É impossível negar que muitas mudanças ocorreram na sociedade nos últimos anos. Graças à tecnologia, às revoluções sociais e a diversos outros fatores, os hábitos e os pensamentos atuais são muito diferentes do que eram há 30 ou 50 anos. O que isso tem a ver com a fertilidade?
Por questões biológicas, após os 35 anos de idade, a mulher apresenta maior dificuldade para engravidar, já que sofre um decréscimo da quantidade e qualidade dos seus óvulos. O homem vai se tornando menos fértil com o passar dos anos também, porém de maneira menos intensa que a mulher.
Nas gerações anteriores, grande parte das mulheres engravidava muito jovem, já que a expectativa de vida era mais baixa e a prioridade era constituir uma família. Atualmente, é muito comum encontrar mulheres com mais de 30 anos que desejam ser mães, mas ainda não tiveram filhos.
Isso acontece porque atualmente tem se priorizado a carreira, os estudos e as viagens quando se é jovem, e a maioria dos casais prefere esperar alguns anos até ter a vida estável e os sonhos realizados para finalmente engravidar.
Mas o que acontece quando uma mulher decide ter um filho após os 35 anos ou um homem quer ser pai em uma idade mais avançada? A ciência já possui uma solução para esses casos, que, na nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) (2168/2017), foi denominada Preservação Social da Fertilidade.
Para entender melhor o assunto, leia as informações a seguir.
As resoluções do CFM são conjuntos de regras que têm como objetivo regulamentar diferentes áreas da medicina, incluindo a reprodução assistida. Um dos itens citados na nova resolução é a possibilidade do congelamento de gametas, embriões e tecidos germinativos para pessoas com o objetivo de preservar a fertilidade.
Isso significa que, mesmo sem um diagnóstico de infertilidade, qualquer pessoa pode passar pelo processo de criopreservação para utilizar seus gametas futuramente, no momento que preferir. Ou seja, uma mulher que tem a intenção de engravidar após os 35 anos pode congelar seus óvulos no momento que achar melhor e usá-los posteriormente caso não consiga alcançar uma gravidez pelos métodos naturais.
Dessa forma, os casais podem fazer seu planejamento reprodutivo de acordo com sua realidade e suas expectativas, em vez de mudarem seus planos e aumentarem a família mais cedo do que o desejado pelas questões biológicas ou desistirem de ter filhos por já não conseguirem engravidar e não ter seus gametas preservados.
A resolução do CFM permite que qualquer pessoa em idade reprodutiva opte pela preservação social da fertilidade, mesmo sem indicação médica para assistência à fertilidade.
Futuramente, caso necessário, os gametas ou embriões congelados podem ser utilizados em um procedimento de reprodução assistida. Porém, só é permitido pelo CFM que as mulheres realizem qualquer técnica de reprodução assistida até a idade máxima de 50 anos.
A preservação social da fertilidade se dá por meio da criopreservação, um procedimento que consiste no congelamento de células ou tecidos biológicos. No caso da reprodução assistida, é possível congelar óvulos, espermatozoides e embriões.
Eles são mantidos congelados em uma temperatura de 196 graus abaixo de zero (temperatura do nitrogênio líquido) e podem ser mantidos assim por tempo indeterminado. A técnica mais recomendada é a vitrificação, que utiliza soluções crioprotetoras para evitar a formação de cristais de gelo no interior das células, o que pode comprometê-las.
Recomenda-se que, no caso das mulheres, a criopreservação seja feita antes dos 35 anos de idade. Nessa época, os óvulos são encontrados em maior quantidade e possuem maior qualidade, o que faz com que as chances de sucesso também sejam maiores. Porém, a fertilização e transferência embrionária podem ser feitas até os 50 anos de idade.
A principal vantagem da preservação social da fertilidade é que a técnica permite que os casais ou os indivíduos façam seu planejamento familiar e realizem o sonho de ter um filho no momento em que acharem melhor.
A técnica oferece a possibilidade de uma mulher preservar sua fertilidade para engravidar no momento que fizer mais sentido para si, e não precisar mudar seus planos de vida para adaptar a maternidade ao relógio biológico.
Muitas vezes a decisão de esperar um pouco mais para ter um filho não está relacionada apenas às escolhas pessoais. Existem muitos casos em que o casal gostaria de ter um filho, mas ainda não tem uma vida financeira estável, por exemplo, e a preservação social pode ajudá-los a manter-se férteis até o momento em que sentirem maior segurança para engravidar.
Ou seja, não é mais necessário apressar uma gravidez por ser mais difícil engravidar depois dos 35 anos. Graças aos avanços da ciência e da tecnologia, é possível optar pela preservação social da fertilidade e fazer seu planejamento para viver a gestação e a maternidade da melhor forma.
Restou alguma dúvida com relação à preservação social da fertilidade? Então deixe um comentário no post que te auxiliaremos.