Ter um aborto é uma experiência traumática para a mulher e para toda a família. Além da frustração, ela pode causar depressão, ansiedade e afetar o relacionamento conjugal. Porém, alguns casais passam por esse episódio mais de uma vez. Quando um casal apresenta dois ou mais abortamentos, recebe o diagnóstico de abortamento de repetição.
Ao final da leitura, você saberá o que é abortamento e o que o caracteriza como de repetição, e ainda, as suas principais causas e possíveis tratamentos.
O abortamento é a interrupção da gravidez até a 20ª semana ou quando o feto pesa até 500 gramas. Aborto é o produto da concepção eliminado durante o episódio. Quando há 2 ou mais casos consecutivos e espontâneos, ele é chamado de abortamento de repetição.
Os termos “abortamento” e “aborto” são, muitas vezes, empregados como sinônimos. Porém, o primeiro refere-se ao processo e o segundo ao produto do abortamento.
Existem diversas causas e condições clínicas ligadas a essa questão. Na maior parte dos casos, não é possível apontar o motivo do abortamento espontâneo.
No entanto, existem alguns fatores de risco. A idade da mulher é um deles, pois os óvulos envelhecem e os “mais antigos” têm uma maior probabilidade de carregar problemas genéticos. Além disso, mulheres que já passaram por um abortamento são mais propensas a terem essa experiência novamente.
Ao identificar que a mulher passou pelo segundo abortamento, é importante que o casal procure ajuda médica especializada. As causas do aborto de repetição são multifatoriais, sendo as principais de origem genética, infecciosa, imunológica, uterina e endócrina. Saiba mais detalhes sobre cada uma, a seguir.
As anomalias genéticas estão entre as principais causas de abortamentos de repetição. Ela pode acontecer por problemas na divisão embrionária, gametas anormais ou doenças genéticas hereditárias, por exemplo. Para confirmar o diagnóstico, é recomendado que o casal faça um exame de sangue para descobrir a presença de alguma alteração cromossômica numérica ou estrutural.
As causas infecciosas, em geral, são uma consequência de um processo infeccioso.
O principal fator imunológico ligado ao aborto de repetição é a síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF). Ela é uma doença autoimune responsável pela formação de coágulos nas artérias, veias, órgãos e casos de tromboses recorrentes. O diagnóstico é feito por uma avaliação dos anticorpos da mãe e da presença de trombofilia hereditária.
Casos de malformações uterinas também estão entre as causas de abortamento de repetição. A presença de anormalidades congênitas não torna a mulher infértil, no entanto, elas dificultam a gravidez. Entre os casos mais comuns estão:
Além disso, pólipos e miomas, apesar de serem tumores benignos, em casos graves, podem aumentar os riscos de abortamento de repetição. Dependendo da sua localização e tamanho, eles podem dificultar a implantação do embrião e deformar a cavidade uterina.
O exame ginecológico e a ultrassonografia transvaginal são os métodos mais utilizados para diagnosticar anomalias uterinas congênitas, miomas e pólipos.
O sistema endócrino regula a produção dos hormônios, como os ligados a capacidade reprodutiva. Entre eles estão a progesterona e o estradiol, fundamentais ao longo da gravidez. Entre as suas funções estão a manutenção de um ambiente favorável para a implantação do embrião no útero materno.
Dessa forma, o desequilíbrio hormonal pode afetar diretamente a gestação. Além disso, outros problemas hormonais estão relacionados ao aborto de repetição, como pólipos uterinos, diabetes mellitus (quando está descontrolada) e hipertireoidismo e hipotireoidismo.
Por ser multifatorial, vários tratamentos podem ser considerados. No entanto, em grande parte das vezes, o diagnóstico é difícil. Casos de distúrbios hormonais e trombofilia devem ser tratados, preferencialmente, antes de uma nova tentativa de gravidez. E o tratamento de causas uterinas são cirúrgicos.
A FIV (fertilização in vitro) é uma alternativa muito procurada por casais que passaram por abortamentos de repetição. Para fazer um estudo genético dos embriões, o teste genético pré-implantacional (PGT) pode ser realizado durante a FIV. Com isso, apenas aqueles que não apresentarem alterações genéticas serão transferidos para o útero materno.
O abortamento de repetição abala emocionalmente toda a família, em especial, a mulher. Muitas desistem de engravidar devido a frustração. As causas podem ter origem genética, infecciosa, imunológica, uterina e endócrina. Com relação aos tratamentos, o que mais se destaca é a FIV, devido a sua alta taxa de sucesso.
A interrupção da gravidez é um tema complexo e envolve diversos fatores. Por isso, o conhecimento é fundamental para que ele seja discutido da forma correta. Agora que você sabe mais sobre o assunto, compartilhe o artigo nas suas redes sociais!