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Cultivo embrionário na FIV: conheça os detalhes

Apelidada de ‘bebê de proveta’ quando surgiu na década de 1970, a fertilização in vitro (FIV) é, atualmente, considerada a principal técnica de reprodução assistida, com as maiores taxas de gravidez bem-sucedida.

O apelido da FIV foi criado em referência ao fato de a técnica possibilitar a fecundação de óvulos e espermatozoides em laboratório, in vitro.

No entanto, para que a gravidez ocorra, são necessárias diferentes etapas, o cultivo embrionário é uma delas. Dos anos 1970 até os dias atuais a FIV evoluiu, assim como a tecnologia laboratorial e os métodos de cultivar o embrião.

Hoje, ainda que os problemas de infertilidade tenham se tornado questão de saúde pública mundial, a FIV registra anualmente milhares de nascimentos no mundo todo, realizando o sonho de ter filhos. A maior eficácia nos métodos de cultivo embrionário está entre os fatores que contribuiu para garantir percentuais tão expressivos.

Continue a leitura e conheça todos os detalhes do cultivo embrionário na FIV.

O que é cultivo embrionário?

O cultivo embrionário é uma das principais etapas da FIV. Após a fecundação de óvulos e espermatozoides, que ocorre em laboratório, os embriões formados são cultivados por até seis dias.

Assim como a fecundação, é um processo que pode ser acompanhado bem de perto, garantindo, dessa forma, que apenas os embriões mais saudáveis sejam transferidos para o útero materno.

Entenda melhor como a FIV funciona

Para que a gravidez ocorra, o tratamento por fertilização in vitro é realizado em cinco etapas:

  1. estimulação ovariana ou indução da ovulação;
  2. aspiração folicular e coleta de sêmen;
  3. fecundação;
  4. cultivo embrionário;
  5. transferência embrionária.

Na estimulação ovariana e indução da ovulação são administrados medicamentos hormonais semelhantes aos naturais, com o propósito de estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos , cavidades nas quais o óvulo é armazenado, obtendo, consequentemente, mais óvulos maduros para fecundação.

Na gestação natural, por exemplo, mesmo que diversos folículos cresçam, apenas um desenvolve, amadurece e rompe para liberar o óvulo.

Na segunda etapa é realizada a coleta dos folículos maduros por aspiração folicular, extração dos óvulos e seleção dos melhores em laboratório. Ao mesmo tempo, amostras de sêmen são coletadas e submetidas ao preparo seminal, técnica que prevê a seleção dos espermatozoides mais saudáveis por diferentes métodos.

Os melhores gametas (óvulos e espermatozoides) são, então, fecundados em laboratório por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide): com o auxílio de um micromanipulador de gametas, aparelho de alta precisão, cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.

Os embriões formados na fecundação são cultivados por até seis dias em laboratório e transferidos para o útero em duas fases de desenvolvimento: D3 ou clivagem, no segundo ou terceiro dia e blastocisto, no quinto ou sexto dia.

Saiba detalhadamente como o cultivo embrionário é realizado

Os embriões são inseridos em cateter e colocados em uma incubadora para o cultivo: o ambiente proporcionado pelos meios de cultura é semelhante ao uterino e o desenvolvimento é acompanhado diariamente por um embriologista.

No início da FIV o embrião era cultivado por no máximo 3 dias, na fase D3 ou clivagem, quando começa a divisão celular e ele ainda possui poucas células: entre quatro e oito.

A cultura estendida, por outro lado, que se tornou possível com a evolução dos meios de cultura e técnicas laboratoriais, permitiu o cultivo por até seis dias, no blastocisto, fase em que o embrião já possui as células formadas e divididas por função.

A fase permite uma avaliação mais precisa da saúde do embrião, proporcionando a seleção dos melhores para serem transferidos ao útero. Também há maior sincronização fisiológica, pois é durante o blastocisto que a implantação (nidação) ocorre no processo natural de gestação. A implantação do embrião é um dos principais critérios determinantes do sucesso da FIV.

Além disso, com o embrião em blastocisto, diferentes técnicas complementares à FIV foram desenvolvidas para proporcionar a solução de problemas que podem resultar em falhas no tratamento.

Entre elas está o teste genético pré-implantacional (PGT), que utiliza a tecnologia NGS, next generation sequencing, ou sequenciamento de nova geração, para analisar as células do embrião, detectando doenças genéticas e anormalidades cromossômicas.

O PGT, ao mesmo tempo que evita a transmissão desses distúrbios para as futuras gerações, contribui para minimizar as falhas de implantação embrionária, fortemente associadas às anormalidades cromossômicas: são transferidos para o útero materno apenas os embriões mais saudáveis.

Outras três técnicas também contribuem para minimizar falhas na implantação: o teste ERA, o hatching assistido e a freeze all. O ERA, como o PGT, é uma ferramenta molecular que utiliza a tecnologia NGS para analisar as células do endométrio e indicar o período mais adequado para a transferência ser realizada. É particularmente indicado para mulheres com falhas de implantação repetida, assim definida quando há três falhas ou mais, consecutivas.

Já o hatching assistido facilita a eclosão do embrião a partir da criação de aberturas artificiais na zona pelúcida, camada que o protege nos primeiros dias de vida. Na FIV, assim como na gestação natural, o embrião deve romper a zona pelúcida para implantar no endométrio.

Embriões de mulheres mais velhas, por exemplo, geralmente possuem uma camada mais densa, resultando em dificuldades para rompê-la e, consequentemente, em falhas na implantação.

A cultura estendida permitiu, ainda, o congelamento de todos os embriões formados em um ciclo, para que sejam transferidos apenas no posterior. A técnica é conhecida como freeze all, e contribuiu para reduzir efeitos que os medicamentos hormonais utilizados na estimulação ovariana podem vir a causar no ciclo endometrial, levando a um deslocamento da ‘janela de implantação’, termo que define o período mais receptivo para a transferência do embrião.

Ao mesmo tempo tornou possível a transferência de um único embrião, reduzindo, nesse caso, a incidência de gestação gemelar, potencialmente mais perigosa para a mãe e para o feto se comprada à gestação única.

O cultivo estendido do embrião, portanto, elevou significativamente a curva de sucesso da FIV. Hoje, a cada ciclo de tratamento, há, em média, 40% de chance de a gravidez ser bem-sucedida.

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