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Transferência embrionária: conheça a última etapa da FIV

A transferência embrionária é a última etapa da fertilização in vitro (FIV) e pode ser feita com embriões a fresco, quando é realizada no mesmo ciclo, ou com embriões que estavam congelados por qualquer razão. Esse embrião congelado pode ter sido congelado há um mês ou há dez anos, há quanto tempo for.

Neste texto, vamos falar tudo sobre a transferência embrionária, incluindo como ela é feita, como é feito o tratamento de forma geral e como é feito o preparo para qualquer tipo de transferência, tanto a fresco como com embriões congelados.

Se você está procurando mais conhecimento sobre a FIV e, em especial, sobre a transferência embrionária, leia o texto até o fim. São muitos detalhes importantes que as pessoas em reprodução assistida precisam saber para tomar boas decisões.

Transferência a fresco

A transferência de embriões a fresco é a que é realizada no mesmo ciclo da indução da ovulação (primeira etapa da FIV), sem a necessidade de congelamento dos embriões por qualquer razão que seja, como indicação de teste genético pré-implantacional (PGT). Algumas condições são pré-requisitos para que a transferência a fresco possa ser feita.

Condições para a transferência a fresco

A paciente, quando chega à transferência, acabou de vir de um ciclo de indução da ovulação e da retirada dos óvulos – se os níveis hormonais dela estavam adequados, um número máximo de 15 a 20 óvulos foram coletados. Dentro desses níveis hormonais, se a progesterona dela estiver baixa, se o estradiol não estiver tão alto, se clinicamente ela estiver bem, se não estiver no risco de ter uma situação chamada de síndrome de hiperestímulo, será possível fazer a transferência a fresco.

Outra condição para que seja possível fazer a transferência a fresco é não haver a indicação de PGT. Se o casal não precisar do teste genético do embrião, a transferência a fresco também pode ser feita.

O endométrio também precisa estar adequado. Se o endométrio não mostrou durante a indução da ovulação nenhuma alteração precoce, pode-se fazer a transferência a fresco.

No entanto, hoje em dia, a transferência de embrião a fresco, portanto sem o congelamento, passou a ser uma exceção. A maior parte dos pacientes acaba congelando o embrião.

Resumindo, para que a transferência a fresco seja uma possibilidade, algumas condições precisam ser atendidas: o nível hormonal deve estar adequado, o número de folículos tem que ter sido bom e o quadro clínico e o endométrio têm que estar absolutamente adequados para que o embrião seja selecionado por critério morfológico sem a necessidade da aplicação do critério genético.

Portanto, o processo é feito da seguinte forma: indução da ovulação, coleta dos óvulos, fertilização, cultivo embrionário e transferência dos embriões.

Depois da indução da ovulação e que os óvulos são retirados, a paciente começa a utilizar progesterona, que é habitualmente administrada por via vaginal. Algumas pacientes vão poder utilizar por via oral e raramente por via injetável. Os óvulos são coletados pela manhã. No mesmo dia à noite, a paciente começa a fazer uso da progesterona.

Vão se passar cinco dias, durante os quais o embrião vai crescer. Nesses mesmos cinco dias, o endométrio vai sofrer alterações e vai ficar, a partir do quinto dia, receptivo para o embrião que está no laboratório. Esse endométrio que está receptivo vai receber o embrião nessa transferência embrionária que é feita na mesma sala da coleta de óvulos, habitualmente.

Como é feita a transferência embrionária a fresco?

A paciente deve chegar à clínica com cerca de 20 minutos de antecedência e estar acompanhada do parceiro ou de alguém que escolha para estar com ela. Ela não precisa estar em jejum e vai precisar estar com a bexiga cheia, porque facilita a visualização do útero. É um dia muito especial, porque na clínica ela acompanha absolutamente tudo que vai acontecer no momento da transferência.

A paciente vai do quarto para o centro cirúrgico. Faz-se a identificação dela por meio de um mecanismo chamado de time out, que também é feito na hora da coleta dos óvulos. Pacientes que fazem acompanhamento e tratamento aqui na clínica sabem quanto levamos a sério esse processo para que essa identificação seja perfeita.

A paciente chega, fica em posição ginecológica e é colocado o espéculo, de forma semelhante a uma coleta de papanicolau. É feita uma pequena limpeza do orifício interno do colo uterino, porque, às vezes, tem um pouco de muco ou de progesterona na região.

Nesse momento, a embriologista vai à incubadora, tira a plaquinha com o embrião da paciente e traz a placa até o local de manipulação desse embrião. Nessa placa, existe um mecanismo de identificação digital. Nesse momento, a embriologista vai bipar esse mecanismo e a paciente verá na tela o nome dela, do seu companheiro e do seu médico e o procedimento que será realizado.

É um mecanismo de segurança a mais para termos a garantia de que a amostra biológica pertence àquela paciente. As pacientes sempre questionam: como tenho certeza de que o material é meu? Temos dezenas de mecanismos de segurança e um deles é esse do momento da transferência.

