Qual a relação entre gêmeos e a fertilização in vitro?

É de conhecimento relativamente comum que a fertilização in vitro (FIV) aumenta as chances de uma gestação múltipla, também conhecida como gemelar.

As gestações múltiplas aumentam os riscos de complicações tanto para a gestante quanto para os bebês, portanto, não deve ser o objetivo em um tratamento de Reprodução Assistida, porém algumas vezes é consequência. Com os avanços das técnicas que abrangem a FIV, as taxas desse tipo de gestação têm diminuído.

Para entender por que a FIV aumenta as chances de gestações múltiplas, primeiro é importante compreender o que são gestações múltiplas.

Quer entender melhor qual a relação entre a FIV e as gestações múltiplas? Por que elas acontecem e como evitá-las? Continue lendo e esclareça suas dúvidas.

O que é gestação múltipla?

Gestação múltipla é a gravidez de mais de um bebê, podendo ser de dois ou mais. Em gestações naturais, a chance de gemelaridade é pequena, cerca de 1% a 5%, dependendo de alguns fatores, como genético.

Já nas técnicas de reprodução assistida, embora a cada dia essa taxa diminua devido a pesquisas realizadas, a porcentagem é maior devido à estimulação ovariana, que induz os ovários a produzirem um número maior de óvulos que podem ser fecundados, possibilitando a transferência de mais de um embrião para melhores taxas de gravidez.

No caso da relação sexual programada (RSP) e da inseminação intrauterina (IIU), a estimulação utiliza protocolo de baixa intensidade. O objetivo é produzir entre 1 e 3 óvulos. Já na FIV a produção de óvulos é maior, mas existem parâmetros estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que devem ser respeitados para restringir a possibilidade de gestações múltiplas.

A fertilização in vitro aumenta as chances de gestação múltipla?

Para que as chances de sucesso na FIV sejam maiores, o CFM permite que mais de um embrião seja transferido ao útero. Quanto mais embriões, maior a chance de que um deles se fixe no útero e se desenvolva.

Com um número maior de embriões transferidos ao útero da mulher, a chance de gestação múltipla também aumenta.

Gestações múltiplas aumentam os riscos durante a gravidez?

Uma gestação múltipla aumenta os riscos durante a gravidez porque o corpo da mulher é mais exigido para sustentar mais do que uma criança durante a gestação, embora possa ocorrer sem problemas.

Quando há gestação gemelar, os bebês dividem o útero, assim como a nutrição que recebem por meio da placenta. Os fetos podem compartilhar a mesma placenta ou haver uma para cada um.

Essa divisão pode ocasionar: crescimento intrauterino restrito, baixo peso ao nascimento, nascimento prematuro, aumentando a chance de os bebês precisarem de alguma intervenção médica após o parto.

Essa fragilidade faz com que bebês gemelares tenham uma mortalidade perinatal quatro vezes maior do que uma gravidez de um único bebê. Caso a gestação seja de trigêmeos, o risco de mortalidade pode subir para até seis vezes.

Entretanto, não é incomum a gestação múltipla ocorrer sem nenhum problema, podendo ser tranquila para a mãe e bebês.

Como evitar a gestação múltipla na FIV

Diante da possibilidade de gestação múltipla, o CFM, em 2010, limitou o número de embriões que podem ser transferidos por ciclo de FIV de acordo com a idade da mulher que produziu os óvulos. Caso sejam utilizados óvulos doados, a idade considerada é a da doadora porque a qualidade oocitária está relacionada com os índices de sucesso do tratamento.

A atual resolução assim determina:

• Mulheres de até 35 anos podem receber até dois embriões;
• Mulheres de 36 a 39 anos podem receber até três embriões;
• Mulheres com 40 anos ou mais podem receber até quatro embriões, que é o limite.

Por que a limitação considera a idade das mulheres?

Os problemas relacionados à infertilidade feminina são, em muitos casos, associados à idade da paciente. Exemplo: uma mulher de 30 anos tem uma qualidade oocitária superior à de uma mulher com 39 anos, havendo maior chance de gestação gemelar com óvulos de mulheres mais jovens.

Limitar o número de embriões diminui o sucesso da FIV?

Não. O sucesso da FIV depende principalmente de outros fatores, como da qualidade dos gametas (óvulos e espermatozoides) e embriões, receptividade endometrial, equilíbrio hormonal, entre outros.

A expectativa é que, com a evolução das técnicas, seja possível inserir um único embrião com a mesma taxa de sucesso, proporcionando uma gravidez com menores riscos para mãe e o bebê.

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