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Preparo seminal na reprodução assistida

Os fatores masculinos são responsáveis por 40% dos problemas de infertilidade do casal. Alterações na fertilidade masculina podem ser provocadas por condições que geralmente afetam a qualidade do sêmen ou dos espermatozoides abrigados nele, a produção dos espermatozoides ou resultam em bloqueios que impedem o transporte.

O sêmen abriga os espermatozoides, células sexuais masculinas, e é formado por fluidos produzidos pelas vesículas seminais e pela próstata. Já os espermatozoides possuem cabeça e cauda com flagelo: na cabeça fica armazenada uma cópia de cada cromossomo, os genes, enquanto o flagelo é responsável pelo movimento (motilidade).

Alterações na forma (morfologia) ou na motilidade podem comprometer a capacidade reprodutiva.

Assim, para que a gravidez seja bem-sucedida em um processo natural, a qualidade seminal e dos espermatozoides é fundamental.

Problemas no sêmen ou na estrutura dos espermatozoides, por outro lado, podem ser solucionados por duas técnicas de reprodução assistida, inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV): o preparo seminal está entre as principais etapas de ambas e possibilita a seleção dos melhores espermatozoides, aumentando, dessa forma, as chances de gravidez.

Leia o texto até o final e entenda como o preparo seminal funciona na reprodução assistida.

Importância do sêmen para que os espermatozoides cheguem às tubas uterinas

A produção de espermatozoides ocorre nos túbulos seminíferos, estruturas localizadas nos testículos. O processo é chamado espermatogênese e acontece durante toda a vida do homem.

Após serem produzidos, são armazenados nos epidídimos, ductos responsáveis pela nutrição dos gametas masculinos até que eles estejam maduros e adquiram a motilidade adequada (movimento). Posteriormente contam com o ducto deferente e o ducto ejaculatório para impulsioná-los, pela uretra, durante a ejaculação.

Nesse percurso recebem líquidos produzidos pelas glândulas seminais, pela próstata e pelas glândulas bulbouretrais, que formam o sêmen: os espermatozoides, portanto, ficam abrigados no sêmen ejaculado, que os protege contra o ambiente ácido da vagina, hostil a eles, assim como garante que eles sejam transportados até as tubas uterinas, para fecundar o óvulo.

Além dos espermatozoides e fluido seminal, o sêmen é constituído por elementos como nutrientes, água, sais, produtos residuais do metabolismo e detritos celulares.

Como o preparo seminal é realizado?

Na gestação natural, entre os parâmetros seminais necessários para a fecundação ocorrer estão o volume ejaculado, viscosidade ou consistência do sêmen, cor, pH e liquefação: rapidez com que se torna mais líquido. Já os espermatozoides precisam apresentar percentuais satisfatórios de morfologia (forma), motilidade (movimento) e concentração no sêmen.

Na reprodução assistida, para garantir que apenas os espermatozoides mais saudáveis sejam usados na fecundação, é realizado o preparo seminal. A técnica utiliza diferentes métodos para separar o plasma seminal e capacitar os espermatozoides, selecionando, dessa forma, os melhores.

Os métodos são definidos considerando os parâmetros do sêmen e dos espermatozoides apontados pela análise seminal realizada nas amostras que serão submetidas ao preparo. No entanto, é possível selecionar um percentual bem significativo de espermatozoides saudáveis em todos eles. Os três mais utilizados atualmente incluem:

  • Lavagem simples: as amostras são centrifugadas em um meio de lavagem, separando o sêmen dos espermatozoides e selecionando os que possuem maior motilidade. Geralmente é a opção quando as amostras são de maior qualidade;
  • Migração ascendente ou swim-up: as amostras são depositadas no fundo do recipiente e, no topo, é posicionado o meio de cultura. Os espermatozoides mais qualificados se desprendem com a força de centrifugação, nadam para a superfície e ficam armazenados no meio de cultura. É usada se os espermatozoides estiverem dentro dos parâmetros de normalidade;
  • Gradiente descontínuo de densidade: a amostra é posicionada no topo da mídia de densidade e os espermatozoides devem vencer gradientes de densidades diferentes a partir da centrifugação. Durante o processo eles estratificam nas diferentes camadas do gradiente de acordo com a sua densidade: no fundo ficam dispostos os mais qualificados e na camada superior, os menos. É usada nos casos em que a amostra tem parâmetros escassos de concentração, motilidade ou morfologia.

Preparo seminal na reprodução assistida

Atualmente três técnicas compõem os tratamentos de reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV).

O preparo seminal, entretanto, é realizado apenas na IA e na FIV. Na RSP, não há nenhum tipo de intervenção na fertilidade masculina. O objetivo é estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos para obter mais óvulos maduros, processo realizado pela estimulação ovariana, e programar o momento mais fértil para intensificar a relação sexual.

A estimulação ovariana é uma etapa comum a todas as técnicas, realizada com a utilização de medicamentos hormonais.

Na inseminação artificial (IA), o preparo seminal é realizado simultaneamente à estimulação ovariana. Após a seleção dos melhores espermatozoides, eles são inseridos em um cateter e depositados no útero durante o período mais fértil da mulher, definido com base em exames de ultrassonografia realizados periodicamente.

Na FIV, óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório. O líquido dos folículos maduros (bolsas que armazenam os óvulos) são aspirados por punção folicular e seguem para o laboratório para a coleta dos óvulos, que são depois utilizados na fecundação.

O preparo seminal é feito pouco antes da fecundação. O homem faz a coleta do sêmen por masturbação e o material coletado é enviado para o laboratório para a seleção dos melhores espermatozoides, que são utilizados na fecundação, seja por FIV clássica, seja por ICSI.

Quais são as taxas de sucesso da FIV e IA?

Na IA, como a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, são pouco mais altas que a gestação natural: aproximadamente 25% por ciclo de tratamento. A FIV, por outro lado, possui percentuais mais expressivos: em média 50% a cada ciclo.

Conheça mais detalhadamente sobre as técnicas de preparo seminal tocando aqui.

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