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Obstrução das tubas uterinas e infertilidade: há relação?

A infertilidade feminina é uma condição complexa, uma vez que pode ser causada por diversos fatores. A obstrução das tubas uterinas é uma das possíveis barreiras nas tentativas de gravidez de um casal e várias doenças estão associadas a esse problema, como a endometriose e a salpingite (inflamação das tubas).

As tubas uterinas são importantes órgãos do sistema reprodutor feminino e é exatamente nelas que ocorre o encontro dos gametas e o processo de fertilização. Na extremidade das trompas, encontram-se as fímbrias — franjas que fazem comunicação com os ovários.

No momento da ovulação, as fímbrias capturam o óvulo que é liberado por um dos ovários e o conduz ao interior da tuba correspondente. Ali, o gameta feminino permanece por até um dia e deve, nesse período, ser encontrado por um espermatozoide para ser fecundado. Quando isso acontece, forma-se o zigoto que segue em rápido desenvolvimento.

Enquanto evolui, o embrião se desloca pelo canal da tuba até chegar à cavidade do útero e se implantar na parede uterina — o que acontece por volta do 5º dia de fertilização, quando o embrião atinge o estágio de blastocisto.

Já vimos que as tubas uterinas são fundamentais para o processo de reprodução humana. Agora, continue a leitura para saber quais são as causas e consequências da obstrução tubária, assim como as possibilidades de tratamento para mulheres que desejam engravidar!

O que significa obstrução das tubas uterinas?

Quando as tubas estão obstruídas significa que existem barreiras no canal tubário, as quais impedem que os gametas ou embriões se desloquem para prosseguir com o processo reprodutivo. O ponto de oclusão pode estar em locais diferentes, de forma a:

  • Impedir que os espermatozoides cheguem ao óvulo para fertilizá-lo;
  • Bloquear a passagem do embrião já formado a partir do encontro dos gametas.

Sendo assim, existe forte relação entre obstrução das tubas uterinas e infertilidade feminina — seja porque as células reprodutivas não conseguem se unir, seja porque o embrião não pode progredir pelo canal tubário até chegar ao útero, onde deveria se implantar.

Além da infertilidade, a obstrução das tubas uterinas aumenta o risco de gravidez ectópica, que ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta fora do útero, normalmente na própria tuba. Nesse caso, o embrião não recebe aporte sanguíneo suficiente para evoluir e a perda gestacional acontece com no máximo 16 semanas, colocando a vida da mulher em risco devido à hemorragia interna.

Quais são as causas de obstrução tubária?

Diferentes doenças ou outros fatores mecânicos podem provocar obstruções nas tubas uterinas. Para chegar à causa exata do problema, é necessário realizar uma investigação completa da saúde ginecológica da paciente, a fim de detectar e tratar as condições associadas, tais como:

Doença inflamatória pélvica (DIP)

A DIP é um quadro infeccioso que acomete os órgãos reprodutores femininos superiores, incluindo útero, tubas uterinas, ovário e colo do útero. A principal causa dessa doença é a contaminação por bactérias — como as que causam clamídia e gonorreia, duas das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais prevalentes.

Quando a infecção atinge as trompas, um quadro de salpingite é desencadeado. Uma das complicações dessa inflamação tubária é a hidrossalpinge, condição caracterizada pelo acúmulo de líquido no interior do órgão. Como consequência, a tuba fica impermeável, impedindo o processo de reprodução natural.

Endometriose

A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina. Nessa doença, ocorrem implantes de células do tecido endometrial — que reveste a parede uterina — em outros órgãos, desencadeando um processo inflamatório. Tais implantes podem aderir ao interior das tubas uterinas, deixando-as obstruídas e prejudicando sua função reprodutora.

Laqueadura

Diferentemente das condições anteriores, a laqueadura não é uma doença, mas um procedimento de esterilização cirúrgica que também causa obstrução das tubas uterinas. A cirurgia é realizada quando a mulher decide que não quer mais filhos e opta por um método de contracepção definitiva.

No procedimento, as trompas são cortadas, cauterizadas ou bloqueadas com anéis, clipes e outros recursos. Entretanto, passados alguns anos, a mulher pode se arrepender de ter feito a laqueadura e buscar alternativas para conseguir uma nova gravidez.

Como a reprodução assistida intervém nesses casos?

É possível tentar desobstruir as tubas uterinas por meio de uma cirurgia, mas nem sempre se chega à restauração do pleno funcionamento do órgão. Também é preciso tratar as doenças associadas para evitar outras complicações.

Diante da dificuldade para engravidar naturalmente, a mulher encontra apoio na reprodução assistida. Nos quadros de infertilidade por fatores tubários, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica indicada. Nesse tipo de tratamento, todo o processo de concepção ocorre fora do útero, o que inclui as seguintes etapas:

  • estimulação ovariana e indução à ovulação;
  • aspiração dos óvulos, coleta do sêmen e preparação dos gametas;
  • fertilização dos óvulos;
  • cultivo dos embriões gerados;
  • transferência dos embriões para o útero.

Portanto, os embriões gerados em ambiente extrauterino são depositados diretamente no útero da paciente, sem precisar percorrer as trompas. Assim, a FIV tem apresentado altas taxas de êxito e pode ser a solução para mulheres que querem engravidar, mas apresentam obstrução das tubas uterinas ou outros problemas que impeçam a concepção natural.

Para saber quais são as demais condições que dificultam a reprodução espontânea, leia também nosso texto sobre infertilidade feminina!

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