Atualmente, a infertilidade é reconhecida pala Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública mundial, pois afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
A infertilidade de um casal pode ser causada por fatores femininos ou masculinos na mesma proporção. No entanto, cada um possui uma característica particular, por isso a investigação deve ser sempre individualizada, considerando critérios como os modos de vida e trajetória de cada parceiro, incluindo histórico clínico e familiar.
A partir da investigação é definido o tratamento mais adequado, ou seja, também individualizado, podendo incluir, nesse caso, as técnicas de reprodução assistida.
Continue a leitura e entenda como é feita a individualização da investigação da infertilidade e indicação do tratamento.
Embora a infertilidade seja geralmente assintomática, quase sempre percebida após tentativas frustradas de engravidar, alguns sintomas podem alertar para o problema. A observação deles é igualmente importante para investigação, da mesma forma que possibilita o diagnóstico precoce, facilitando o tratamento.
Os sintomas mais comuns de infertilidade feminina e masculina são:
Além da tentativa malsucedida em engravidar, portanto, a manifestação de qualquer sintoma, individualmente ou em associação, também alerta para a importância de procurar auxílio médico.
A investigação da infertilidade de um casal é realizada em três etapas: entrevista inicial ou anamnese, exame físico, exames laboratoriais e de imagem.
A entrevista inicial é realizada com o casal. Durante a anamnese, o médico vai pesquisar o histórico clínico de cada parceiro, com informações sobre doenças anteriores, desde a infância até os dias atuais, incluindo, nesse caso, as possíveis doenças hereditárias, autoimunes ou crônicas, além do uso de medicamentos e cirurgias.
O comportamento sexual também é verificado, com informações como a incidência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), um dos fatores de infertilidade quando não são adequadamente tratadas, assim como o histórico atual de infertilidade, com informações sobre o tempo de tentativa para engravidar, frequência das relações sexuais e possíveis sintomas manifestados.
São ainda questionados os hábitos de vida, como o tipo de alimentação, a prática de exercícios físicos ou o uso de substâncias químicas: tabaco, álcool e drogas recreativas.
Essas informações são fundamentais para um diagnóstico mais preciso. A entrevista inicial aumenta expressivamente a possibilidade de um diagnóstico preciso.
Ambos os parceiros também passam pelo exame físico, que permite confirmar as suspeitas que surgiram na entrevista inicial, de acordo com as alterações e a manifestação de sintomas. Durante o exame ginecológico, podem ser detectadas o aumento do volume uterino ou dos ovários, sugestivo de doenças femininas que podem causar infertilidade e irregularidades no ciclo menstrual, secreções vaginais, que sinalizam processos infecciosos, entre eles as ISTs, presença de pelos em locais anormais, alterações na pele ou queda de cabelo, entre outros.
Já no urológico, podem ser identificadas assimetria testicular, nódulos na virilha, nos testículos, secreção peniana e crescimento anormal das mamas.
É a soma das informações do exame físico e entrevista inicial que permite definir os primeiros exames que serão realizados.
O primeiro exame solicitado para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma. Realizado com amostras seminais, aponta a qualidade do sêmen e dos espermatozoides: alterações na forma (morfologia) e motilidade (movimento) dos gametas masculinos são uma das principais causas de infertilidade masculina.
Já a fertilidade feminina é inicialmente avaliada por testes de avaliação da reserva ovariana. O exame estima a quantidade de folículos presente nos ovários no momento, apontando, inclusive, o número de folículos pré-antrais e antrais, que possuem capacidade para posteriormente ovular. A reserva ovariana pode ser afetada por diferentes doenças, como a endometriose, resultando em distúrbios de ovulação, considerados a causa mais comum de infertilidade feminina.
De acordo com as informações obtidas no exame físico e na entrevista inicial, outros exames laboratoriais podem, ainda, ser solicitados. O rastreio para infecções sexualmente transmissíveis, testes hormonais para avaliar os níveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivos estão entre eles.
Também podem ser solicitados exames de imagem de acordo com as informações da anamnese, exame físico e resultados apontados pelos testes laboratoriais. Geralmente são inicialmente solicitados exames ultrassonográficos: ultrassonografia pélvica (abdominal e/ou transvaginal), dos testículos e da próstata. De acordo com os resultados, podem ser indicados exames complementares.
Assim, todo o processo de investigação é individualizado e os resultados obtidos são fundamentais para determinar o tratamento mais adequado para cada paciente: a individualização do tratamento proporciona melhores resultados, aumentando as chances de sucesso gestacional dos casais que estão tentando engravidar.
O tratamento de infertilidade feminina ou masculina pode ser feito pela administração de medicamentos, por cirurgia ou pelas técnicas de reprodução assistida, de acordo com a causa que provocou o problema.
As técnicas de reprodução assistida, entretanto, aumentam as chances de gravidez na maioria dos casos e são indicadas a partir de alguns critérios.
Nas de baixa complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA), como a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, são mais adequadas para mulheres com até 35 anos, que ainda possuem uma boa reserva ovariana e as tubas uterinas saudáveis.
São geralmente indicadas quando há problemas de ovulação, endometriose nos estágios iniciais ou nos casos em que a infertilidade é sem causa aparente (ISCA), o que acontece se os exames falharem em identificar as causas.
Na RSP, os espermatozoides do parceiro também deverão ser saudáveis, enquanto na IA podem ter pequenas alterações na morfologia e motilidade. A IA também pode ser indicada para aqueles casais que por qualquer razão não conseguem manter relações sexuais.
A fertilização in vitro (FIV), por outro lado, de maior complexidade, faz a fecundação em laboratório. Por isso, pode ser indicada para mulheres acima de 35 anos, quando os níveis de reserva ovariana são naturalmente mais baixos, com obstruções nas tubas uterinas (uma das causas mais comuns de infertilidade feminina), endometriose em estágios mais avançados e se houver fatores mais graves de infertilidade masculina.
Em todas elas há chances de gravidez, quando o tratamento é individualizado e, portanto, bem indicado. A RSP e IA acompanham as da gestação espontânea, aproximadamente 25% por ciclo de tratamento. Na FIV são mais expressivas: em média 40% a cada ciclo.
Quer saber mais sobre a fertilização in vitro (FIV)? Leia este texto.