Varicocele é a doença masculina que mais frequentemente causa infertilidade. Nela ocorre o surgimento de varizes, na região dos testículos, que ficam alojados na região escrotal. Essa bolsa, chamada escroto, garante que os testículos sejam mantidos a uma temperatura fisiologicamente mais baixa do que a corporal p, ideal ara a produção de espermatozoides, processo chamado espermatogênese, que acontece nos túbulos seminíferos.
As varizes características da varicocele causam a elevação da temperatura testicular, afetando, dessa forma, a produção e, como consequência, a fecundação.
A varicocele é classificada de acordo com o grau de desenvolvimento: varia do I, em que as varizes são pequenas, dificilmente visualizadas e palpadas apenas com a manobra de Valsalva, ao III, quando são facilmente visualizadas e palpadas. Nesse último estágio, existe um maior risco de infertilidade.
No entanto, em boa parte dos casos pode ser corrigida por cirurgia, restaurando a fertilidade. Saiba por que isso acontece lendo este texto até o final!
A espermatogênese é um processo complexo realizado pelos testículos, as glândulas sexuais masculinas, para a produção de espermatozoides. No interior deles estão localizados os túbulos seminíferos, milhares de tubos finos e enovelados, nos quais estão as espermatogônias, células germinativas imaturas.
Essas células se multiplicam por meiose, crescem e duplicam seus cromossomos transformando-se em espermatócitos, que por sua vez originam as espermátides na fase de maturação.
É na maturação que as espermátides adquirem componentes necessários para virar espermatozoides, desenvolvendo, então, características de morfologia e de motilidade.
Durante essa produção é normal que haja espécies reativas de oxigênio no sêmen, cuja presença auxilia na ativação motora, reação acrossômica e multiplicação celular. Essa reatividade oxidativa é neutralizada pelo restante dos fluidos com ativos antioxidantes que compõem o sêmen.
A presença da varicocele desequilibra essa neutralização. Dessa forma, os componentes oxidativos prevalecem, desencadeando, então, um estresse oxidativo. Quando isso ocorre, tanto a morfologia, quanto a motilidade espermática se alteram, fazendo com que os espermatozoides percam a capacidade de fusão com o óvulo.
A dilatação das veias, efeito que provoca as varizes, geralmente ocorre quando as válvulas estão com capacidade de fluxo reduzida ou ausente. As causas do impedimento sanguíneo derivam de obstruções ou compressões, que ocasionam, além da dilatação, a diminuição do volume dos testículos e podem comprometer características que determinam a qualidade do espermatozoide produzido.
A varicocele pode ser assintomática ou pode causar dor e desconforto, assim como uma sensação de peso. Ocorre mais comumente no lado esquerdo da região escrotal, mas também pode afetar ambos os lados e, mais dificilmente, apenas o direito.
A densa rede de veias e vênulos do plexo pampiniforme, que forma a massa principal do cordão espermático, tem a importante função de regular a temperatura escrotal e testicular. O sangue venoso que corre por esses dutos está alguns graus celsius abaixo da temperatura do sangue arterial e provê, assim, uma troca de calor que garante a manutenção dos testículos a uma temperatura reduzida.
A incidência de varicocele pode dificultar esse processo, levando à ineficácia da termoregulagem e a temperaturas mais altas do que o ideal para a espermatogênese. Ainda não se sabe exatamente como essa variação afeta a produção, mas há indícios de que ela pode provocar apoptose (morte celular) por lesões térmicas, danos ao DNA e combinação de RNA dentro de túbulos seminíferos.
Os resultados observados provocam diferentes prejuízos à qualidade do sêmen, desde alterações como oligozoospermia (redução de espermatozoides presentes) e azoospermia (ausência de espermatozoides) até alterações nas características dos gametas masculinos, que interferem na capacidade de fertilização.
O diagnóstico de varicocele é feito durante o exame físico, quando é possível detectar alterações como a atrofia do testículo ou aumento no volume. Na ocasião também é realizada a manobra de Valsalva, que classifica a varicocele em graus de desenvolvimento. Posteriormente pode ser confirmada por outros exames:
Nem sempre a varicocele é um risco para a fertilidade, por isso, geralmente a cirurgia para a correção é recomendada apenas quando a doença está em estágios mais avançados e a possibilidade é maior.
A cirurgia para a correção pode reparar a espermatogênese, melhorando os parâmetros seminais e aumentando a chance de a gravidez ocorrer. Porém, diferentes fatores podem interferir, inclusive o tempo que a doença está presente.
Assim, se não houver sucesso, ou mesmo para garantir mais chances, a fertilização in vitro (FIV) é a melhor opção. Na FIV, duas técnicas cirúrgicas, TESE e Micro-TESE, são utilizadas para recuperar os espermatozoides diretamente dos testículos, posteriormente capacitados pelo preparo seminal e utilizados para fecundar os óvulos.
Portanto, em muitos casos, a associação dos dois procedimentos aumenta as chances de gravidez, enquanto em outros optar pela FIV em vez de fazer a correção pode ser a melhor abordagem.
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