Por volta dos 35 anos, as mulheres sofrem uma queda em sua fertilidade e após essa idade elas podem encontrar maior dificuldade para engravidar. Cerca de 10 a 15 anos depois acontece a menopausa, a última menstruação da vida, que faz com que a mulher se torne completamente infértil.
Com o passar dos anos, ocorre uma diminuição contínua e irreversível do número de óvulos das mulheres. Esse número de óvulos é a reserva ovariana, um conceito muito importante para a saúde reprodutiva das mulheres.
Caso queira entender o que é isso e qual a relação da reserva ovariana com a infertilidade, leia o texto que elaborei sobre o assunto.
A reserva ovariana é o número de óvulos que a mulher possui e que podem ser fecundados em uma tentativa de gravidez. Para que você possa entender melhor o que isso significa, é importante explicar o que acontece desde antes de uma mulher nascer.
Durante a gestação, o feto feminino tem cerca de 6 milhões de folículos ovarianos, que são os envoltórios que guardam os óvulos e se rompem para liberá-los na hora da ovulação, que ocorre uma vez a cada ciclo menstrual. Porém, no momento do nascimento, a quantidade de folículos já é cerca de 70% menor.
As mulheres nascem com cerca de 2 milhões de folículos ovarianos, e o corpo não consegue produzir nem um único óvulo extra durante a vida. Pelo contrário, com o passar do tempo, esse número só diminui. Quando a menina começa a menstruar, estimamos que ela tenha apenas 300 mil óvulos em seus ovários. Além disso, naturalmente os óvulos vão envelhecendo e piorando sua qualidade à medida que a idade da mulher avança.
A cada ciclo menstrual, aproximadamente 1000 folículos começam a se desenvolver. No entanto, somente um deles será o dominante e amadurecerá até se romper para liberar um óvulo, que pode ou não resultar em uma gravidez, mas todos os outros também serão perdidos. Ou seja, a cada mês as mulheres perdem folículos ovarianos e, consequentemente, os óvulos que estavam dentro de cada um deles. Quando a mulher está tomando pílula, continua perdendo esses 1000 folículos por mês. Mesmo durante a gravidez, mensalmente, aproximadamente 1000 folículos são perdidos!
Outro dado interessante é que, quando estimulamos a ovulação de uma paciente para congelar óvulos ou fazer FIV, não estamos “roubando” óvulos do futuro. Estamos aproveitando melhor aqueles 1000 que começaram a se desenvolver aquele mês. Portanto, quando conseguimos 15 óvulos, por exemplo, não estamos adiantando a menopausa em 15 meses, mas apenas aproveitando melhor os 1000 daquele mês, então, 15 ovulariam e 985 se perderiam.
Como não há a renovação ou a produção de novos folículos, o número de óvulos — ou a reserva ovariana — de uma mulher vai diminuindo até se esgotar.
Quando a reserva ovariana é muito baixa, a mulher pode apresentar dificuldades para engravidar. Quando essa reserva se esgota, a mulher passa pela menopausa, que é a última menstruação de sua vida. Após a menopausa, não existe mais a possibilidade de engravidar.
É por isso que por volta dos 35 anos as mulheres possuem mais dificuldade para alcançar uma gravidez. Além de já possuírem um número muito menor de óvulos em comparação aos seus 20 anos, eles já são considerados velhos e possuem uma qualidade menor do que os óvulos mais jovens.
Existem três exames principais que podem ajudar a medir a reserva ovariana, com características diferentes. A melhor opção vai depender de cada caso, e somente um médico poderá lhe indicar o que considerar ideal para você.
Também conhecido como HAM, o hormônio antimülleriano é produzido por células que estão presentes nos folículos ovarianos. Ou seja, quanto maior o nível do HAM, maior o número de folículos existentes.
O exame é feito por coleta de sangue e o valor considerado normal varia entre 1,0 e 3,0 ng/mL. Caso o resultado apresente um valor menor que 1,0 ng/mL, significa que a mulher possui baixa reserva ovariana.
Outro exame muito utilizado para medir a reserva ovariana é a contagem de folículos antrais (ou folículos ovarianos), que deve ser feito entre o primeiro e o terceiro dia do ciclo menstrual.
Um ultrassom transvaginal é feito para contar o número de folículos que possuem entre 2 e 10 mm de diâmetro. Quanto mais baixo for o número de folículos antrais, menor será a reserva ovariana. Consideramos que uma CFA menor que 10 (na soma dos dois ovários) é considerada uma baixa reserva ovariana.
FSH é a sigla para hormônio folículo-estimulante (FSH), que é o hormônio responsável pelo crescimento dos folículos ovarianos. A medição é feita por meio de um exame de sangue e o resultado ideal é FSH < 10 UI/L.
O FSH é regulado por hormônios. Se o nível de FSH estiver alto, pode significar que a reserva ovariana está baixa. Porém, a quantidade de hormônio folículo-estimulante pode variar durante o ciclo menstrual. Por isso, em alguns casos, é recomendado combinar este com outros exames, para um resultado ainda mais seguro.
Conseguiu entender a importância da reserva ovariana e sua relação com a infertilidade? Para se aprofundar no assunto, leia nosso conteúdo sobre a avaliação da reserva ovariana.
Comentários:
Boa noite
Edvanda em 01/03/2024 às 23:11Dr João, tenho 40 anos uma filha de 11 e 5 abortos espontâneos. Há 1 ano 9 meses tento engravidar porém não estou conseguindo,fiz todos os exames.Histeroscopia e Histerossalpingografia e por fim fiz o anti muleriano que deu 0,03.Tenho chance de engravidar naturalmente?
Edvanda, infelizmente não é possível avaliar apenas com seu relato. É importante que você procure atendimento em consultório.
Dr. João Dias em 03/04/2024 às 13:51