A gravidez é um processo complexo que tem início na fecundação do óvulo pelo espermatozoide, dando origem ao zigoto, célula com dois pronúcleos (masculino e feminino) anterior ao início da divisão celular.
Após a formação do zigoto, começa o desenvolvimento celular, que ocorre por meio de processos contínuos de divisão celular, chamadas de clivagem ou segmentação.
Neste texto, vou tirar dúvidas relacionadas ao desenvolvimento embrionário e à fertilização in vitro (FIV), destacando os diferentes níveis de divisão celular e sua importância para obter sucesso na gestação. Continue lendo e confira.
O embrião é o segundo estágio do desenvolvimento humano, sendo o primeiro a formação do zigoto como resultado da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Após a primeira divisão celular, o zigoto passa a ser denominado embrião, que passará por diversas fases.
Na FIV, realizamos a fecundação em laboratório. A célula inicial formada é mantida em incubadoras com condições ideias para o seu desenvolvimento.
O embriologista é o profissional responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento do embrião em laboratório até a transferência para o útero.
O desenvolvimento do embrião é fundamental para a manutenção da vida. Todos os seres humanos são formados da mesma forma, mesmo na reprodução assistida, inclusive na FIV. O processo de fecundação é diferente, mas o desenvolvimento ocorre da mesma forma.
Muitos fatores afetam o sucesso de um ciclo de FIV, inclusive distúrbios no desenvolvimento embrionário. A qualidade do embrião pode ser determinante para a gravidez, desde a implantação até o nascimento da criança.
Parte dos casos de abortos espontâneos é causada por anormalidades no embrião. No entanto, existem exames e testes que podem ser feitos para reduzir o risco de distúrbios, como o teste de receptividade endometrial (ERA), que avalia quando o endométrio está mais preparado para receber o embrião. Saber o momento ideal aumenta as chances de sucesso da gestação.
O desenvolvimento embrionário cumpre etapas específicas, desde a fecundação até o parto. Os primeiros dias ocorrem da seguinte forma:
A fertilização refere-se ao momento que o espermatozoide penetra o óvulo, fecundando-o. Os materiais genéticos do óvulo e do espermatozoide se fundem, criando o zigoto, primeira etapa do desenvolvimento do embrião.
Clivagem é um termo usado para descrever o processo de divisão celular inicial do desenvolvimento embrionário, que parte de uma única célula e se divide em múltiplas células, em um processo denominado mitose.
Enquanto as células continuam a se dividir, a forma do embrião começa a mudar. Essas células resultantes do processo de clivagem são denominadas de blastômeros.
As divisões seguem e formam células-filhas progressivamente menores que mudam de forma e se alinham, apertando-se uns contra os outros para formar uma esfera compacta de células conhecida como mórula.
Durante a diferenciação celular ocorre a mudança de células simples para estruturas celulares mais complexas, auxiliando a construir tecidos e órgãos humanos.
Nesse processo, alguns genes são ativados e outros desativados, e somente os ativados coordenarão as funções celulares.
Entre os dias 5 e 6 do crescimento do embrião, as células terão se dividido ainda mais, com a formação de uma estrutura denominada blastocele, uma cavidade no centro da blástula, e o embrião terá aproximadamente 200 células.
Esse estágio é conhecido como blastocisto e é o mais avançado do desenvolvimento embrionário possível em um ciclo de FIV. Em uma gravidez natural, este é o momento que o embrião se fixa no endométrio, revestimento interno do útero, possibilitando o desenvolvimento da gravidez.
A FIV é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade, realizada em 5 etapas: estimulação ovariana (indução da ovulação), punção folicular e coleta dos espermatozoides, fecundação, cultivo embrionário e transferência dos embriões formados ao útero da mulher.
A transferência embrionária pode ser realizada em dois estágios do desenvolvimento do embrião: dia 3 (D3) ou blastocisto (D5).
A opção por uma ou outra estratégia depende de alguns fatores importantes: qualidade dos embriões (que está bastante relacionada à idade da mulher e qualidade do sêmen), quantidade de embriões e tentativas anteriores de FIV.
Considerando esses fatores, os embriões podem ser transferidos ao útero da mulher em estágio inicial de clivagem (dia 3) ou em estágio de blastocisto (dia 5).
A transferência em D3 é mais indicada para casais que têm embriões de menor qualidade e que as chances de desenvolvimento em laboratório até a fase de blastocisto são baixas.
A transferência em estágio de blastocisto, atualmente, é a mais indicada, principalmente quando é necessária a pesquisa genética dos embriões, uma vez que nessa fase o número de células é maior que em D3.
Os embriões que atingem o estágio de blastocisto também têm melhor chance de implantação. Por isso, em nosso serviço preconizamos a transferência em blastocisto sempre que possível.
Este texto te ajudou a entender a importância da clivagem no processo FIV? Leia também um texto completo sobre a FIV.