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Por que a implantação embrionária pode falhar?

A implantação embrionária representa o marco inicial da gravidez, é o momento em que o embrião se fixa na camada interna do útero, chamada de endométrio. No ambiente intrauterino, o futuro bebê começa a se desenvolver ininterruptamente, recebendo toda a proteção e o aporte nutricional do organismo materno.

Antes da nidação — termo que também define o momento da implantação embrionária — existe uma série de etapas que configuram o processo conceptivo, seja na reprodução natural, seja na reprodução assistida.

De forma resumida, tudo começa com a ovulação, estimulada pela ação dos hormônios sexuais femininos. Uma vez em cada ciclo menstrual, os ovários liberam um óvulo que permanece nas tubas uterinas por no máximo um dia. Se não houver nenhuma barreira contraceptiva, os espermatozoides ascendem pelo trato reprodutor feminino e chegam às tubas, onde um deles fecundará o óvulo.

Após a união entre os gametas masculino e feminino, origina-se o zigoto, que passa por sucessivas clivagens (divisões celulares) até evoluir para o estágio de blastocisto. Esse processo leva cerca de 5 dias e ocorre enquanto o embrião se desloca pelas tubas, em direção ao útero. Depois disso, o embrião está pronto para se implantar na parede uterina para continuar seu desenvolvimento.

Entretanto, diversas condições podem tornar o endométrio inadequado para receber o embrião, interrompendo o processo de reprodução — é sobre isso que vamos falar neste post. Continue a leitura e descubra quais são os problemas que reduzem a receptividade endometrial e ocasionam as falhas de nidação!

Quais fatores podem prejudicar a implantação embrionária?

Diversas condições podem deixar o endométrio pouco receptivo. Contudo, antes mesmo da etapa de implantação, o desenvolvimento do embrião pode ser interrompido por falhas no processo de divisão celular. Sendo assim, a nidação pode ser impedida tanto por fatores de qualidade embrionária quanto pela baixa receptividade endometrial. Os principais problemas associados são:

Alterações genéticas

A baixa qualidade dos gametas pode ocasionar defeitos nos embriões. As alterações cromossômicas numéricas (aneuploidias), por exemplo, são apontadas como causa de abortamento precoce e falhas de implantação embrionária. O problema é mais comum em tentativas de gestação tardia e, quando o embrião aneuploide consegue se implantar no útero, existe o risco de síndromes — Down, Turner, Klinefelter, entre outras.

Desequilíbrio hormonal

Os hormônios são fundamentais para todo funcionamento do organismo, no processo reprodutivo isso não é diferente. Para que o endométrio se mantenha receptivo para acolher o embrião, os níveis hormonais devem estar adequados. Então, a baixa quantidade de progesterona, assim como o desequilíbrio de outros hormônios (TSH, prolactina etc.) também são fatores que contribuem para as falhas de nidação.

Doenças uterinas

Inúmeras afecções uterinas interferem na implantação embrionária ou causam abortamento precoce e tardio. Endometrite, micropólipos e pólipos endometriais, miomas submucosos, adenomiose e malformações congênitas estão entre as principais doenças que tornam o útero inadequado para uma gestação.

Trombofilia

A trombofilia é uma condição caracterizada pela propensão aumentada a um estado de hipercoagulabilidade, podendo levar à formação de coágulos sanguíneos, ou trombos. Em relação à gestação, pode ocorrer a oclusão de vasos do endométrio, dificultando sua vascularização e oxigenação, o que torna o ambiente uterino desfavorável para a implantação embrionária.

Como evitar as falhas de implantação?

Em um primeiro momento, não é possível evitar falhas no processo de nidação. Após duas ou mais perdas de embrião, pode-se caracterizar o quadro como abortamento de repetição. A partir disso, o acompanhamento médico especializado em reprodução humana é importante na prevenção de novas tentativas malsucedidas de gravidez.

Na área de reprodução assistida, o casal passa por uma investigação detalhada a fim de identificar seus fatores de infertilidade. Nesse percurso, é possível detectar problemas como falta de receptividade endometrial por alterações hormonais, endometrite, aneuploidias, doenças uterinas estruturais etc.

Cada problema detectado é direcionado ao tratamento correto, antes de uma nova tentativa de implantação. Nesse sentido, uma vantagem em relação à concepção natural é que na reprodução assistida existem técnicas que verificam alterações, uterinas ou embrionárias, antes da transferência dos embriões. Exemplo é o teste genético pré-implantacional (PGT), complementar nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV).

O PGT é um recurso avançado que permite a análise dos genes e cromossomos dos embriões. Assim, ainda durante o cultivo embrionário extrauterino, é possível identificar se há anomalias que possam levar a síndromes genéticas ou prejudicar a implantação embrionária.

Como ocorre a implantação embrionária na FIV?

A implantação embrionária ocorre de maneira semelhante na concepção espontânea e na gestação obtida por técnicas de reprodução assistida. Mesmo na FIV, que é considerada um processo de alta complexidade, a nidação acontece da mesma forma, são as etapas anteriores que passam por controle.

Na FIV, todo o processo reprodutivo é monitorado, desde a estimulação dos ovários, passando pela coleta, análise e preparação dos gametas, até o momento da fertilização dos óvulos. Depois disso, os embriões gerados ainda são acompanhados durante os primeiros dias de divisão celular. Somente no estágio de blastocisto é que os embriões são transferidos para o útero materno — embora, em alguns casos, a transferência possa ser feita com 3 dias de clivagens.

Assim como na gravidez natural, o embrião gerado em um processo de FIV também precisa encontrar um ambiente uterino adequado para que a implantação embrionária aconteça. A boa receptividade endometrial é garantida quando o endométrio apresenta espessura e vascularização adequadas, além de o útero estar livre de doenças e condições inflamatórias.

Saiba mais a respeito da fertilização in vitro no nosso texto completo sobre essa técnica!

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