Para que a gravidez possa acontecer, os órgãos que compõem o sistema reprodutor devem estar saudáveis. Tanto o sistema reprodutor masculino quanto o feminino são compostos por órgãos com funções específicas e cujo funcionamento é regido pelos hormônios. Um dos fatores mais importantes para a consumação da gestação é a receptividade endometrial.
O sistema reprodutor feminino é formado pelas tubas uterinas, ovários, útero e vagina, sendo todos eles fundamentais para a fertilidade. É no revestimento interno do útero que o futuro embrião se fixa para que a gravidez tenha início.
A receptividade endometrial depende das condições uterinas, imunológicas, infecciosas e do tecido que reveste a parede uterina interna, que recebe o nome de endométrio e tem a função de receber o embrião para iniciar a gravidez.
Leia o texto e saiba mais sobre a receptividade endometrial!
Durante o ciclo menstrual, a espessura do endométrio varia, devido à ação hormonal. Logo depois da menstruação, que é a descamação do endométrio, o tecido está em seu estágio mais fino: no máximo 4 mm. Nesse momento, dificilmente o embrião consegue se fixar na parede uterina.
Ao longo do ciclo menstrual, pela ação dos hormônios (estrogênio antes da ovulação e progesterona depois), o endométrio vai se tornando mais espesso, podendo atingir mais de 10 mm. É nesse momento que o endométrio está mais preparado para receber o embrião, mais receptivo, por isso o nome receptividade endometrial.
A receptividade endometrial é, portanto, uma condição do endométrio quando ele está preparado para receber o embrião, processo chamado implantação embrionária ou nidação.
Tanto em um ciclo normal quanto nas técnicas de reprodução assistida, a preparação do endométrio para a implantação do embrião é determinada pelos hormônios. Quando o óvulo maduro é fecundado pelo espermatozoide, o organismo envia sinais indiretos ao útero para indicar a existência do embrião.
Isso ocorre porque, para que o embrião possa se implantar com sucesso, o tecido endometrial deve aumentar sua espessura, como já dissemos, para facilitar a implantação embrionária. Os hormônios responsáveis por essa preparação são o estrogênio e a progesterona.
Avaliar a receptividade endometrial é importante para verificar a janela de implantação, que é o nome dado ao período considerado ideal para que a implantação embrionária ocorra com sucesso.
As técnicas de reprodução assistida visam superar um problema que cause a infertilidade do homem, da mulher ou de ambos. A depender do diagnóstico das causas da infertilidade, pode-se indicar um método específico para superá-las.
Existem três técnicas de reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV).
Existem diferentes maneiras de avaliar a receptividade endometrial. Afastar doenças como miomas uterinos submucosos, pólipos endometriais, hidrossalpinge, endometrite, adenomiose são a maneira inicial de se avaliar a receptividade endometrial. Apenas na FIV é possível avaliar a receptividade endometrial com um exame específico, denominado ERA (endometrial receptivity array), que analisa o material de biópsia coletado.
Avaliar a receptividade endometrial pode ser importante para o sucesso da FIV. No entanto, nem sempre ele é necessário. Avaliamos cada caso para fazer a indicação.
O teste de receptividade endometrial (ERA) é uma técnica complementar à FIV que tem o intuito de analisar a receptividade endometrial. A partir dessa análise, é possível ajustar – caso a janela de implantação esteja deslocada – as doses hormonais para tornar o endométrio receptivo no momento correto do ciclo.
Dessa forma, ao ajustar a janela de implantação do útero, as chances de uma gravidez bem-sucedida aumentam. Esse teste é feito em material colhido diretamente do endométrio por meio de uma biópsia, realizada no dia em que a implantação deveria ocorrer.
Para essa biópsia, um cateter é introduzido no útero a fim de recolher material suficiente para ser enviado ao laboratório responsável pela análise. O resultado fica disponível alguns dias depois e pode indicar “receptivo” ou “não receptivo”. Caso o endométrio não esteja receptivo, o exame indica se a janela de implantação já ocorreu ou se ainda ocorrerá, o que auxilia no ajuste da medicação para o preparo endometrial.
Caso o resultado seja “receptivo”, o tratamento é mantido e os embriões são transferidos no mesmo momento da biópsia, mas no ciclo seguinte.
A falha na preparação do endométrio para receber o embrião está associada ao aborto espontâneo devido à falha de implantação, que pode se repetir, caracterizando abortamento de repetição.
A personalização do período de implantação por meio da verificação da receptividade endometrial nos procedimentos de FIV é especialmente indicada para casais que já sofreram com sucessivas falhas de implantação.
A receptividade endometrial é fato fundamental para se obter uma gravidez. Sendo o endométrio o tecido responsável pela implantação do embrião no útero, verificar a janela de implantação é essencial para aumentar as chances de que uma gestação ocorra.
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