A infertilidade é mais comum do que se imagina e afeta milhões de pessoas no mundo todo. É definida após um período de 12 meses de relações sexuais desprotegidas sem sucesso gestacional. Pelo menos um em cada seis casais que desejam engravidar sofre com o problema.
Embora historicamente fosse atribuída principalmente às mulheres, sabe-se que os fatores masculinos contribuem na mesma proporção e, atualmente, superam os percentuais femininos em alguns países.
A varicocele é uma das causas mais comuns de infertilidade masculina. Continue a leitura e entenda como essa doença pode afetar a fertilidade masculina e qual a sua relação com os tratamentos de reprodução assistida.
Os testículos são as glândulas sexuais masculinas, responsáveis pela produção de espermatozoide, processo conhecido como espermatogênese, que dura durante toda a vida do homem, e de testosterona, o principal hormônio masculino, que determina características como o crescimento de pelos corporais ou faciais e o engrossamento da voz, além de ser fundamental na espermatogênese.
Eles são armazenados na bolsa escrotal, que os mantém a uma temperatura fisiologicamente mais baixa do que a corporal, ideal para a produção dos gametas masculinos.
A varicocele é uma doença masculina, caracterizada pelo surgimento de varizes no cordão espermático, estrutura que sustenta os testículos na bolsa escrotal, ao mesmo tempo que garante o transporte de sangue para eles.
De acordo com diferentes estudos, é causada pelo mal funcionamento das válvulas internas do cordão espermático, responsáveis por regular o fluxo sanguíneo para os testículos, resultando em refluxo, no acúmulo de sangue e no alargamento das veias.
As alterações na fertilidade ocorrem principalmente quando a varicocele está em estágios mais avançados: a doença é classificada em três graus de desenvolvimento. No primeiro, as varizes são pequenas e palpadas apenas com a manobra de Valsalva; no segundo, elas possuem tamanhos moderados e são palpadas sem a utilização da manobra, e no terceiro são palpadas e visualizadas facilmente.
A varicocele pode interferir de duas formas na produção de espermatozoides resultando em infertilidade:
Embora muitas vezes a varicocele se apresente como um quadro assintomático, alguns sintomas podem alertar para o problema.
Os sintomas podem ocorrer já nos estágios iniciais, com o desenvolvimento de dor e assimetria testicular. A dor pode variar de desconforto agudo a incômodo, aumenta em intensidade quando há esforço físico e durante períodos prolongados em pé. Além disso, normalmente piora ao longo do dia e alivia quando o homem se deita de costas.
O diagnóstico inicia no exame físico, momento que também é realizada a manobra de Valsalva para classificação da doença. Posteriormente três exames confirmam a possibilidade de varicocele:
A abordagem terapêutica mais adequada para cada paciente é definida a partir dos resultados diagnósticos.
Quando a varicocele ainda está nos estágios iniciais e não há alterações na fertilidade, deve ser apenas observada periodicamente. Nos estágios mais avançados, por outro lado, o tratamento é realizado com o objetivo de ocluir as veias afetadas, o que é feito por cirurgia.
A técnica utilizada para a correção cirúrgica é a microcirurgia subinguinal. Minimamente invasiva, utiliza um aparelho chamado micro-doppler intraoperatório, que facilita a identificação das veias e o processo de oclusão. A cirurgia possibilita a restauração da fertilidade em muitos casos: a correção demonstra resultado de melhora na qualidade do sêmen, assim como são expressivos os percentuais de concepção.
A cirurgia nem sempre proporcionará melhora da qualidade dos espermatozoides, por isso, em alguns casos, optamos por não realizar a cirurgia e indicar como tratamento da infertilidade as técnicas de reprodução assistida.
Devemos ressaltar ainda que se após o tratamento cirúrgico da varicocele ainda não houver sucesso em engravidar a parceira, as chances de gravidez podem ser aumentadas com a fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica de reprodução assistida indicada quando há fatores de infertilidade masculinos de maior gravidade.
Na FIV com ICSI, os espermatozoides de melhor qualidade são selecionados por técnicas de preparo seminal. Se eles não estiverem presentes no sêmen, podem ainda ser recuperados diretamente dos testículos, onde são produzidos, ou dos epidídimos, ductos que os armazenam após a produção, por diferentes métodos cirúrgicos.
Posteriormente, cada espermatozoide é ainda avaliado individualmente, em movimento, por um microscópio de alta resolução e injetado diretamente no citoplasma do óvulo com o auxílio de um aparelho chamado micromanipulador de gametas. Dessa forma, as chances de a fecundação ser bem-sucedida são maiores.
Os embriões que resultam desse processo são cultivados por alguns dias em laboratório e transferidos para o útero materno. Os percentuais de sucesso de gravidez proporcionados pela FIV com ICSI são em torno de 50%.
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