Útero, ovários, tubas uterinas e vagina são os órgãos que compõem o sistema reprodutor feminino.
As tubas uterinas fazem a comunicação entre os ovários e o interior do útero. São dois tubos musculares de grande mobilidade, que se conectam ao útero por uma extremidade e, ao ovário, por outra.
Mensalmente um óvulo é liberado pelos ovários e capturado pelas tubas uterinas onde ocorre o encontro com o espermatozoide e a fecundação. Após ser fecundado o óvulo se transforma em embrião, ainda nas tubas. Posteriormente migra por elas em direção ao útero, onde implanta iniciando a gestação.
Diferentes condições podem causar obstruções nas tubas uterinas inibindo a fecundação ou o transporte do embrião, entre elas está a hidrossalpinge. As obstruções tubárias são, inclusive, consideradas a segunda causa mais comum de infertilidade feminina.
Para entender como a hidrossalpinge pode resultar em infertilidade é só continuar a leitura.
A hidrossalpinge é o acúmulo de líquido que ocorre em uma das tubas ou em ambas, como consequência de uma obstrução. Esse líquido é seroso, geralmente composto por secreções comuns a processos infecciosos e provoca o refluxo do fluído produzido pelas tubas uterinas, fazendo com que ele fique acumulado nelas, o que pode levar à dilatação ou distensão.
Surge frequentemente como consequência de infecções sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonorreia, que, quando não são adequadamente tratadas, resultam na doença inflamatória pélvica (DIP).
A DIP pode afetar os órgãos sexuais femininos, entre eles as tubas uterinas, provocando inflamações. É uma das principais causas de infertilidade feminina por fator tubário. No entanto, o bloqueio também pode ocorrer se houver presença de tecido endometrial ectópico, tecido cicatricial e outras infecções.
Quais são os sintomas de hidrossalpinge e por que pode resultar em infertilidade?
Algumas mulheres podem ter fortes dores pélvicas e abdominais ou corrimento anormal em decorrência da hidrossalpinge. Essas dores tendem a causar prejuízo à qualidade de vida da paciente. Entretanto, na maioria dos casos a condição é assintomática, afetando apenas a fertilidade.
Como as tubas uterinas têm uma importante função no processo reprodutivo, a hidrossalpinge pode ter efeitos negativos na fertilidade da mulher, seja pelo líquido acumulado ou pelo bloqueio.
O bloqueio, por exemplo, pode inibir o transporte do espermatozoide até o óvulo, ou do óvulo fecundado até a cavidade uterina, impedindo, dessa forma, a concepção e aumentando o risco de gravidez ectópica, quando o embrião implanta em uma das tubas, condição potencialmente perigosa para a mulher.
Mesmo que a fecundação possa ocorrer quando o bloqueio é unilateral, o fluído tende, ainda, a acumular no útero, dificultando a implantação do embrião, da mesma forma que é tóxico para ele. Por outro lado, se for bilateral, o quadro é de infertilidade e a fecundação só será possível se houver reversão do bloqueio ou pelo tratamento por fertilização in vitro (FIV).
A hidrossalpinge é diagnosticada por exames laboratoriais e de imagem. Os laboratoriais incluem exames de sangue e urina para identificar a presença de bactéria, entre elas os agentes sexualmente transmissíveis.
Exames como a histerossalpingografia, ultrassom e ressonância podem ser utilizados para realizarmos o diagnóstico da hidrossalpinge.
Quando a hidrossalpinge é consequência de processos inflamatório são prescritos antibióticos, indicados de acordo com cada tipo de bactéria, assim como as tubas podem ser reparadas por salpingostomia, procedimento também utilizado para remoção do embrião nos casos de gravidez ectópica.
A remoção total da tuba afetada, entretanto, geralmente é a abordagem mais recomendada.
O procedimento, nesse caso, é chamado salpingectomia, realizado por videolaparoscopia cirúrgica, que proporciona a correção permanente do problema, ao mesmo tempo que permite a retirada de tecido endometrial ectópico e de outras aderências que possam provocar a obstrução, aumentando as chances de sucesso na gravidez espontânea e nos tratamentos de reprodução assistida.
Nos casos em que ambas as tubas são afetas e removidas, ou se não houver sucesso na gravidez após abordagens cirúrgicas, ainda é possível engravidar com o auxílio da fertilização in vitro (FIV).
A técnica foi, inclusive, desenvolvida para solucionar problemas de infertilidade por obstrução tubária. Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório, atualmente por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) em que cada espermatozoide é diretamente injetado no citoplasma do óvulo por um aparelho de alta precisão chamado micromanipulador de gametas.
Os embriões são posteriormente cultivados em laboratório por alguns dias e transferidos ao útero materno para que ocorra a implantação e o desenvolvimento da gravidez. Ou seja, as tubas uterinas não possuem nenhuma função nesse processo.
Desde o primeiro nascimento por obstruções tubárias, na década de 1970, até os dias atuais, a FIV já proporcionou a gravidez de milhares de mulheres no mundo todo, que sofrem com o problema.
Os percentuais de sucesso, entretanto, tornaram-se progressivamente mais altos com o avanço tecnológico. As chances de sucesso gestacional hoje são, em média, 40% a cada ciclo de realização do tratamento.
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