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Endometrioma causa infertilidade?

Ovários são as glândulas do sistema reprodutor feminino responsáveis pela síntese dos hormônios sexuais e armazenamento dos folículos, bolsas que contêm os óvulos primários. O bom funcionamento é fundamental para a fertilidade feminina, pois é neles que o processo reprodutivo se inicia.

É comum a ocorrência de cistos nos ovários, porém, a maioria é benigna, de tamanhos pequenos e geralmente desaparece espontaneamente.

No entanto, é necessária atenção médica quando surgem sintomas, se forem identificados cistos ovarianos em exames de rotina, ou nos casos em que há a intenção de gravidez, pois alguns tipos específicos podem apresentar riscos à saúde ou à fertilidade da paciente.

Os cistos ovarianos são um tipo de bolsa preenchida por fluído ou por outro tecido. Podem se formar no interior dos ovários ou na superfície deles, na maioria vezes durante a fase fértil da mulher.

Os mais comuns são os funcionais, formados a partir de folículos ovarianos, que dificilmente são associados a complicações como a infertilidade.

Os endometriomas, por outro lado, são um tipo de cisto que geralmente se apresenta em mulheres com endometriose em estágios mais avançados da doença. Eles podem interferir na fertilidade, resultando em dificuldades reprodutivas. Continue a leitura e saiba mais.

O que é um endometrioma?

Endometriomas são cavidades escuras cheias de líquido que podem variar em tamanho, conhecidas como ‘cistos de chocolate’, comuns em mulheres com endometriose nos estágios mais avançados da doença. Os endometriomas são uma forma de manifestação da endometriose.

Endometriose, por sua vez, é definida pela presença de tecido semelhante ao endometrial em local fora da cavidade uterina. Assim, o endometrioma é um cisto no ovário formado por tecido semelhante ao tecido do endométrio e que, tal como o endométrio, responde às alterações dos níveis de estrogênio.

Entre as pacientes com endometriose, estima-se que de 17% a 44% apresentam focos em um ou em ambos os ovários. Eles frequentemente são associados a aderências, isto é, a cicatrizes que unem tecidos adjacentes que normalmente não deveriam ser fundidos.

Quando são detectados endometriomas na paciente, é recomendada análise histológica para a confirmação do diagnóstico e para excluir suspeita de malignidade. No caso de pacientes que possuem intenção de engravidar, é importante avaliar a reserva ovariana, que pode ser afetada pela presença de endometriomas.

O que é reserva ovariana?

Reserva ovariana é a quantidade de folículos presentes nos ovários. Toda mulher nasce com uma reserva ovariana, que diminui bastante na puberdade e, posteriormente, a cada ciclo menstrual.

Para se ter uma ideia, no nascimento são aproximadamente 2 milhões de folículos, quantidade que reduz para cerca de 400 mil na puberdade. A partir da primeira menstruação, a cada ciclo menstrual diversos folículos são recrutados, um deles se torna dominante, se desenvolve e amadurece, rompendo-se para liberar o óvulo na fase conhecida como ovulação.

Os folículos recrutados que não se desenvolveram são absorvidos pelo próprio organismo, e esse processo acontece até não existirem mais folículos, momento que marca a menopausa.

Embora a reserva ovariana naturalmente diminua com o envelhecimento, alguns fatores podem alterar seus níveis precocemente, resultando em problemas de ovulação, entre eles os endometriomas.

Por que os endometriomas podem afetar a reserva ovariana e causar infertilidade?

Os dois ovários podem ter endometriomas de diferentes tamanhos, pequenos milímetros ou vários centímetros, embora geralmente seja mais comum o desenvolvimento no ovário esquerdo. Porém, quando estão presentes nos dois, o impacto na reserva ovariana pode ser maior.

Eles podem, por exemplo, provocar danos ao tecido ovariano, resultando na redução dos folículos ao redor, ou comprimir a camada externa dos ovários (córtex ovariano), afetando a circulação do local, o que causa perda folicular.

Por outro lado, ao mesmo tempo que a presença de endometriomas interfere nos níveis da reserva ovariana, provoca diferentes alterações no processo reprodutivo:

  • Tendem a afetar o desenvolvimento e amadurecimento do folículo (foliculogênese) e a liberação do óvulo, resultando em distúrbios de ovulação;
  • Provocam um quadro inflamatório que compromete a qualidade dos folículos e, consequentemente, dos óvulos abrigados neles – quando os óvulos são de má qualidade, o embrião também é comprometido, o que pode resultar em falhas no processo de implantação e abortamento;
  • O processo inflamatório característico da doença pode afetar a receptividade do endométrio, parâmetro fundamental para a implantação ser bem-sucedida. Assim, pode haver, ainda, falhas na implantação e abortamento.

Além de infertilidade, os endometriomas podem tornar a menstruação mais dolorosa, causar dor pélvica e sangramento fora do período menstrual, corrimento vaginal escurecido, dor durante a relação sexual e desconforto ao urinar e evacuar.

A dor na região pélvica normalmente ocorre quando eles se rompem. Surge repentinamente, é pulsante e aguda, concentrada principalmente no lado em que o endometrioma estava localizado e tende a piorar ao longo do dia.

Se houver a manifestação dessa dor, muitas vezes associada a sangramento, náuseas, vertigem e febre, é importante procurar ajuda médica com urgência.

Os principais exames realizados para confirmar a suspeita de endometriomas são a avaliação da reserva ovariana, que indica os níveis da reserva ovariana a partir da contagem de folículos pré-antrais e antrais (com capacidade para posteriormente ovular) e a ultrassonografia transvaginal, exame de imagem que os detecta com precisão, indicando critérios como quantidade, tamanho e volume ovariano.

A partir dos resultados diagnósticos é possível, então, definir o tratamento mais adequado para cada paciente.

Como os endometriomas são tratados?

O tratamento é indicado apenas quando os endometriomas causam infertilidade ou a manifestação de outros sintomas que representam riscos à saúde e ao bem-estar das mulheres portadoras.

Considera, ainda, a vontade da mulher de engravidar no momento e critérios como a idade e a presença em um ou nos dois ovários. Pode ser medicamentoso, cirúrgico ou por técnicas de reprodução assistida.

Se não houver o desejo de engravidar, medicamentos hormonais aliviam os sintomas pois promovem a redução dos cistos, enquanto a abordagem cirúrgica é indicada para as mulheres que desejam engravidar. Tem como objetivo a remoção do maior número possível de endometriomas e é realizada por videolaparoscopia.

Apesar de a técnica ser minimamente invasiva, em alguns casos pode haver danos ao tecido ovariano, levando a perdas da reserva ovariana e, muitas vezes, à infertilidade permanente. Para garantir a preservação da fertilidade, antes de a cirurgia ser realizada, orientamos a paciente a fazer o congelamento de óvulos para que possa ter filhos depois da cirurgia.

Mulheres que não podem ser submetidas à cirurgia ou quando não há sucesso gestacional após o procedimento têm ainda boas chances de obter a gravidez pelo tratamento por fertilização in vitro (FIV), com a utilização de óvulos frescos ou congelados.

A FIV é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade e oferece as melhores taxas de sucesso, podendo ser indicada para praticamente todos os casos de infertilidade, tanto masculina como feminina.

Siga o link e leia um texto completo sobre a endometriose.

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