacionadas. Isso pode acontecer devido a vários mecanismos, um deles é a formação de aderências (lesões endometrióticas) que obstruem o interior das tubas uterinas ou distorcem sua anatomia.
A obstrução nas tubas também pode ser decorrente de um processo inflamatório, provocado, na maioria das vezes, por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Pacientes diagnosticadas com clamídia, gonorreia ou outras doenças infecciosas devem fazer o exame de histerossalpingografia para avaliar se a permeabilidade tubária foi prejudicada.
A histerossalpingografia é indicada ainda em casos de abortamento de repetição, o que pode estar associado a malformações congênitas no útero que dificultam o desenvolvimento do embrião. Outra indicação desse exame é para acompanhar os resultados de cirurgias de laqueadura e reversão de laqueadura.
A histerossalpingografia ajuda no diagnóstico de várias doenças que provocam infertilidade feminina. Entre os possíveis resultados do exame, estão:
Como já referimos, a endometriose causa infertilidade por vários mecanismos, sendo a obstrução tubária um dos principais. As aderências formadas no interior das tubas bloqueiam a passagem dos espermatozoides e impedem a união com o óvulo. Outro risco é de que a fecundação ocorra, mas o embrião não consiga se mover até a cavidade uterina, fixando-se na própria tuba para iniciar uma gravidez ectópica.
A hidrossalpinge é caracterizada pela dilatação das tubas uterinas em casos agravados de salpingite (inflamação tubária). O quadro normalmente faz parte da doença inflamatória pélvica (DIP), que também pode causar inflamação na cérvice, no peritônio pélvico, no endométrio e nos ovários — provocando, respectivamente, cervicite, peritonite, endometrite e ooforite.
Mulheres com salpingite podem ter as tubas obstruídas primeiramente por conteúdo purulento (piossalpinge). Quando os agentes infecciosos morrem, o líquido se transforma em substância serosa que oclui e dilata as tubas (hidrossalpinge), deixando-as impermeáveis. A obstrução é revelada na histerossalpingografia, visto que o contraste não consegue progredir e preencher as tubas.
Malformações uterinas resultam de fusão embriológica defeituosa durante a formação dos órgãos reprodutores femininos. Há casos raros de ausência parcial ou completa do útero e das tubas uterinas. Em outros, ocorrem falhas no desenvolvimento dos órgãos, alterando o formato conhecido do útero (de pera invertida), que é ideal para sustentar uma gestação até o final.
A histerossalpingografia tem boa acurácia para revelar malformações uterinas, como útero septado, didelfo, bicorno e unicorno.
Além das anomalias congênitas, várias doenças podem se desenvolver no útero ao longo da vida reprodutiva da mulher e até na menopausa, como miomas, pólipos e sinequias. Nesses casos, a histerossalpingografia pode ser um exame complementar, embora a técnica padrão-ouro para investigação das patologias intrauterinas seja a histeroscopia.
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