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Endometriose e nuliparidade: qual a relação?

Adiar a maternidade tem sido uma decisão cada vez mais comum entre as mulheres contemporâneas, uma tendência social, mas também devido às possibilidades abertas pelo avanço das técnicas de reprodução assistida.

Atualmente, a medicina reprodutiva possibilita tanto a preservação social da fertilidade, pelo congelamento de óvulos e embriões, assim como oferece alternativas bem-sucedidas para o tratamento de diversas doenças que podem afetar o potencial reprodutivo das mulheres, como é o caso da endometriose.

É muito comum, inclusive, que as pessoas associem um maior risco para desenvolver endometriose a um número maior de gestações ao longo da vida reprodutiva, embora essa relação seja inversa, e na maior parte dos casos as mulheres que desenvolvem endometriose são aquelas que nunca engravidaram.

Acompanhe a leitura do texto a seguir e compreenda melhor como a nuliparidade oferece um aumento nos riscos de desenvolvimento da endometriose, ao contrário do que geralmente as mulheres imaginam.

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença crônica e inflamatória, classificada como uma doença estrogênio-dependente, e, por isso, é encontrada principalmente na população de mulheres em idade reprodutiva, ainda que adolescentes e mulheres após a menopausa também possam ser acometidas. Manifesta-se pelo aparecimento de tecido endometrial fora da cavidade uterina (ectópico).

As causas dessa doença ainda não são bem definidas pela medicina, mas as teorias atualmente apontam para uma origem multifatorial, que combina diversos aspectos genéticos, imunológicos e ambientais, sendo mais comum, por exemplo, em mulheres com histórico familiar da doença.

Considerada uma doença de caráter progressivo, os focos da endometriose crescem e se desenvolvem a partir do estímulo dos estrogênios, uma classe de hormônios que atua naturalmente no ciclo reprodutivo feminino provocando a proliferação do tecido endometrial e preparando o útero, com auxílio da progesterona, para implantação embrionária.

A interação entre os estrogênios e o tecido endometrial ectópico dispara um processo inflamatório que afeta as funções dos órgãos em que as lesões estão presentes, podendo também provocar sintomas álgicos e até mesmo a infertilidade.

Fatores de risco

Entre os principais fatores de risco para a endometriose, podemos citar:

  • histórico familiar;
  • alterações que dificultem ou impeçam a eliminação do sangue menstrual;
  • infecções;
  • nuliparidade.

O que é nuliparidade?

É considerada nulípara a mulher que nunca teve filhos, incluindo aquelas que chegaram a engravidar, mas passaram por perdas gestacionais, especialmente durante o primeiro trimestre da gravidez.

Qual a relação entre nuliparidade endometriose?

O endométrio ectópico e o endométrio original localizado no interior da cavidade uterina respondem de forma semelhante ao estímulo de dois tipos de hormônios: os estrogênios e a progesterona.

A ação estrogênica é responsável pela multiplicação das células endometriais, estomáticas e glandulares, aumentando o volume total do tecido e constituindo uma parte importante da preparação endometrial, que acontece para receber um possível embrião.

Os estrogênios são produzidos principalmente na fase proliferativa do ciclo reprodutivo, que antecede a ovulação, enquanto a produção de progesterona é tarefa do corpo-lúteo, formado após a liberação do óvulo para a fecundação (é o próprio folículo já sem o óvulo).

A ação da progesterona no endométrio é antagônica à ação do estrogênio: enquanto ele promove a multiplicação das células endometriais, a progesterona paralisa essa multiplicação e reorganiza as células estomáticas e glandulares desse tecido, além de estabilizar a irrigação do endométrio, concluindo os processos para preparação endometrial.

Quando a fecundação ocorre, o corpo-lúteo produz progesterona para manutenção das primeiras etapas da gestação e após o 3º mês essa função é assumida pela placenta, que mantém os níveis de progesterona altos até o final da gravidez.

Assim, a exposição à ação da progesterona é diferente em mulheres nulíparas e multíparas: aquelas que nunca tiveram filhos ficam expostas à ação da progesterona apenas durante poucos dias em cada um dos ciclos reprodutivos, quando esse hormônio é produzido pelo corpo-lúteo, enquanto as mulheres com filhos passam a gestação inteira expostas a esse hormônio.

Isso faz com que a ação dos estrogênios sobre o endométrio das mulheres nulíparas – e também sobre os focos de endométrio ectópico – seja praticamente contínua, estimulando o crescimento e desenvolvimento da endometriose.

Endometriose, infertilidade e reprodução assistida

Nem todas as mulheres com endometriose desenvolvem infertilidade, embora esse seja um sintoma muito recorrente para os casos em que os focos da doença se desenvolvem nos ovários, no interior das tubas uterinas ou em sua proximidade.

Dependendo do tipo de endometriose, a reprodução assistida pode ser indicada como uma forma mais segura de conseguir a gestação. Ainda assim, é preciso que o diagnóstico seja feito de forma precisa, possibilitando que o médico, em parceria com o casal, indique a técnica de reprodução assistida mais adequada para o caso.

De forma geral, a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro) podem ser indicadas para as mulheres com endometriose que desejam ter filhos, ainda que a IA não seja um procedimento adequado para os casos de infertilidade por endometriose tubária e nenhuma forma de infertilidade feminina obstrutiva, já que a metodologia da técnica prevê a fecundação por vias naturais, nas tubas uterinas. A IA também não é indicada para mulheres com mais de 35 anos.

Nesse sentido, a FIV é considerada mais abrangente, especialmente por realizar a fecundação em laboratório, podendo ser indicada para os casos de infertilidade por endometriose ovariana e também tubária.

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