O útero é um dos órgãos do aparelho reprodutor feminino, formado por volta da 12ª semana de gestação. Uma das principais etapas do processo é a fusão dos ductos de Müller, que originam apenas uma cavidade, as trompas de Falópio e o terço superior da vagina.
Quando o órgão é perfeitamente desenvolvido, assemelha-se a um funil com extremidades redondas. No entanto, em alguns casos, ocorrem falhas que ocasionam as malformações uterinas.
Estudos indicam que essas alterações estão presentes em, aproximadamente, 5% da população geral de mulheres, no entanto, nos casos de abortamentos recorrentes, o percentual é maior (10%).
Este artigo aborda as principais malformações uterinas, indica quais exames podem diagnosticar a condição, suas possíveis consequências e opções de tratamento. Se você enfrenta problemas para engravidar ou continuar a gestação, acompanhe o texto e descubra mais sobre o assunto.
As malformações uterinas, ou anomalias müllerianas congênitas, são defeitos de formação da cavidade do órgão reprodutor feminino. As principais anormalidades são resultados de falhas na fusão de dois ductos ou na absorção da estrutura que, previamente, os dividiam. As mais comuns são:
Além dessas malformações uterinas mais comuns, anomalias mais raras podem ser diagnosticadas na paciente, como o útero arqueado (discreta irregularidade na cúpula interna), didelfo (duplicação do útero e colo do útero) e agenesia (ausência do órgão ou formação rudimentar).
As malformações uterinas são diagnosticadas durante uma visita de rotina a um médico ginecologista ou quando a paciente enfrenta dificuldades em ter filhos. As anormalidades, em geral, não apresentam sintomas e, em muitos casos, são detectadas apenas por exames de imagem.
O diagnóstico costuma ser feito por exames de ultrassonografia e pela histerossalpingografia, um raio-X do útero e das tubas uterinas que permite avaliar melhor a estrutura física do órgão. Quando necessário, o ginecologista pode solicitar uma ressonância magnética.
As malformações uterinas são, na maioria dos casos, assintomáticas, portanto a mulher não costuma perceber o problema até que seja diagnosticado. No entanto, algumas anomalias podem causar dores e complicações durante a gravidez.
Nos casos de agenesia do útero associada à síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), conexões entre o órgão e as tubas inexistem. Essa é a síndrome que mais leva a mulher à impossibilidade de engravidar.
Ela tem ovários, tem uma parte da vagina e tem a vulva, mas não tem útero nem as tubas uterinas; nesses casos podemos obter os óvulos da paciente, fertilizar com os espermatozoides do seu marido por meio da FIV e transferir os embriões formados para o interior do útero de uma voluntária familiar da paciente (útero de substituição).
As demais anomalias não impedem a concepção, mas podem dificultar. Podem ocorrer abortos de repetição, partos prematuros e restrição de crescimento fetal, por exemplo, devido à falta de espaço adequado para o desenvolvimento do feto.
Algumas malformações uterinas podem ser tratadas por procedimentos cirúrgicos com o objetivo de restaurar a forma ideal do órgão e preservar a fertilidade da paciente.
As malformações müllerianas de útero septado são relativamente fáceis de corrigir. O cirurgião, com auxílio de um histeroscópio, remove a divisão da cavidade, conferindo-lhe o espaço ideal. Estudos indicam que 39% das mulheres inférteis que se submetem a esse procedimento conseguem engravidar e 60% das pacientes que já sofreram abortos de repetição conseguem ter pelo menos um filho.
A intervenção cirúrgica não é recomendada para as outras malformações uterinas, pois não há benefícios ou resultados gestacionais comprovados. O tratamento, no entanto, não garante a cura de quadros de infertilidade, mesmo para os casos em que é indicado.
As mulheres com algum tipo de malformação uterina que quiserem ter filhos, no entanto, podem optar por procedimentos de reprodução assistida, por meio de um útero de substituição. Em casos específicos, existe ainda a possibilidade de cerclagem, uma intervenção cirúrgica no colo do útero com o objetivo de impedir o parto prematuro.
As malformações uterinas são anormalidades com causas congênitas, na maioria dos casos assintomáticas que podem dificultar a gestação.
O diagnóstico é realizado, geralmente, com auxílio de exames de imagem e, em alguns casos, a intervenção cirúrgica pode ser indicada, especialmente para mulheres com histórico de perdas gestacionais. Se a gravidez for inviável, no entanto, a paciente ainda pode realizar o sonho de ter um filho biológico por meio de um útero de substituição.
Em todos os casos de malformações uterinas, costumo indicar uso de progesterona para diminuir as chances de trabalho de parto prematuro. Em algumas condições, também pode ser necessário realizar a cerclagem do colo do útero.
Você tem malformações uterinas, mas deseja ter um filho biológico? Então confira como são realizados os procedimentos de gestação de substituição.