O ciclo menstrual é determinante para a fertilidade da mulher. Quando ocorre de forma regular, é possível, inclusive calcular o período fértil para aumentar as chances de gravidez. Já os ciclos irregulares podem estar associados a alguma disfunção ovulatória — uma causa comum de infertilidade feminina.
Uma série de transformações ocorre no útero durante o ciclo menstrual, a fim de preparar o endométrio para receber um embrião, caso um óvulo seja fertilizado. Ao longo desse processo, o corpo da mulher responde à ação de diversos hormônios produzidos pela glândula hipofisária e pelos ovários, passando pelas fases folicular, ovulatória e lútea.
Neste post, vamos explicar como o ciclo menstrual acontece, o que difere os ciclos regulares e irregulares e como isso pode afetar a fertilidade da mulher. Acompanhe!
O ciclo menstrual regular dura em torno de 28 dias e indica que os hormônios e os ovários estão funcionando corretamente, ou seja, a mulher provavelmente ovula todos os meses. Ciclos regulares ainda podem ter algumas variações, sendo mais curtos ou mais longos que o exemplo mencionado. No entanto, se os intervalos entre as menstruações duram menos que 21 dias ou mais que 35, é necessário averiguar se há algum distúrbio envolvido.
No ciclo menstrual regular, é possível calcular a data da ovulação e do período fértil. Já nos ciclos irregulares, a mulher não sabe quando vai menstruar ou ovular. Algumas, dependendo do fator envolvido, podem passar vários meses sem menstruação.
Entre as condições que podem deixar o ciclo menstrual irregular, estão:
O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação com a descamação do endométrio — tecido que reveste o útero internamente. Vamos entender como cada fase do ciclo acontece:
No início do ciclo, os níveis de estrogênio e progesterona — hormônios ovarianos — estão baixos e os ovários estão em repouso. Nesse período, o hipotálamo secreta o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) para estimular a hipófise a aumentar a produção dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH).
Juntos, FSH e LH (o primeiro em maior quantidade) estimulam o crescimento de vários folículos ovarianos — unidades funcionais que abrigam os óvulos. Enquanto isso, pequenas quantidades de estradiol também são secretadas pelos folículos em crescimento.
Embora vários folículos sejam recrutados para o desenvolvimento, apenas um deles chega ao estágio ideal de maturação — o folículo dominante —, enquanto os demais involuem.
A fase ovulatória é marcada por um aumento súbito de LH, responsável pela maturação final do óvulo. Cerca de 35 horas depois do pico de LH, o folículo dominante e a parede adjacente do ovário se rompem para liberar o óvulo. Assim, a ovulação acontece cerca de 14 dias após o início da menstruação — isso em ciclos regulares de 28 dias.
Quando o óvulo é liberado, ele é captado pelas fímbrias da tuba uterina e no interior desse órgão permanece por até 1 dia, onde deve ser encontrado e fertilizado por um espermatozoide.
Após a ovulação, o folículo que se rompeu para liberar o óvulo se transforma em corpo-lúteo e passa a secretar estrogênio e altos níveis de progesterona. Esse hormônio é responsável pelo preparo uterino, deixando o ambiente favorável para receber um embrião.
Se o óvulo não foi fertilizado, o corpo-lúteo involui dias depois da ovulação, reduzindo a secreção de estrogênio e progesterona até que o endométrio passe por descamação. Assim, ocorre outra menstruação, marcando o início de um novo ciclo.
Ciclos menstruais regulares facilitam o cálculo do período fértil. Dessa forma, se o casal praticar relações sexuais na fase ovulatória, as chances de gestação aumentam. Por outro lado, mulheres que querem engravidar, mas têm ciclos irregulares, precisam buscar avaliação especializada para descobrir se apresentam algum problema de ovulação.
Se a mulher não ovula corretamente, logo as chances de engravidar naturalmente reduzem. Diversos distúrbios podem estar associados, como vimos acima. Portanto, ciclos menstruais irregulares podem revelar infertilidade feminina por anovulação.
Na reprodução assistida, após a investigação completa dos fatores de infertilidade feminina e masculina, o casal pode tentar a gravidez com a técnica de indução à ovulação. Para isso, são utilizados medicamentos hormonais para estimular a função dos ovários, de forma semelhante aos hormônios naturais.
Se a infertilidade estiver relacionada somente à disfunção ovulatória, o casal pode realizar a relação sexual programada (RSP) com indução à ovulação. Contudo, se além do ciclo menstrual irregular for detectado algum fator mais grave de infertilidade — como endometriose avançada, obstrução tubária ou problemas masculinos — a fertilização in vitro (FIV) é mais indicada.
Depois de saber um pouco mais sobre como acontece o ciclo menstrual, aproveite para ler também nosso texto institucional que explica de forma clara como calcular o período fértil!