A infertilidade é um tema amplo, complexo e que gera muitas dúvidas e insegurança em casais que buscam a gravidez.
As pessoas, de modo geral, acreditam que é fácil engravidar. No entanto, casais sem nenhum tipo de distúrbio de fertilidade têm apenas cerca de 20% de chance de conseguir a gravidez por ciclo menstrual e esse percentual vai diminuindo com o avanço da idade.
Do ponto de vista científico, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define infertilidade como uma doença que provoca incapacidade de conseguir a gravidez. Como critério para diagnóstico, o casal precisa manter relações sexuais por 12 meses ou mais sem a utilização de métodos contraceptivos. Se a mulher tiver idade superior a 35 anos, o tempo de tentativas se reduz para 6 meses. O problema pode estar no homem, na mulher ou em ambos.
Por essa razão, hoje, a infertilidade é objeto de muitas pesquisas que mostram que 30% dos casos de infertilidade são provocados por distúrbios na mulher, 30% no homem, 30% em ambos e 10% dos casos não apresentam uma causa definida (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Porcentagem de casos de infertilidade por fatores femininos, masculinos, ambos ou sem causa aparente
Existem algumas condições que podem provocar a infertilidade, portanto o casal precisa pedir auxílio médico tão logo as identifique.
A mulher deve estar especialmente atenta a: irregularidade no ciclo menstrual e certas doenças, como Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), adenomiose, endometriose e mioma. Já o homem deve estar atento a: histórico de criptorquidia (descida incorreta do testículo para a bolsa escrotal) e algumas doenças: varicocele, prostatite, orquite e epididimite. Além disso, existem doenças comuns a mulheres e homens que também podem provocar a infertilidade, como distúrbios hormonais, infecção por clamídia, ureaplasma, micoplasma e neisseria.
Não é incomum um casal ter um filho e depois ter dificuldades para ter o segundo, já que há muitas condições que afetam a capacidade de reprodução do ser humano.
Por essa razão, é importante fazer uma distinção. A infertilidade primária se caracteriza pela dificuldade do casal de ter filhos sem ter tido uma gestação bem-sucedida anteriormente, enquanto a secundária é a dificuldade de ter um filho depois de já ter tido pelo menos uma gestação bem-sucedida.
Os critérios adotados para diagnosticar a infertilidade secundária são os mesmos adotados para diagnosticar a primária, ou seja, são necessários 12 meses de tentativas sem o uso de preservativos ou 6 meses em casais cuja mulher tenha mais de 35 anos.
Em pacientes com ciclo menstrual regular, a ovulação ocorre em torno do 14o dia do ciclo. O casal deverá ter relações sexuais ao menos a cada dois dias, iniciando 4 dias antes da provável ovulação, mantendo até aproximadamente 4 dias depois da provável ovulação. Dessa maneira, se houver alguma variação na data da ovulação daquele mês, ainda assim haverá chances de engravidar naturalmente.
Por outro lado, quando a mulher apresenta ciclo menstrual irregular, saber o dia da ovulação não é tão fácil. A primeira forma é ficar atento aos sinais do corpo. Normalmente, no período fértil, a mulher sente dores leves na região da pelve, há um aumento da secreção vaginal e a libido fica mais intensa. A presença de conteúdo vaginal transparente com aspecto de “clara de ovo” inicia-se alguns dias antes do momento da ovulação.
Outra maneira e mais certeira é o teste urinário de ovulação que pode ser feito em casa. Ele é vendido em farmácias e é simples de ser aplicado. A mulher deve iniciar os testes aproximadamente de 8 a 10 dias depois da menstruação. Quando o teste positivar, o próximo dia é o dia mais provável da ovulação.
Os hábitos de vida também interferem diretamente na fertilidade do casal. Recomendamos a prática regular de exercícios físicos, o controle do peso, redução do estresse e do consumo de bebida alcóolica e, principalmente, a interrupção do tabagismo.
Diversos exames com diferentes graus de complexidade podem detectar os fatores que causam a infertilidade, por exemplo: ultrassonografia pélvica e transvaginal, ressonância magnética, histerossalpingografia, videohisteroscopia, dosagens hormonais, espermograma e cariótipo.
O médico deve avaliar cada caso para fazer a solicitação dos exames pertinentes, de forma individualizada a cada casal.
Após avaliação minuciosa do casal e realização de exames complementares, conseguimos fazer o diagnóstico da infertilidade e propor o melhor tratamento.
Em caso de infertilidade, o casal precisa de orientação a respeito das possibilidades de tratamento, que atualmente são muitas, e como prosseguir. Todos os tratamentos têm aspectos positivos e negativos, portanto é importante que a escolha feita pelo médico seja em conjunto com o casal.