É comum pensarmos que a infertilidade está associada sempre à impossibilidade da fecundação, mas, em algumas situações, mesmo com o encontro entre óvulo e espermatozoide ocorrendo normalmente, dificuldades na implantação do embrião no útero (nidação) podem levar a abortos espontâneos e perda da gestação.
A infertilidade por dificuldades de implantação pode acontecer em decorrência de problemas no revestimento do útero, com destaque para endometrite, um tipo de inflamação do endométrio, mas também ocorre quando o embrião não consegue romper a zona pelúcida que o envolve para se fixar na parede uterina.
As dificuldades de romper a zona pelúcida estão relacionadas a alguns fatores, como a idade da mulher, já que com o tempo, especialmente após os 35 anos, a zona pelúcida dos óvulos torna-se mais espessa, levando a um quadro de abortos de repetição, um dos motivos que levam a mulher a procurar a reprodução assistida.
Na última etapa da fertilização in vitro (FIV), com o uso de uma técnica chamada hatching assistido, é possível auxiliar o embrião cuja zona pelúcida é mais espessa que o normal a rompê-la para facilitar a nidação, que é a fixação do embrião no endométrio após a transferência embrionária.
Essa não é uma técnica muito utilizada. Os casos de zona pelúcida espessa não são tão frequentes.
Quer saber mais sobre hatching assistido? Acompanhe a leitura do texto a seguir!
Os óvulos são células que contêm metade do material genético de um ser humano e, quando maduras, são envoltos por uma membrana celular com funções especiais: impedir a entrada de mais do que um espermatozoide após a fecundação, assim como a entrada de espermatozoides de outra espécie, e nutrir e proteger o embrião nos primeiros dias de vida, além de manter suas células unidas no percurso que começa nas tubas uterinas ou trompas de Falópio e termina na cavidade uterina, especificamente no endométrio. Ali a zona pelúcida se rompe para que o embrião se fixe no endométrio, quando também começa o processo de formação da placenta.
Quando a fecundação acontece, um único espermatozoide entra no óvulo, seus pronúcleos se fundem e têm início as primeiras divisões celulares do embrião. Na fecundação por vias naturais, esse processo de divisão celular normalmente vai acontecendo enquanto o embrião é transportado das tubas, onde a fecundação ocorreu, para o útero, onde se implanta no endométrio em sua fase de desenvolvimento chamada blastocisto.
No momento da implantação, que ocorre de 5 a 7 dias após a fecundação, a zona pelúcida do embrião deve se romper para que ele possa se expor ao endométrio, no qual permanecerá fixo durante toda a gestação. Esse processo de rompimento da zona pelúcida para implantação do embrião é chamado hatching.
O hatching assistido é uma técnica utilizada na penúltima etapa da fertilização in vitro (FIV), para facilitar o processo de rompimento da zona pelúcida dos embriões, aumentando as chances de implantação após a fase de transferência embrionária.
Não existem estudos consistentes que possam afirmar com certeza que essa técnica aumenta as chances de sucesso da FIV, por isso deve ser indicada apenas em contextos específicos.
Os casos que têm preferência para a realização do hatching assistido incluem mulheres ou casais com baixo prognóstico em tratamentos anteriores, idade materna avançada, casais com histórico de aborto de repetição e embriões com zona pelúcida espessa resultantes de FIV, incluindo aqueles que foram descongelados para o procedimento.
O hatching assistido é feito durante os procedimentos da FIV, especificamente entre as etapas de cultivo e transferência embrionária. Após a fecundação, os embriões permanecem de 3 a 6 dias em laboratório, para que seja observado o sucesso das primeiras divisões celulares.
O hatching deve ser realizado entre o terceiro e o sexto dia de desenvolvimento embrionário. O planejamento do procedimento, entretanto, é feito com antecedência.
Existem várias técnicas de hatching assistido: mecânica, química ou a laser, mas atualmente o método a laser é o mais indicado por seus melhores resultados.
A FIV, considerada a principal técnica de reprodução assistida, além do hatching assistido, conta com outras técnicas complementares ao tratamento, importantes para solucionar problemas que podem resultar em falhas.
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