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Quais são as causas de endometriose?

A endometriose é uma doença ginecológica crônica, frequentemente relacionada à infertilidade feminina. Também é reconhecida por seus sintomas intensos que chegam a prejudicar a qualidade de vida da portadora — embora existam casos assintomáticos. Suas causas não são completamente esclarecidas, mas existem algumas teorias que buscam explicar a origem dessa patologia.

Após muitos estudos na área, acredita-se que a endometriose seja multifatorial, o que envolve aspectos genéticos, imunológicos, endócrinos, anatômicos e ambientais. Assim, a doença pode se desenvolver em mulheres com determinada predisposição individual, mas alguns fatores de risco aumentam essa suscetibilidade.

Neste post, abordaremos as principais teorias sobre as causas da endometriose. Também vamos mostrar de que forma essa doença pode provocar infertilidade e quais são as possibilidades de tratamento para a portadora que deseja engravidar. Acompanhe!

O que é endometriose e quais são os tipos da doença?

A endometriose é uma afecção inflamatória, crônica e estrogênio-dependente que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero. O endométrio é a mucosa vascularizada que recobre a parede uterina, sua função é garantir o suprimento vascular e nutritivo ao feto. Portanto, é nesse tecido que o embrião se implanta no início da gestação.

O endométrio é composto por células epiteliais e estromais. Na fase proliferativa do ciclo menstrual (antes da ovulação), as células endometriais respondem às variações nos níveis de estrogênio e começam a aumentar, deixando o tecido mais espesso para receber o embrião, caso um óvulo seja fertilizado. Após a fase ovulatória, se não houver concepção, o endométrio descama e ocasiona o sangramento menstrual.

Em mulheres com endometriose, o tecido endometrial também cresce em outras partes da região pélvica, como peritônio, tubas uterinas, ovários, septo retovaginal, intestino, bexiga etc. Raramente, as lesões endometrióticas também são encontradas distantes do útero, como nos pulmões, caracterizando a endometriose extrapélvica.

O endométrio ectópico (fora do útero) cresce sob ação estrogênica, descama e sangra, da mesma forma que o tecido endometrial eutópico (dentro do útero). Isso provoca lesões que, uma vez estabelecidas em outros órgãos, reagem de forma cíclica, levando a processos inflamatórios agudos e depois crônicos, os quais podem resultar em dor, formação de aderências pélvicas e infertilidade.

A endometriose é classificada, de acordo com a gravidade das lesões, em doença mínima, leve, moderada ou severa. Em relação aos aspectos morfológicos, a patologia é dividida em três tipos:

  • endometriose superficial peritoneal — os implantes de endométrio ectópico são encontrados no peritônio (tecido que recobre os órgãos abdominais e pélvicos), mas sem infiltrações profundas;
  • endometriose ovariana — as células endometriais se implantam nos ovários, formando cistos (endometriomas) que interferem na capacidade ovulatória da portadora;
  • endometriose infiltrativa profunda — os implantes são profundos e podem acometer tubas uterinas, bexiga, intestino e outras estruturas pélvicas, comprometendo o funcionamento dos órgãos.

Quais são as possíveis causas da endometriose?

Embora as causas da endometriose não sejam totalmente elucidadas, diversas teorias foram elaboradas para explicar sua patogênese. A mais amplamente aceita é a do fluxo menstrual retrógrado, segundo a qual o tecido endometrial descamado é expelido pelas tubas uterinas e cai na cavidade peritoneal, em vez de ser eliminado do organismo.

A teoria da menstruação retrógrada é apoiada por vários estudos científicos. No entanto, o refluxo menstrual, por si só, não seria responsável pelo desenvolvimento da endometriose. Outros fatores somados levariam à doença, como alterações na resposta imunológica e componentes genéticos.

Outra teoria bastante presente na literatura é a da metaplasia celômica, que sugere a transformação do tecido peritoneal normal em tecido endometrial ectópico. Isso poderia acontecer a partir de um estímulo endógeno de indução — hormonal ou imunológico — que levaria à diferenciação das células.

A metaplasia celômica também é relacionada à teoria dos resquícios embrionários müllerianos. Partindo desse pressuposto, as células residuais dos ductos de Müller — que dão origem aos órgãos reprodutores femininos —, localizadas fora do útero, manteriam sua capacidade para desenvolver o tecido endometrial, levando a lesões endometrióticas quando estimuladas pelo hormônio estrogênio.

Há ainda outras hipóteses sobre as causas da endometriose, como a teoria da metástase benigna, que sustenta que as células endometriais são disseminadas por via linfática e hematogênica e resultam em implantes ectópicos. Além dessa, uma proposta mais recente propõe que células-tronco originadas na medula óssea poderiam se diferenciar em tecido endometriótico.

Por que a endometriose causa infertilidade?

A relação entre endometriose e infertilidade é explicada por vários aspectos patológicos. O principal mecanismo envolvido inclui as distorções pélvicas e a formação de aderências — fatores que levam à obstrução das tubas uterinas e à oclusão do óstio tubário, além de dificultar a captação dos óvulos quando estes são liberados pelos ovários.

Além das distorções mecânicas, outras possíveis causas de infertilidade relacionada à endometriose são:

  • alterações na foliculogênese — processo de desenvolvimento dos folículos ovarianos, os quais armazenam os óvulos;
  • inflamação crônica intraperitoneal, com efeitos prejudiciais aos espermatozoides;
  • impacto adverso na qualidade dos óvulos e embriões;
  • defeitos na fase lútea (pós-ovulatória), devido à resistência à progesterona — o que prejudica a implantação do embrião.

Como é o tratamento da endometriose?

Como doença crônica, a endometriose não tem uma cura definitiva, mas existem formas eficazes de tratamento para reduzir os sintomas e melhorar as condições dos órgãos reprodutores para uma gestação.

Para mulheres que desejam engravidar, o tratamento cirúrgico pode ser necessário para remover todos os implantes de tecido endometriótico e restaurar a anatomia e a função dos órgãos. A cirurgia é realizada por videolaparoscopia e normalmente tem bons resultados em relação às chances de gravidez espontânea.

Entretanto, muitas portadoras recorrem às técnicas de reprodução assistida. Nesse âmbito, cada caso é avaliado de forma individualizada para chegar ao tratamento mais apropriado, os quais podem incluir indução à ovulação, inseminação intrauterina ou fertilização in vitro (FIV). Idade materna, situação da reserva ovariana, condições das tubas uterinas e parâmetros seminais do parceiro são fatores determinantes para a escolha da melhor técnica.

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