Dr João Dias | WhatsApp
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Quando um casal busca engravidar e não consegue, ele começa a sua jornada por descobrir muitos detalhes da reprodução humana. A receptividade endometrial é um desses detalhes importantes.
O sucesso da gravidez depende de aspectos da saúde do homem e da mulher. Doenças como endometrite, adenomiose, miomas uterinos (principalmente submucosos), pólipos endometriais, hidrossalpinge, infecções e varicocele podem prejudicar o processo. A baixa qualidade dos gametas e uma má receptividade endometrial também podem gerar desafios.
Algumas dessas doenças, como a endometrite, podem causar repetidas falhas de implantação, isto é, dificultar a fixação (nidação) do embrião no revestimento interno do útero, o endométrio, o que impossibilita a gestação — mesmo na reprodução assistida.
Este artigo explica o que é o endométrio, suas mudanças durante o ciclo menstrual, a importância de sua receptividade e de averiguá-la. Se você está em processo de fiv (fertilização in vitro) e, infelizmente, sofreu falhas de implantação em ciclos anteriores, acompanhe o texto, entenda melhor a situação e o procedimento que pode aumentar suas chances de sucesso.
O útero, importante órgão do sistema reprodutor feminino, é composto por diferentes camadas, entre elas, o endométrio, que reveste sua parede interna. É esse revestimento que recebe o embrião e desenvolve a placenta ao longo da gestação.
Isso só é possível, no entanto, se o órgão estiver em características ideais para receber o embrião, processo conhecido como nidação. Em outras palavras, o sucesso da implantação depende das condições de receptividade endometrial.
Durante o ciclo menstrual da mulher, o endométrio aumenta a quantidade de glândulas e vasos sanguíneos e, assim, aumenta de espessura para receber o embrião, caso ocorra a fecundação.
Se a implantação embrionária não acontece após a ovulação, o endométrio se descama e dá origem à menstruação. A camada, portanto, é fundamental para a gravidez.
Na gravidez natural, após fertilização do óvulo pelo espermatozoide, o embrião migra da tuba uterina para a cavidade uterina e se aproxima do endométrio, no qual deve se implantar, caso a conexão ocorra na “janela de implantação”, período de cerca de 24 a 48 horas durante o qual a camada está em condições ideais para a nidação.
Mesmo na fiv, que é a técnica de reprodução assistida mais complexa e com maiores taxas de sucesso, a implantação depende muito da receptividade endometrial, por isso podemos fazer um estudo do endométrio e ajustar os níveis hormonais.
Esse fato evidencia que a receptividade endometrial e a janela de implantação são importantes para o início da gravidez, independentemente se natural ou viabilizada por algum método de reprodução assistida.
O endometrial receptivity array (ERA) ou teste de receptividade endometrial é um exame realizado na fiv para identificar a janela de implantação da paciente, portanto indica o melhor momento para a transferência embrionária ou se é necessário aguardar um novo ciclo menstrual e fazer um novo preparo endometrial (ajustar os níveis hormonais).
É geralmente indicado para mulheres com histórico de repetidas falhas de implantação, mesmo após transferência de embriões de boa qualidade para endométrio com espessura adequada.
Em casos como esse, é possível que a mulher esteja sofrendo com uma “janela de implantação deslocada”, isto é, o momento mais propício para a nidação não está acontecendo de forma concomitante com a chegada do embrião ao útero para se fixar no endométrio. Assim, pode-se realizar o teste ERA para a investigação.
O procedimento trata-se de uma biópsia, que não leva mais do que 15 minutos. Na clínica, retiramos um pouco do tecido endometrial e o enviamos a um laboratório específico que tem tecnologia capaz de analisar os genes que influenciam a receptividade endometrial.
Até o resultado do teste ERA estar disponível, o que leva cerca de duas semanas, os embriões são criopreservados para transferência no ciclo menstrual seguinte, após adequações nos níveis hormonais.
O resultado do teste indica se, no momento da biópsia, a mulher estava na janela de implantação ou em um período pré ou pós-receptivo. Baseados nisso, podemos ajustar a dosagem hormonal para que o endométrio esteja preparado no momento da chegada do embrião ao útero. Assim, em teoria, poderíamos aumentar as chances de, no próximo ciclo, realizarmos a transferência no período ideal.
Essa probabilidade foi notada em um estudo segundo o qual o exame possibilitou taxas de gravidez maiores em pacientes com histórico de falhas de implantação por meio do tratamento hormonal personalizado, levando em consideração a qualidade dos embriões.
Uma crítica importante ao teste ERA é o fato de que o estudo que fundamentou seu uso foi realizado em um número reduzido de pacientes e ainda são necessários estudos científicos mais robustos, incluindo um número maior de pacientes para que esse teste possa ser efetivamente indicado aos casais inférteis com falhas de FIV. Sempre procuro discutir esses aspectos positivos e negativos do teste antes de sugerir a realização do exame.
A receptividade endometrial é definida como o momento em que a camada interna da parede uterina está em condições ideais para viabilizar a implantação embrionária, durante um período que costuma durar de 24 a 48 horas.
Em algumas mulheres, a janela de importação não segue o padrão do ciclo menstrual, o que significa um desafio a ciclos de FIV. Por isso, é importante investigar, além de doenças, o melhor dia para a nidação, o que é possível por meio do teste ERA e, assim, aumentar as chances de sucesso da fiv.
De qualquer forma, é sempre importante frisar que cada caso é um caso e o ERA também não é uma indicação de rotina. Avaliamos individualmente os benefícios que ele pode oferecer para cada casal.
Você ficou com alguma dúvida acerca do processo de implantação ou transferência embrionária, da fiv ou da receptividade endometrial? Então deixe a sua pergunta na seção de comentários abaixo que responderemos.
