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Folículos e óvulos: conheça as diferenças

As lições de biologia na escola nem sempre são bem compreendidas quando essa não é nossa área de interesse. Por isso, algumas pessoas conhecem apenas superficialmente o funcionamento do sistema reprodutor, com maior atenção a etapas como fecundação e desenvolvimento do feto.

Assim, alguns detalhes importantes acabam sendo desconhecidos, o que gera bastante confusão. Entre os termos mais frequentemente confundidos ou desconhecidos, por exemplo, estão folículos e óvulos. Para alguns, eles são a mesma coisa. Para outros, há ainda mitos, como o de que um folículo pode armazenar vários óvulos.

Quer saber a diferença entre folículos e óvulos e a função de cada um deles na reprodução? Continue a leitura até o final e veja!

O que são folículos e qual a sua função na reprodução?

Os folículos ovarianos são cavidades em forma de uma bola, que medem de 1 mm a aproximadamente 24 mm preenchidas por líquido. Eles contêm o óvulo ainda imaturo e estão localizados na parte externa de cada ovário, as glândulas sexuais femininas: o óvulo é envolvido por uma ou mais camadas de células foliculares, também conhecidas como células da granulosa.

Os folículos primordiais são formados ainda durante a vida fetal e estão presentes nos ovários desde o nascimento. A mulher nasce com uma reserva ovariana com aproximadamente 1 milhão de folículos. No entanto, essa quantidade diminui na puberdade para mais ou menos 400 mil e continuam diminuindo depois da menarca (primeira menstruação) a cada ciclo menstrual. Eles também são responsáveis pela produção de hormônios que regulam os estágios do ciclo menstrual.

A partir da puberdade, no início de cada ciclo menstrual, um grupo de folículos inicia o seu crescimento, processo estimulado pelo hormônio folículo-estimulante (FSH).

A proliferação das células foliculares origina um tecido epitelial conhecido como camada granulosa e o folículo passa a receber o nome de folículo primário ou folículo pré-antral. Ao redor do óvulo, é secretada uma camada de glicoproteínas, denominada zona pelúcida.

À medida que crescem, o líquido folicular começa a acumular entre as células. Os pequenos espaços que contêm esse fluido se unem e as que fazem parte da camada granulosa se reorganizam, dando origem ao antro folicular, uma espécie de cavidade. Esses folículos passam a receber o nome de folículos secundários ou folículos antrais: são os folículos que possuem capacidade de ovular e liberar o óvulo.

Geralmente, um folículo cresce muito mais do que os outros, tornando-se o folículo dominante, que pode vir a alcançar o estágio mais desenvolvido e ovular, passando a ser chamado folículo de Graaf ou folículo ovulatório.

Os outros folículos que compõem o grupo dos que estavam crescendo regridem. Assim, a cada ciclo menstrual a reserva ovariana naturalmente diminui, até que não existam mais folículos. Quando isso acontece, os ovários entram em falência, desencadeando a menopausa. A reserva ovariana, portanto, funciona como um marcador da fertilidade feminina.

O que são óvulos e qual a sua função na reprodução?

Os óvulos são as células sexuais ou gametas femininos. Têm uma forma esférica e são constituídos por membrana plasmática, citoplasma e núcleo. A membrana que envolve o óvulo, também chamada de membrana vitelínica, é uma grossa camada de glicoproteínas aderidas à membrana plasmática ovular, conhecida como zona pelúcida.

A zona pelúcida também é revestida por células foliculares ovarianas, que nutriram o óvulo durante todo o seu desenvolvimento. Elas protegem o óvulo contra choques mecânicos e permitem a entrada de apenas um espermatozoide. O corpo naturalmente evita gestações múltiplas, uma vez que os riscos tanto para a mãe quanto para os fetos são maiores.

Abaixo da membrana plasmática do óvulo estão localizadas pequenas bolsas que contêm enzimas digestivas chamadas grânulos corticais. Quando um espermatozoide penetra o óvulo, os grânulos corticais se fundem na membrana, liberando suas enzimas que alteram as glicoproteínas presentes no envoltório ovular, destruindo a capacidade de se ligar a espermatozoides. Assim, nenhum outro espermatozoide consegue atravessar a zona pelúcida.

Quando ocorre a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, seus núcleos se fundem. No núcleo do óvulo, encontram-se os cromossomos (genes – informação genética) da mulher, e, no núcleo do espermatozoide, estão os cromossomos do homem. Com a fusão dos núcleos, o óvulo se transforma em célula-ovo, conhecida como zigoto, iniciando o processo de divisão celular e de formação do embrião.

Folículos, óvulos e reprodução assistida

Em todas as técnicas de reprodução assistida – relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) –, o crescimento dos folículos é estimulado por medicamentos hormonais. O procedimento é conhecido como estimulação ovariana e possibilita o crescimento de um número maior de folículos antrais.

Nas técnicas de baixa complexidade, RSP e IA, os ciclos são minimamente estimulados para que até três folículos amadureçam e liberem os óvulos, pois a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas. Se mais de três óvulos forem liberados, precisamos interromper o procedimento para evitar gestação múltipla.

Na FIV, por outro lado, técnica de maior complexidade, em que a fecundação é feita em laboratório, in vitro, as dosagens hormonais durante a estimulação ovariana são mais altas, pois o objetivo é conseguir um número mais elevado de óvulos, já que nesse estágio não há risco de gestação múltipla.

Em todas as técnicas, quando os folículos atingem o tamanho ideal (aproximadamente 18 mm), outro medicamento é administrado na paciente, induzindo a ovulação (rompimento dos folículos para a liberação dos óvulos).

Na RSP, nesse momento indicamos para o casal o período mais fértil da mulher para que intensifiquem as relações sexuais. Na IA, nessa fase o homem faz a coleta por masturbação e selecionamos os melhores espermatozoides por técnicas de preparo seminal. Logo depois, depositamos o preparado de espermatozoides diretamente no útero para que fecundem o óvulo.

Já na FIV, cerca de 35 horas após a administração do hormônio que provoca o amadurecimento final dos folículos fazemos a aspiração folicular: o líquido de cada folículo é aspirado e posteriormente cada óvulo é identificado e separado em laboratório. Os óvulos coletados podem ser fecundados à fresco ou podem ser congelados para serem utilizados no futuro.

Após a fecundação, os embriões formados são cultivados em laboratório por alguns dias e transferidos para o útero.

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