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Adenomiose: sintomas

Para que a mulher possa engravidar, o sistema reprodutor feminino, incluindo suas estruturas anatômicas, os seus hormônios e outros aspectos importantes, precisam estar com suas funções preservadas. O útero, por exemplo, é o órgão responsável pelo acolhimento e crescimento do embrião/feto até o nascimento. É constituído por três camadas, duas delas particularmente importantes nesse processo: o endométrio e o miométrio.

O endométrio é a camada que reveste o órgão internamente, composta por tecido epitelial altamente vascularizado. É nele que o embrião se implanta bem no começo da gestação (nos primeiros dias) e fica abrigado até que a placenta seja formada.

Já o miométrio é a camada muscular, intermediária, que realiza as contrações durante o parto para que o bebê nasça.

O endométrio e o miométrio são unidos por uma espécie de barreira fina chamada zona juncional (que é a parte mais interna do miométrio).

Em alguns casos, o tecido endometrial, devido a alguns fatores, pode invadir o miométrio, causando a doença que chamamos de adenomiose. Ainda não está bem estabelecida na literatura a relação entre a adenomiose e a infertilidade, mas precisamos ficar atentos porque há indícios dessa relação e a doença afeta uma região muito importante para a gravidez: o endométrio.

Pode haver uma confusão entre endometriose e adenomiose, mas são doenças diferentes. Enquanto na endometriose há a adesão e proliferação de células endometriais em lugar ectópico, fora do útero, na adenomiose é o próprio tecido endometrial que invade o miométrio e provoca a inflamação, já que as células continuam respondendo à ação do estradiol para o espessamento do endométrio (processo que torna o endométrio receptivo ao embrião).

Este texto aborda a adenomiose e os sintomas que alertam para a necessidade de procurar auxílio médico. Continue a leitura e saiba mais!

O que é adenomiose?

A adenomiose é a doença em que fragmentos do endométrio invadem o miométrio. É uma doença crônica diagnosticada com mais frequência em mulheres com mais de 40 anos que tiveram filhos. Embora a idade e ter tido filho(s) sejam fatores de risco, pode ocorrer em qualquer idade, inclusive durante a fase reprodutiva da mulher.

A adenomiose é classificada como focal ou difusa. Se um ou poucos focos estiverem localizados em pontos do miométrio, diagnostica-se a forma focal da doença. Quando os focos são numerosos e se espalham, há a forma difusa.

As causas da adenomiose ainda não estão bem estabelecidas na literatura. Teorias sugerem que o rompimento da zona juncional por qualquer razão é um fator importante para o desenvolvimento da doença.

Sintomas da adenomiose

O tecido endometrial que invade o miométrio também reage à ação do estrogênio, hormônio que prepara o endométrio a cada ciclo menstrual para receber o embrião e isso tem relação com os sintomas da doença. No início, a adenomiose pode ser assintomática ou provocar apenas um leve desconforto. Porém, à medida que se desenvolve, pode provocar sintomas mais severos.

Os sintomas mais comuns são:

  • Sangramento menstrual prolongado e mais intenso;
  • Dismenorreia (cólicas e dores na região pélvica durante a menstruação);
  • Aumento do volume uterino;
  • O sangramento excessivo pode levar à anemia, que provoca cansaço ou vertigem.

Os sintomas podem se manifestar em intensidades diferentes. Quando são mais severos, interferem na qualidade de vida e nas atividades do dia a dia.

Se a adenomiose surgir durante a vida reprodutiva da mulher, pode afetar a fertilidade. A relação entre adenomiose e infertilidade vem sendo cada vez mais reconhecida e estudos sugerem que a adenomiose pode afetar a fertilidade de diversas formas, já que pode provocar alterações em diferentes aspectos do corpo feminino.

Assim, a adenomiose pode provocar infertilidade:

  • Por prejudicar o transporte dos espermatozoides pelo útero;
  • Por falhas de implantação;
  • Por aumento nas chances de abortamento.

Por isso, precisamos sempre fazer uma investigação detalhada da fertilidade, não somente da mulher como do homem.

A mulher deixa de manifestar os sintomas após a menopausa, justamente pela relação da doença com a ação do estrogênio sobre o tecido endometrial no miométrio.

A adenomiose é uma doença que ainda está sendo muito observada e estudada. Em pouco tempo teremos dados mais precisos sobre ela.

Como investigar e diagnosticar a adenomiose?

O primeiro passo para suspeitar da adenomiose são os sintomas. Dependendo dos relatos da paciente, podemos já esperar que seja adenomiose.

Para confirmar a presença da doença, podemos realizar dois exames de imagem: a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética. Eles também são importantes para excluir a incidência de outras doenças que manifestam sintomas semelhantes, como pólipos endometriais, endometriose e miomas uterinos.

A ultrassonografia transvaginal normalmente é o primeiro a ser realizado, até por sua baixa complexidade e altas sensibilidade e especificidade. A ressonância magnética (RM) pode ser solicitada se houver dúvida no diagnóstico. Atualmente sabemos que a ultrassonografia realizada por profissionais treinados apresenta a mesma acurácia (capacidade de diagnóstico) que a RM.

Quais tratamentos são indicados para adenomiose?

A adenomiose não tem cura. Qualquer tratamento indicado tem a intenção de reduzir sintomas e os efeitos da doença.

Por ser uma doença crônica, o tratamento tem como propósito aliviar os sintomas. Se eles forem leves, podemos prescrever analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para aliviar dor e inflamação e medicamentos hormonais para tentar amenizar o aumento do fluxo menstrual e cólicas severas. No entanto, nem sempre esse tratamento dá resultados.

Podemos ainda usar hormônios (progestágenos), por via oral, injetável ou por DIU que liberam esse hormônio continuamente no interior do útero. Pílulas anticoncepcionais e outros tratamentos hormonais, como a gestrinona ou análogos do GnRh, também podem ser indicados para controlar clinicamente a doença.

Para mulheres que não pretendem engravidar e manifestam sintomas severos que não foram controlados com o tratamento medicamentoso, é indicada a histerectomia (retirada total ou parcial do útero e tubas uterinas) e depois feita a análise histológica do tecido retirado para confirmar a presença da doença.

Se a mulher busca engravidar, a reprodução assistida, principalmente a FIV (fertilização in vitro), pode ajudar, mas depois de uma análise detalhada da fertilidade do homem e da mulher. Como a adenomiose pode causar falhas de implantação, devemos considerar o congelamento de embriões e posterior tratamento clínico da adenomiose (habitualmente com análogos do GnRh) por 2 a 6 meses para posterior transferência embrionária.

Para saber mais sobre adenomiose, toque aqui.

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