Como bem sabemos, o sistema reprodutor feminino é formado pelos ovários, tubas uterinas, útero e vagina e vulva, localizados na região pélvica.
Os ovários são as glândulas sexuais femininas. Têm a forma oval, semelhante a uma amêndoa e estão localizados em cada lado do útero. Neles ocorre a produção dos hormônios estrogênio e progesterona e são armazenados os folículos, cavidades em forma de saco que contém os óvulos, as células sexuais femininas.
Durante a fase fértil da mulher, a cada ciclo menstrual eles liberam um óvulo, que é capturado pelas tubas uterinas onde ocorre a fusão com o espermatozoide, processo chamado fecundação.
O embrião formado pela fecundação implanta posteriormente no endométrio, camada que reveste internamente o útero, um órgão muscular e elástico que possui o formato de uma pera, no qual o embrião desenvolve até o nascimento.
Portanto, para que a gravidez ocorra, é fundamental o funcionamento correto desse sistema. Alterações em qualquer órgão podem dificultar a gravidez. As obstruções nas tubas uterinas estão entre elas. Continue a leitura para saber mais.
As tubas uterinas, conhecidas até bem pouco tempo como trompas de falópio, são dois tubos contráteis com aproximadamente 10 cm cada, localizados lateralmente ao útero, unindo os ovários ao órgão. À medida que se afastam, dilatam e abrem-se distalmente formando um funil de borda franjada.
Além de capturar o óvulo liberado para que a fecundação ocorra, por elas passam em direção oposta os espermatozoides. Após a fecundação o embrião também é transportado pelas uterinas para implantar no útero (nidação).
São divididas em quatro partes: parte uterina, istmo, ampola e infundíbulo. A parte uterina fica na parede do útero (intramural). A comunicação com o órgão é estabelecida por um orifício chamado óstio uterino.
O istmo é a porção medial, menos calibrosa e com menor mobilidade, situada junto ao útero, enquanto a ampola é mais dilatada, onde os espermatozoides encontram o óvulo para que fecundação aconteça.
Já o infundíbulo é a extremidade da tuba localizada próxima ao ovário. É a porção mais distal e pode ser comparada a um funil, cuja boca possui um rebordo irregular. Nela estão localizadas as fímbrias, espécies de franjas que se movimentam, conduzindo o óvulo para o interior das tubas.
O movimento do óvulo até o útero é mediado por células ciliadas do epitélio interno e por peristaltismo da túnica muscular. Após ser fecundado o óvulo se transforma em zigoto, estágio anterior ao da divisão celular que vai originar o embrião.
Nos primeiros dias desse processo, o embrião é transportado pelas tubas uterinas até o útero e implanta no endométrio entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, fase conhecida como blastocisto.
Quando bloqueios impedem o encontro do óvulo e espermatozoide a condição é denominada como obstrução das tubas uterinas. E considerada uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, responsável por cerca de 30% de todos os casos.
A obstrução tubária inclui casos em que ambas as tubas ou apenas uma é bloqueada, parcialmente ou totalmente, ou quando há um estreitamento. O bloqueio pode ocorrer em vários locais:
Diferentes condições resultam em bloqueios nas tubas uterinas, veja abaixo as principais:
A DIP é um processo inflamatório que afeta órgãos reprodutores femininos. Ocorre geralmente quando bactérias sexualmente transmissíveis (ISTs), como os agentes de clamídia e gonorreia, se propagam da vagina para o útero, tubas uterinas ou ovários.
Nas tubas uterinas, local mais frequentemente afetado pela inflamação, pode resultar em salpingite ou em hidrossalpinge.
A salpingite é a infecção grave mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Da mesma forma que as tubas uterinas podem ser diretamente afetas pelo processo inflamatório consequente da DIP, ela também pode surgir como resultado de inflamações em outros órgãos, incluindo os ovários (ooforite) e o colo uterino (cervicite).
O processo inflamatório leva à formação de aderências que causam o bloqueio.
Procedimentos ginecológicos como a colocação de um dispositivo intrauterino (DIU), parto ou aborto, por exemplo, também aumentam as chances de a inflamação nas tubas uterinas ocorrer.
Hidrossalpinge é a dilatação das tubas uterinas, causada pelo acúmulo de líquido resultando em bloqueios. Da mesma forma que a salpingite é provocada por um processo inflamatório, decorrente da DIP ou isoladamente, como consequência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
A endometriose é caracterizada pelo crescimento de um tecido semelhante ao endométrio em locais fora do órgão. As tubas uterinas estão entre eles. O tecido ectópico também pode causar a formação de aderências resultando em bloqueios.
Miomas são tumores benignos que se desenvolvem no útero. Quando o crescimento acontece no interior da cavidade uterina são chamados miomas submucosos e, em dimensões maiores, tendem, da mesma forma, a causar obstruções.
Os bloqueios aumentam as chances de gravidez ectópica. Mulheres que tiveram o problema no passado podem ter como consequência a formação de tecido cicatricial, resultado da cirurgia para remoção do embrião. O tecido cicatricial, assim como as aderências, provoca bloqueios.
Se as duas tubas estiverem totalmente bloqueadas, a gravidez é apenas possível após o tratamento. Por outro lado, quando o bloqueio é parcial ou ocorre apenas em uma das tubas a mulher consegue engravidar em boa parte dos casos, embora exista um risco aumentado de ocorrer gravidez ectópica.
As obstruções nas tubas uterinas são inicialmente diagnosticadas pela histerossalpingografia (HSG). Um exame de raio-X com a utilização de contraste, realizado por uma técnica conhecida como fluoroscopia, que permite melhor visualização a partir da visualização dos órgãos em movimento em vez de imagens estáticas.
Quando não é possível obter o diagnóstico definitivo pelo o hCG é indicada, então, a videolaparoscopia ambulatorial, uma técnica minimamente invasiva que proporciona uma avaliação mais detalhada dos órgãos reprodutores.
Os resultados diagnósticos orientam para abordagem terapêutica mais adequada para cada paciente.
Para resolver problemas de obstruções tubárias o tratamento é cirúrgico, realizado geralmente por videolaparoscopia cirúrgica, com ou sem o auxílio de um robô (cirurgia robótica) e prevê a remoção do que causou o bloqueio e o reparo das tubas uterinas.
Em alguns casos, diagnóstico e cirurgia podem ser feitos em um mesmo procedimento, prática conhecida como see and treat, ou ver e tratar.
No entanto, quando os danos causados são maiores, pode ser necessário a retirada de uma ou ambas as tubas. Assim, as chances de gravidez após o tratamento dependem da gravidade dos danos causados pelo bloqueio.
Porém, mesmo em casos mais graves, ainda é possível engravidar com a utilização de técnicas de reprodução assistida. A mais indicada para mulheres com obstruções tubárias é a fertilização in vitro (FIV).
Na FIV a fecundação acontece em laboratório e os embriões formados, após serem cultivados por alguns dias, são posteriormente transferidos para o útero. Ou seja, as tubas uterinas não possuem nenhum tipo de função no procedimento.
As taxas de gravidez proporcionadas por ciclo de realização do tratamento são, em média, 40%. A FIV é considerada a principal técnica de reprodução assistida.
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Comentários:
Oi me chamou Fabricia e fiz a videoparaloscopia . Estava muito inflamada. Tenho chances em engravidar?
Fabricia Barbosa em 21/05/2024 às 21:24Olá, Fabricia. Não posso avaliar suas chances apenas com seu relato. Recomendo que possamos ver isso em consulta, de modo mais aprofundado e individualizado. 😉
Dr. João Dias em 13/06/2024 às 10:27