Embora a laqueadura seja considerada um método contraceptivo permanente, algumas mulheres, motivadas por diferentes fatores, podem desejar uma nova gravidez e arrepender após a cirurgia de esterilização.
Duas alternativas podem aumentar as chances de mulheres submetidas ao procedimento obterem a gravidez: a reversão da laqueadura e a fertilização in vitro (FIV). No primeiro caso, após a reversão a gravidez ocorre de forma espontânea, entretanto, o sucesso depende de diversos fatores.
Já na FIV a fecundação é realizada em laboratório, e os embriões formados nesse processo são transferidos para o útero materno. O desenvolvimento da gravidez, posteriormente, ocorre naturalmente.
Para saber a alternativa mais adequada para cada caso é só continuar a leitura deste texto até o final.
As tubas uterinas possuem um papel fundamental no processo reprodutivo. Nelas ocorre o encontro entre óvulo e espermatozoide (fecundação), originando a célula primordial do futuro ser humano.
São dois tubos de cerca de 10 cm localizados a cada lado do útero e se dividem em quatro partes: a uterina localizada na parede do útero, o istmo, junto ao útero, a ampola, parte mais dilatada logo após o istmo e o infundíbulo, extremidade próxima ao ovário na qual estão localizadas as fímbrias, estruturas semelhantes a franjas que se movimentam conduzindo o óvulo para o interior das tubas.
Assim, quando o óvulo é liberado pelo ovário, ele é captado pelas fímbrias. A fecundação ocorre na ampola, quando os espermatozoides alcançam as tubas e um deles se funde com o óvulo.
A laqueadura é uma cirurgia que consiste na obstrução ou secção das tubas uterinas, impedindo a captura do óvulo ou o encontro dele com o espermatozoide. É um método geralmente escolhido por mulheres que já possuem filhos e optam pela contracepção definitiva.
Pode ser feita a partir da utilização de anéis ou clips para obstruir as tubas uterinas, da cauterização, secção (retirada de um segmento) ou inserção de um dispositivo, um tipo de mola chamado Essure, que causa uma reação do sistema imunológico provocando um processo inflamatório e a formação de aderências, que resultam na obstrução das tubas.
A reversão da laqueadura, como o nome indica, é um procedimento que restaura a função das tubas uterinas em muitos casos, apesar do caráter permanente da cirurgia de esterilização. O sucesso, entretanto, depende de diferentes fatores, entre eles o tipo de procedimento realizado, o tempo decorrido da cirurgia e a idade da mulher.
Para definir as chances de sucesso da cirurgia de reversão da laqueadura, a mulher é submetida a histerossalpingografia (HSG), um exame de raio-X com a utilização de contraste, realizado por uma técnica conhecida como fluoroscopia.
As chances são mais altas quando a laqueadura foi feita com a utilização de clipes e anéis tubários ou apenas uma pequena parte das tubas uterinas tiver sido removida, enquanto são considerados irreversíveis os casos em que foram provocadas cicatrizes para bloquear as tubas uterinas, por cauterização ou utilização do Essure.
A cirurgia para a reversão é realizada por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva, que prevê apenas pequenas incisões de no máximo 0,5 cm e utiliza um aparelho longo e delgado chamado laparoscópio.
Ele possui um compartimento para instrumentos cirúrgicos em miniatura e uma câmera incorporada, que transmite todo o procedimento em tempo real para um monitor, possibilitando, assim, uma visualização detalhada das tubas uterinas.
Além do tipo de procedimento, as chances de sucesso são mais altas se o tempo decorrido entre a esterilização e a reversão for de aproximadamente cinco anos, ou quando as mulheres possuem no máximo 35 anos, pois a partir dessa idade a reserva ovariana naturalmente diminui, da mesma forma que a qualidade dos óvulos é afetada.
Mulheres que atendem a esses critérios, por outro lado, têm ótimas chances de obter a gravidez após a reversão da laqueadura. Já as que estão acima de 35 anos ou que não podem ser submetidas à cirurgia de reversão, podem contar com a fertilização in vitro (FIV) para aumentar as chances de gravidez.
A fertilização in vitro (FIV) é a principal técnica de reprodução assistida e foi desenvolvida para solucionar problemas de obstruções nas tubas uterinas. O tratamento é realizado em cinco diferentes etapas.
A primeira delas é a estimulação ovariana e indução da ovulação, procedimento que estimula o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, obtendo, dessa forma, mais óvulos para a fecundação, importante para mulheres que possuem baixos níveis de reserva ovariana, por exemplo.
Os folículos posteriormente são coletados por aspiração folicular e os óvulos extraídos em laboratório, quando são selecionados os melhores, ou seja, apenas os que possuem boa qualidade para a fecundação.
Os espermatozoides do parceiro também são capacitados por técnicas de preparo seminal, que possibilitam a seleção dos mais saudáveis.
Depois de coletados óvulos e espermatozoides, a fecundação acontece em laboratório. Hoje, o método mais usado é a FIV com ICSI, em que cada espermatozoide é injetado no óvulo. Os embriões formados pela fecundação são cultivados por alguns dias e transferidos para o útero materno. Assim, as tubar uterinas não participam do processo.
Ou seja, independentemente do tipo de cirurgia utilizado para a realização da laqueadura, a mulher pode ter chances bastante expressivas de engravidar pelo tratamento com FIV. Os percentuais de sucesso são, em média, 40% a cada ciclo.
Para conhecer detalhadamente o funcionamento da reversão da laqueadura, toque aqui.