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SOP e reprodução assistida: como tratar a infertilidade?

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das doenças do sistema endócrino mais recorrentes entre as mulheres em idade reprodutiva e resulta do desequilíbrio de hormônios sexuais.

Estudos mostram que a SOP é multifatorial e estimam que até 16% da população mundial de mulheres será diagnosticada com a doença durante a vida.

Uma das principais manifestações da SOP é o hiperandrogenismo, causado pelo aumento da testosterona, bem característico da doença, que leva ao aparecimento de pelos em locais atípicos, acne, alopecia, alterações na libido e aumento de peso.

A SOP se manifesta em diferentes graus, podendo ser desde uma condição silenciosa até uma condição que provoca o surgimento de muitos sintomas. Nesses casos, a busca por tratamento costuma ser impulsionada pelo desejo de ter filhos, mas sem sucesso, já que a anovulação – e, consequentemente, a infertilidade feminina – é outra condição que resulta da SOP. Em ciclos menstruais anovulatórios não há a liberação do óvulo para ser fecundado.

O primeiro tratamento proposto normalmente quando a mulher não quer engravidar e tem o objetivo de controlar os sintomas é o uso de contraceptivos orais combinados.

Quando a mulher quer engravidar, podemos indicar a RSP (relação sexual programada) ou a FIV (fertilização in vitro), dependendo do caso, por isso a investigação e a indicação são individualizadas.

O texto a seguir aborda a infertilidade na SOP e a possibilidade de recuperação da capacidade de ter filhos pela reprodução assistida. Boa leitura!

O que é SOP?

A síndrome dos ovários policísticos, ou SOP, é um distúrbio metabólico causado por alterações no padrão de secreção das gonadotrofinas LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante), que leva a um aumento anormal da testosterona no corpo da mulher.

Esse desequilíbrio hormonal também interfere nos níveis de estrogênios, que diminuem drasticamente e, associados ao aumento da testosterona, inibem a ovulação.

A anovulação normalmente é acompanhada de amenorreia e o aumento da testosterona produz um quadro de hiperandrogenismo, em que se observa o aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos, alterações na libido e no peso (normalmente aumentado), acne e alopecia.

O diagnóstico da SOP é dado quando pelo menos 2 dos 3 principais sintomas estão presentes:

  • Anovulação (ciclos menstruais sem ovulação) ou atrasos menstruais;
  • Sinais clínicos e/ou laboratoriais do aumento dos níveis de hormônios masculinos, que indicam hiperandrogenismo;
  • Presença de múltiplos cistos nos ovários ou aumento ovariano.

O hiperandrogenismo é constatado por exames de sangue, que incluem dosagem hormonal, e os cistos devem ser observados em exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal.

Esse critério diagnóstico possibilita a compreensão da SOP como uma alteração que pode ter graus variados de severidade, o que direciona tanto o tratamento farmacológico, quanto a escolha das técnicas de reprodução assistida que podem ser utilizadas.

A SOP pode causar infertilidade

A anovulação é uma das maiores preocupações para a mulher com SOP que deseja engravidar: cerca de 75% das portadoras apresentam infertilidade, transitória ou permanente. Os diferentes graus de severidade da doença também refletem em graus diferentes de infertilidade, normalmente relacionados à quantidade de ciclos anovulatórios sequenciais.

A SOP afeta a fertilidade porque a base da sua fisiopatologia está na alteração do padrão pulsátil de secreção de gonadotrofinas.

Em ciclos normais, a produção de GnRH estimula picos de LH e FSH, cuja atuação nos ovários é complementar: enquanto o LH estimula a conversão de androstenediona (um androgênio inativo) em testosterona ativa, o FSH atua transformando essa testosterona em estradiol, hormônio central para a maturação folicular e ovulação.

Na SOP, a secreção de LH é maior que o normal e a de FSH costuma se apresentar reduzida, fazendo com que a produção de testosterona seja maior do que sua taxa de conversão em estradiol, aumentando a concentração sérica do hormônio masculino no corpo da mulher.

Além do metabolismo direto dos hormônios sexuais, o aumento da insulina circulante e o IGF1 têm efeito semelhante à hipersecreção de LH na produção de androgênios ovarianos, reforçando os mecanismos que aumentam a testosterona sérica.

O aumento da testosterona é o principal causador do quadro de hiperandrogenismo, mas também é central na infertilidade. A ovulação depende diretamente do aumento sincrônico de LH, FSH e estrogênios. As alterações previstas pela SOP suspendem a ovulação em virtude desse desequilíbrio.

Porém, graus diferentes de severidade nesse desequilíbrio também produzem graus diferentes de infertilidade, fazendo dessa uma condição variável na sintomatologia da SOP e, por isso, demandando tratamentos diversos em cada caso.

SOP e reprodução assistida

Precisamente em razão da diversidade de manifestações da SOP, também a infertilidade se manifesta em níveis diferentes, dependendo do caso. Nesse sentido, a escolha da técnica de reprodução assistida mais adequada deve seguir o grau de severidade da doença.

A RSP (relação sexual programada) é uma terapêutica de baixa complexidade, em que a ovulação é estimulada pela administração de gonadotrofinas, que aumentam as taxas de maturação folicular, e o acompanhamento desse processo por ultrassonografia transvaginal indica qual o momento de maior fertilidade para manter relações sexuais que resultem em gestação.

Considerando a forma diagnóstica da SOP, em que nem todos os três principais sintomas precisam necessariamente estar presentes, a RSP pode ser indicada em casos em que os ciclos anovulatórios não são tão constantes.

Ainda assim, muitas vezes, mesmo com o recrutamento folicular aumentado pelos medicamentos hormonais, os folículos podem se mostrar subdesenvolvidos e interferir nas taxas de fecundação natural.

Além disso, a estimulação ovariana pode levar ao amadurecimento de mais de um óvulo e, assim, a gestações múltiplas, que também têm mais chance de abortamento ou parto prematuro.

Nesses casos, outras técnicas podem obter maior sucesso na busca pela gestação.
A FIV (fertilização in vitro) é um procedimento mais complexo que a RSP e indicado para infertilidade mais severa ou quando, além da SOP, existe um fator masculino para a infertilidade conjugal.

Na FIV, a mulher também passa pela estimulação ovariana, no entanto os gametas, tanto femininos quanto masculinos, são coletados e a fecundação é feita em laboratório, in vitro.

A maior vantagem da FIV são suas altas taxas de sucesso. A gestação geralmente é obtida em um percentual bem expressivo das mulheres que recorrem a essa técnica.

Acesse nosso link e saiba mais sobre a síndrome dos ovários policísticos.

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