Então, a embriologista, utilizando esse mecanismo de segurança, mostrou que pegou a plaquinha com o embrião da paciente. Nesse momento, a paciente e o parceiro começam a acompanhar na tela: ela mostra o embrião ou os embriões. Ela aspira o embrião para uma pipeta, um pequeno canudinho, e coloca esse embrião no meio de cultivo, que é específico para realizar a transferência.

Enquanto a embriologista está separando o embrião, colocando-o no meio de cultura adequado e aspirando-o para dentro do cateter, a paciente e seu companheiro acompanham tudo, em real time, vendo uma câmera que está acoplada ao microscópio dela.

Esse embrião vai para o fertileuta dentro do cateter, que vai colocá-lo no interior do útero da paciente, por dentro de um outro cateter que já havia sido passado previamente para deixar o caminho livre para fazer a transferência da maneira mais delicada.

O procedimento dura entre 5 e 10 minutos. Depois do procedimento, tira-se o cateter, que é levado de volta ao laboratório para que se mostre que o embrião não ficou preso dentro dele. A embriologista, então, vai confirmar o procedimento. O fertileuta tira o espéculo que estava na paciente e dá as orientações do que ela pode ou não pode fazer depois da transferência.

Basicamente, ela deve manter os remédios que estava usando e as mesmas doses, nos mesmos horários. Ela pode fazer o teste de gravidez – o exame de sangue – depois de dez dias, repetir esse teste de gravidez depois de dois ou três dias do primeiro teste e mandar esses resultados para a clínica.

Durante esse período pós-transferência, a paciente não pode fazer atividade física com impacto nem ter relação sexual com penetração, além de ter que evitar comidas cruas. Também não pode tomar bebidas alcoólicas nem fumar, mas não precisa ficar de cama nem evitar viajar, mesmo de avião.

O período após a transferência é um período de muita ansiedade pela expectativa do resultado do tratamento e por não ter mais todo aquele controle dos ultrassons, da coleta, dos óvulos etc. É o período em que o embrião vai se desenvolver e a gravidez vai acontecer ou não, na dependência da qualidade do embrião e da qualidade do endométrio que foi preparado.

É assim que acontece a transferência do embrião fresco.

Transferência de embrião congelado

Já o embrião congelado vai ser transferido posteriormente, algum tempo depois da coleta de óvulos. O embrião estará nos cilindros de nitrogênio identificados, acondicionados corretamente, e, quando se decidir começar a preparar o corpo da paciente para a transferência embrionária, o laboratório é avisado. Basicamente, existem duas maneiras de preparar o corpo da mulher para transferência.

Ciclo preparado

Uma é o que chamamos de ciclo preparado, no qual a paciente menstrua. Ela começa a usar estrogênio, que é o hormônio que normalmente as mulheres já produzem, por via oral ou por via transdérmica ou com adesivo. Esse estrogênio será utilizado por mais ou menos de 10 a 12 dias. A paciente vai fazer um ou dois exames de ultrassom a partir de oito ou dez dias do início do estrogênio depois da menstruação.

Quando o endométrio estiver com aspecto adequado, ou seja, com no mínimo 6 mm e com aspecto que chamamos de três linhas, podemos seguir em frente, que é dar um pouco de progesterona para a paciente. Esse é o hormônio que vai preparar o endométrio para receber o embrião, que vai torná-lo receptivo. O uso de progesterona é feito por 5 dias por via vaginal ou por via oral, raramente por via intramuscular.

Cinco dias depois da utilização da progesterona, a paciente vai para o laboratório e será recebida pela nossa equipe. Então ela e seu companheiro são identificados e passam pelo procedimento, da mesma forma que na transferência do embrião fresco.

Ciclo natural

Outro tipo de transferência de embrião congelado é o ciclo natural. Em vez de a paciente receber todas as medicações por via oral, ela avisa quando menstruar. Então, aproximadamente 8 dias depois disso ela vai para a clínica.

Se a paciente ovula corretamente, essa é a grande indicação para fazer a transferência em ciclo natural. O ultrassom é feito para identificar se o folículo começou a crescer. Ele produz estrogênio, que é o hormônio utilizado no ciclo preparado.

O estrogênio natural vai deixar o endométrio receptivo. Quando o folículo está perto de ovular, utiliza-se uma estratégia para que ele ovule em um momento específico, não em qualquer momento, porque o momento ideal é o que determinamos que o endométrio começa a ficar pronto para receber a progesterona.

Mais ou menos 120 horas depois do uso da progesterona ou cinco dias, o pessoal do laboratório vai descongelar os embriões ou o embrião, vai preparar esse embrião dentro de uma placa e vai levar esse embrião para o centro cirúrgico, para que a transferência seja feita da mesma forma que a transferência do embrião a fresco.

É assim que a transferência embrionária é feita: com embrião fresco ou embrião congelado. Se congelado, num ciclo natural ou num ciclo preparado.

Esse é o momento mais especial do tratamento. É o momento em que as pessoas envolvidas estão em um clima muito positivo. É o momento que coroa todo aquele trabalho, às vezes de meses, e em que todos desejam àquele casal que tudo de bom aconteça.

Quer saber mais sobre a FIV? Leia nosso texto completo sobre a técnica!

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