Você talvez já tenha ouvido que gestantes devem tomar o cuidado com a possibilidade de desenvolver trombose, pois ela pode causar uma série de complicações para mãe e bebê.
Essa doença é mais comum em mulheres que têm uma condição chamada de trombofilia, que é definida como a tendência de desenvolver trombose devido a alterações no sistema de coagulação sanguínea. Alguns tipos de trombofilia pode levar à infertilidade.
A trombose, por sua vez, é caracterizada pela formação dos chamados trombos, coágulos que surgem na corrente sanguínea e podem bloquear o fluxo de sangue, causando inchaço e dor no local. Os trombos podem também se deslocar e se alojar próximos aos pulmões ou ao cérebro, condição chamada de embolia, que é capaz de levar a lesões graves e até mesmo à morte.
A trombofilia pode ser causada por fatores hereditários ou adquirida devido a outras doenças e condições, como tumores, uso de certos medicamentos, além de situações que levem à necessidade de imobilização.
Uma das principais causas de trombofilia adquirida é a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF), doença autoimune caracterizada por alterações na coagulação sanguínea.
Neste texto vamos falar sobre a trombofilia e as medidas que devem ser tomadas para fazer o acompanhamento adequado durante a gestação. Confira.
A gravidez por si só já é uma condição que pode favorecer a formação de trombos, uma vez que há uma redução dos fatores anticoagulantes e aumento dos coagulantes, tornando maior o poder de coagulação do sangue.
Essas mudanças ocorrem com o objetivo de proteger a mulher da hemorragia durante e após o parto. No entanto, a propensão à hipercoagulação pode levar à formação de coágulos e, portanto, exige cuidados.
Quando a mulher tem trombofilia, ou seja, já tem uma propensão ao desenvolvimento da trombose, os cuidados devem ser ainda maiores. Na gravidez, a trombose pode levar a problemas como:
Pré-eclâmpsia, parto prematuro e sofrimento fetal crônico também estão entre os males que podem ser causados pela trombose.
Gestantes com trombofilia podem apresentar sintomas como inchaço e alterações na pele. Na maior parte das vezes, porém, a condição é assintomática. As mulheres com histórico de trombofilia ou trombose na família, bem como as que apresentem abortos recorrentes ou que já tenham tido episódios de descolamento de placenta, pré-eclâmpsia ou tromboembolismo, devem ser investigadas.
O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue, que identificam alterações genéticas, bem como enzimas que atuam na coagulação sanguínea.
Nem todas as mulheres grávidas que têm trombofilia desenvolvem trombose, porém é importante fazer o tratamento e acompanhamento adequado para diminuir ainda mais as chances de complicações. As gestantes com a doença devem ainda ser tratadas como pacientes com gestação de alto risco, fazendo um pré-natal bastante rigoroso.
O tratamento da trombofilia durante a gravidez consiste no uso de anticoagulantes na forma injetável, aplicados diariamente. O objetivo é evitar a formação de coágulos e as possíveis complicações relacionadas a eles, como descolamento de placenta, aborto e baixo crescimento fetal.
A dosagem dos medicamentos depende de cada caso e varia de acordo com o tipo de trombofilia. Além do tratamento medicamentoso, são indicados também cuidados adicionais, como o uso de meias de compressão, a manutenção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas. Aumentar a ingestão de água e controlar o peso também são atitudes altamente recomendadas.
Caso a gestante viaje de avião, além de usar meias de compressão, deve se manter hidratada e buscar se movimentar durante o trajeto. É fundamental consultar o médico antes de qualquer viagem, e é possível que ele só autorize voos mais curtos, de até quatro horas.
As alterações na coagulação sanguínea causadas pela trombofilia podem também levar à infertilidade, devido à dificuldade de implantação do embrião no útero. As técnicas de reprodução assistida, principalmente a fertilização in vitro (FIV), podem ser uma alternativa de tratamento para mulheres que não conseguem uma gravidez natural e muitas delas podem também ter trombofilias.
Nessa técnica, os óvulos e espermatozoides são coletados do casal para realizar a fertilização em laboratório e, após um período de cultivo também in vitro, o embrião é transferido para o útero da mulher. Dessa forma, a implantação do embrião no útero é um fator fundamental para o sucesso da FIV.
Como a trombofilia pode dificultar esse processo, é indicado que, caso haja conhecimento sobre a doença, a paciente comece a administrar anticoagulantes cerca de dois dias antes da transferência embrionária, aumentando as chances de sucesso do tratamento.
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